Extra 02

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O começo dos Vmin

Jimin era muito novo quando sua tia veio em uma tarde e o levou de sua mãe. Ele não sabe se suas memórias se corromperam ao longo dos anos, mas a única coisa que ele lembra veemente desse ocorrido seria que sua mãe chorava muito. Depois disso, as memórias que tinha de sua mãe foram desaparecendo com o tempo, e não porque ele não conseguia lembrar, mas porque memórias ruins se tornaram mais presentes em sua mente, ocupando cada parte e infectando tudo. Sua tia o vendeu para uma espécie de bordel depois de uma semana que havia levado Jimin de sua mãe.

Aos quinze anos, ele conheceu Grace, uma mulher espetacular, com um sorriso doce e um olhar amargo. Ela havia tomado conta do bordel, e mesmo que fosse anos mais velha que Jimin, sua aparência era impecável. Mas Jimin ainda a odiou, e odiaria até sua morte. Grace era cruel. Aos quinze anos, Jimin se tornou dançarino no famoso Flowers. E com o passar dos anos, ele se tornou uma flor de aço em um jardim de vidro, lindo e inquebrável. Era o mais desejado, o mais invejado, o mais odiado quase na mesma intensidade que era amado, se aquilo poderia ser definido como amor. Flowers era um lugar cruel e opressivo, não se pode esperar que dele surja um anjo, por mais que Jimin parecesse um; ele se sentia corrompido. No Flowers, as pessoas eram tratadas como propriedade e não tinham controle sobre suas próprias vidas. Jimin não sabia o que era felicidade; ele sabia que, para não sofrer mais, ele precisava ser perfeito, precisava ser o melhor, mesmo que isso fizesse ter nojo de si mesmo.

Foi aos vinte anos de idade que ele tentou fugir pela primeira vez. Resultou em dois meses fora de "campo", se recuperando da punição que Grace lhe deu. Ele nunca mais tentou sair. Park Jimin se tornou silencioso e quase invisível, era o melhor ainda, mas não falava nem sorria. Ele só existia.

Ele era a Sombra, e a escuridão era sua amiga, mas também seu castigo.

Um pouco ao norte, existia um grupo, liderado por um garoto de dezenove anos. Aos olhos alheios, eram apenas adolescentes sem rumo, fazendo algumas brincadeiras de criança. Mas era algo um pouco maior que isso. Por volta de seis anos atrás, um garoto chegou nas ruas da C3, procurando emprego como se realmente fosse possível alguém ter um bom coração e ceder algo a um "moleque". Kim Taehyung surgiu em um dia, e ninguém realmente sabe de onde ele veio. Alguns especulam que foi da C2 que ele fugiu, outros dizem que foi do Vácuo, mas ninguém sabe sua real história.

Taehyung foi aprendiz de seu primo, um homem bem mais velho que cuidou de Taehyung por um tempo, e lhe ensinou a arte de roubar sutilmente. Seu primo era contador na C2, tinha uma casa em um local bom e era divertido. Mas tinha problemas com bebida e um vício em roubar, seja um lápis da mesa de seu colega ou muitos e muitos dinheiros, e bens valiosos de pessoas poderosas. Ele foi morto em uma segunda-feira, Taehyung lembra de dois caras invadirem a casa, e até então não sabiam da existência de Taehyung, eles empurraram o coitado de seu primo até a beirada da janela e o jogaram de lá. Disseram ser suicídio. Taehyung apenas fugiu, segurando uma mochila com bastante comida.

Foi então que ele descobriu que, para sobreviver, ele precisava fazer algo que provavelmente o condenaria, se ele fosse pego. Então ele começou, primeiro furtos pequenos, apenas comida, algumas roupas. E depois passou a roubar coisas valiosas. E então ganhou fama. Por isso começou a usar uma máscara preta de gato, que achou em uma de suas invasões. Ninguém sabia sobre seu rosto, além de pessoas confiáveis. Ele era o rei dos truques sujos e das jogadas astutas, sempre um passo à frente de seus inimigos. Ele era a escuridão personificada, uma sombra que se movia silenciosamente pelos becos da C3. Era gratificante ter tudo o que queria, por mais que fosse de forma errada, e, além disso, ele ainda ensinava outras crianças que não tinham onde morar a fazer o mesmo que ele. Eram seus aprendizes, seus ajudantes, Taehyung era um paradoxo ambulante, uma mistura de sombra e luz, de crueldade e compaixão, e mesmo assim... havia algo que Taehyung sentia falta, do conforto que tinha, não material, mas emocional. Ele não dormia bem, sempre em alerta, sempre esperando dois caras entrarem e o jogarem pela janela.

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