Cap. 27

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Cap. 27 - Uma faca macia atinge melhor o coração.

Uma ideia "absurda" passou por sua mente. Nangong Jingnu a refutou instintivamente, mas esse pensamento voltou a rastejar em seu coração.

As portas do palácio abriram. Nangong Wang entrou no grande salão, trazendo um vento gelado.

Nangong Jingnu se levantou de repente. Ela caminhou em direção à entrada do salão.

"O banquete de boas-vindas está prestes a começar, aonde vai a irmã real?" Nangong Wang perguntou.

"Terceiro irmão real." Nangong Jingnu saiu correndo do grande salão.

Os eunucos na entrada aproximaram-se dela: "Que instruções tem Vossa Alteza?"

"Vocês dois, peguem uma lanterna e venham comigo."

"Entendido."

Nangong Jingnu caminhava em passos largos. A negação a inundou de novo e de novo, mas seu ritmo estava ficando cada vez mais rápido.

Uma memória apareceu: "Esses seus olhos..."

"Este súdito sofreu uma doença desagradável na juventude, mas estes olhos mudaram repentinamente quando este se recuperou. Como resultado, este súdito não pode mais receber luz forte ou ver coisas à noite, e este súdito não deve tocar no álcool pelo resto da vida."

... ...

O vento gelado atingiu seu rosto, arranhando-o como lâminas!

Dois eunucos carregando lanternas do palácio seguiram cada passo de Nangong Jingnu. Uma lua solitária pairava alto no céu. As luzes das velas piscaram; as sombras balançaram.

Nangong Jingnu voltou para o jardim ornamental onde ela havia se escondido durante o dia. Seu coração batia forte no peito.

A noite estava muito densa. Esta parte da estrada do palácio era isolada, por isso também não tinha luzes. Ela não conseguia enxergar tanto quanto durante o dia.

"Dê-me a lanterna."

"Entendido."

Nangong Jingnu recebeu a lanterna do palácio e então respirou fundo: "Vocês dois devem esperar aqui."

"Este servo não ousaria, o que Vossa Alteza deseja encontrar? Deixe que nós, servos, façamos isso. "

"Eu disse, esperem aqui."

"...Entendido."

Contando seus próprios passos, ouvindo seus próprios batimentos cardíacos, Nangong Jingnu se aproximou da escuridão.

A raiva em seu coração veio e se foi em um piscar de olhos. O que inundou de forma irreprimível depois disso foi espanto, perplexidade, dor e remorso. Também havia algo que ela não conseguia definir.

"Por que você ainda está aqui?!"

Qi Yan virou a cabeça. Ela olhou por um bom tempo com os olhos vazios, então ela falou hesitantemente: "Vossa Alteza?"

Nangong Jingnu deu um grande passo à frente enquanto erguia a lanterna do palácio para ver o rosto pálido e os lábios azuis de Qi Yan. Ela se sentiu extremamente complicada: "Estou perguntando a você, por que você ainda está aqui!?"

"Este súdito não tem para onde ir."

"Você-!" Nangong Jingnu ficou furiosa; ela chutou a canela de Qi Yan.

A última grunhiu e então disse com tristeza: "Vossa Alteza me chutou de novo."

Um pequeno evento que há muito foi esquecido inundou sua mente de repente. Nangong Jingnu olhou para Qi Yan sem expressão: era ele!

As portas de sua memória foram abertas, mas havia apenas um vazio sem foco naqueles encantadores olhos cor de âmbar.

Nangong Jingnu mordeu o lábio, depois baixou ligeiramente sua cabeça orgulhosa: "O banquete está prestes a começar, vamos voltar."

"Tudo bem."

"Eu vou liderar você."

"Muito obrigado, Vossa Alteza."

Nangong Jingnu carregava uma lanterna do palácio com uma das mãos enquanto segurava a mão de Qi Yan com a outra, que estava rígida e gelada.

Essa pessoa não tinha medo de morrer de frio?!

"Não saia depois de escurecer de agora em diante."

"Entendido."

"Devagar, aqui tem alguns degraus!"

"Certo."

"Além disso, o que você quer dizer com não ter para onde ir? Você está livre para ir e vir no meu Palácio Weiyang."

"Este súdito não conhece o caminho."

"Basta perguntar se você não sabe, você leu todos aqueles livros em vão?"

"Este súdito estava preocupado que Vossa Alteza não encontrasse ninguém quando estivesse voltando."

... ...

Nangong Jingnu realmente queria perguntar a Qi Yan: o que você faria se eu não voltasse?

Mas essa pergunta já não tinha sentido agora. Ela voltou, não é?

... ...

Nangong Jingnu e Qi Yan entraram no grande salão de mãos dadas. Todos deram a eles uma cortesia com os olhos.

O olhar de Nangong Rang passou por suas mãos juntas: "Depressa para o seu lugar, minha criança. O banquete deve começar."

Acontece que, quando Nangong Rang chegou e descobriu que Nangong Jingnu ainda não havia chegado, ele ordenou que Sijiu a convidasse pessoalmente enquanto ele se sentava para esperar no assento mais alto.

Ela chegou atrasada ao banquete de boas-vindas, mas não recebeu nenhuma reprovação. Nangong Rang até esperou de bom grado por ela.

O nível de favor que Nangong Jingnu recebeu ultrapassou as expectativas de Qi Yan mais uma vez.

Qi Yan e Nangong Jingnu compartilhavam uma mesa de jantar. Mas, como Qi Yan havia ficado no vento frio por metade de um dia, suas pernas começaram a doer no momento em que ela se sentou sobre as panturrilhas, fazendo-a grunhir.

"Qual o problema?" Nangong Jingnu perguntou.

"Não é nada."

Nangong Jingnu virou a cabeça, vendo uma expressão de resistência no rosto assustadoramente pálido de Qi Yan. Seu corpo estava tenso e ela não estava totalmente sentada, como se não ousasse colocar peso nas pernas.

"Suas pernas doem?"

Qi Yan hesitou por um momento. Ela acenou com a cabeça: "Estão um pouco rígidas, mas ficarão bem daqui a pouco. Vossa Alteza não precisa se preocupar."

Nangong Jingnu queria dizer algo, mas se conteve. Ela não disse mais nada.

Qi Yan não podia beber vinho, mas Nangong Jingnu adorava beber.

Nangong Rang entendia a natureza de sua amada filha. Ele ordenou que alguém levasse uma taça de vinho luminosa* que ela costumava usar e concedeu-lhe uma tigela de vinho de uva requintado. [TN: 夜光杯(Ye Yang Bei)- taça de vinho luminosa. Ela é feita de uma jade fluorescente.]

Jing Wei Qing Shang - [Pt-Br]Onde histórias criam vida. Descubra agora