Capítulo VIII

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Harumi abriu a cafeteria algumas horas antes que o normal, mais uma noite de insônia que a fez tomar a decisão que sempre odiava tomar: ir ainda mais cedo para seu trabalho. Não que não gostasse daquele lugar, amava, no entanto, também gostava de sua cama, como a boa preguiçosa que vezes era.

Se lembrava do que Aiko lhe disse naquela noite, sobre até quando ela iria manter aquela mentira. Seu plano era logo despistar o loiro, no entanto, agora observando as roupas lavadas, secas e passadas em suas mãos devidamente dobradas, questionava se era isso mesmo que ela queria.

Ele parecia um amigo muito bom, talvez pudesse guardar o segredo como Aiko e sua família sempre fez, Harumi odiava ser imortal e perder todos ao seu redor, no entanto, ela tentou de tudo para quebrar a maldição. Com uma sombria feição, carregada de dor, encarou o ambiente pouco iluminado enquanto a luz do amanhecer entrava pelas janelas.

Escutou um barulho vindo do lado de fora e virando seu rosto, viu a silhueta que não desejava ver tão cedo. Hawks estava na porta, dando leves batidinhas para chamar a atenção da platinada que suspirava, cansada, enquanto arrastava os pés em direção a porta de vidro a abrindo e dando passagem para o homem de asas carmesim.

— Já vi humor piores ao me ver — Zombou — Aconteceu algo, Harumi?

— Eu não consegui dormir — A platinada falou, dando um bocejo involuntário que contagiou o homem — Dormiu bem? Parece cansado também.

— Isso? Eu fiz uma patrulha essa madrugada, estou sem dormir desde ontem — Disse procurando uma cadeira para se sentar e escolhendo o banco próximo do balcão, se sentou — Onde está a Aiko?

— Ela acorda mais tarde, hoje vai vir dar uma passada na loja pra me ajudar — Comentou indo até o balcão ligando as luzes no interruptor na parede — Precisa falar com ela?

— Sim... Oh! Vou querer esse aqui — Hawks apontou para um desenho na parede de uma bebida gelada com dose extra de café.

— Tem certeza? Hoje não está muito quente.

— Eu vou ficar de boa, fica tranquila Harumi-chan — E sorrindo, debruçou sobre a bancada com um sorriso felino vendo a mulher suspirar — Você fica muito bonita brava assim.

— Gosta disso? — E com as sobrancelhas arqueadas, continuou — Vai me dizer que é do tipo masoquista.

Enquanto preparava o café, se perguntava o motivo do homem ficar a encarando tanto e, pensando que poderia ser tédio, ligou a televisão vendo passar no noticiário sobre o clima e depois alguns casos de roubo que aconteceram durante a madrugada. Mesmo com a televisão ligada e o controle do lado do loiro que sabia ser abusado o suficiente para pegar e mudar de canal quando quisesse, ele não parou de a observar.

— Hawks? — Chamou o vendo emitir um som como resposta — Está tudo bem?

— Por que da pergunta? — Ele arqueou a sobrancelha.

— Você não para de me encarar, desse jeito eu vou secar — Falou brincando.

— Droga, tenho de tomar cuidado com isso — E com um enorme sorriso sacana, continuou — Se você secar, não vou ter mais o que admirar.

Harumi chegou a ficar levemente vermelha, mas logo começou a gargalhar tentando ignorar um pouco o comentário, ou levando na esportiva, como ela imaginava que era o real tom. Foi até a geladeira buscando o pote de sorvete de creme terminando o preparo do café entregando ao homem alado.

— Está maravilhoso, Harumi-chan — Comentou bebericando um pouco do liquido com um sorriso calmo, estava distraído com os pensamentos quando viu um prato ser posto em sua frente — O que seria isso?

Doce como Café { Hawks }Onde histórias criam vida. Descubra agora