Capítulo XX

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A água quente passava pelo coador caindo aos poucos dentro da jarra de vidro, a fumaça quase transparente carregava consigo o aroma de café. Eram cinco da manhã e Harumi já havia aberto a cafeteria, preparando o liquido para seu consumo enquanto arrumava o local para mais um dia de trabalho.

Havia se passado alguns dias que não viu nem Aiko ou Hawks, a mente lhe matava de tamanhas críticas que lhe fazia, mas no fim a única coisa que importava era de seus planos darem certo e que com o tempo todos a esquecessem. O celular vibrou, era a mãe de Aiko que estava responsável por parte do plano de sumir do mapa.

— Alô? —Harumi levou o celular até o ouvido atendendo a ligação — Foi jogada da cama, é?

— A ligação dela você atende! — A voz irritada de Aiko se fez presente do outro lado da ligação.

— Garota, desde quando você foi proibida de vir me ver na cafeteria?

— No momento que você desapareceu! — Aiko gritou ainda mais irritada — Onde estava?

— Ah, sobre isso... Desculpe, eu estava arrumando as coisas para descansar — Harumi foi sincera, suspirando um pouco.

— Precisava desligar seu celular durante todo esse tempo? Você não me respondeu nenhuma mensagem — A ruiva suspirou, tomando o controle das emoções — Eu estava preocupada, mas acima de tudo, precisava te chamar para aquilo.

— Aquilo? Desculpa não atender e nem responder as mensagens, era um lugar que eu precisava manter total sigilo. Mas, o que significaria aquilo?

— Aquele.

— Aquele? Droga Aiko, não é mais fácil apenas me dizer o que é? — Harumi pegou a xícara agora cheia levando aos lábios.

— O Hawks — Quando o nome foi dado, Harumi sentiu o liquido quente escorrer pelos lábios enquanto tossia — Certo... Agora que entendemos sobre o que vamos conversar...

— Certo... Estou escutando — Ela não queria falar sobre aquilo, não queria lembrar dele, não dessa forma.

A última vez vendo o herói foi quando ele entrou no quarto, Aiko havia tido a ideia de jogar sobre o corpo ensanguentado uma coberta. Elas trancaram a respiração quando o loiro entrou com um sorriso fraco se aproximando da platinada que se mantinha deitada na cama para esconder as manchas de tiro.

— Vim apenas conferir se você está bem e... Avisar que vou desistir de tentar te chamar para um encontro, viva sua vida tranquilamente, pequena Harumi-chan — E passando a mão no rosto delicado da garota, afundou os dedos enluvados nos fios platinados enquanto as memórias os consumiam — Você tem o sorriso mais lindo que já vi.

Ela não podia se mexer, não poderia revelar, mas desejava tanto poder o tocar e mesmo aquela sensação em seu peito a machucando, a consumindo e mostrando que ainda existia vida dentro de uma casca vazia, a única coisa que pode foi beijar os dedos da mão do rapaz.

— Me perdoe por ter sido um monstro com você, Hawks — A imortal disse, sentindo as lágrimas escorrerem pelos pequenos olhos — Obrigada por tudo...




Desde então ele sumiu, apenas aparecia em noticiários e Harumi fez o mesmo. Tomou aquela oportunidade para procurar um local onde compraria e enterraria seu corpo para que, quem sabe, pudesse dormir por toda a eternidade. Escutou seu nome vindo do celular focando a atenção para o aparelho.

— Ele me perguntou sobre notícias suas ontem — Aiko revelou — Eu o vi recentemente, estava voando próximo da cafeteria e... Quando conversei com ele... Harumi, acho que eu deveria te contar a verdade, estou indo aí.

Doce como Café { Hawks }Onde histórias criam vida. Descubra agora