Capítulo XLVI

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Era quente, confortável, o cheiro de lavanda delicadamente dosado no ar dando um relaxamento doce no corpo de Harumi. Se mexendo na cama, os tecidos deslizando por seu corpo, se espreguiçou absorvendo o ar mais gelado do quarto antes de abrir os olhos vendo a cama e ambiente diferente de seu apartamento antes de se recordar tudo que havia acontecido.

— Hawks? — A mulher chamou ainda sem entender muito onde estava, até que, vendo uma pequena estátua de gato da sorte, relaxou — YORI!

— Harumi, acordou? — A mulher de cabelos já grisalhos entrou, um sorriso calmo no rosto — Demorou bastante, dormiu quase à tarde toda. Anda, precisa comer.

— Onde está ele?

— O homem bonitão? — Yori sorriu — Ficou algum tempo com você, mas teve uma ligação que foi bem interessante...

— Ligação? Homem bonitão? — A mulher ficava cada vez mais envergonhada, nervosa com a fala da mãe de Aiko.

— Isso mesmo, o celular dele tocou várias vezes e — Ela respirou e forçou uma voz masculina antes de continuar — Estarei chegando em alguns minutos, mas se foi por sua culpa, vai se arrepender por toda vida.

— Você sabe quem ligou? — Questionou, preocupada com tudo que estava acontecendo.

— Não sei, mas ele chamou de Eraser, acho que era esse nome — Suspirou, soltando o ar que prendia em seus pulmões.

— Certo, bem... Quanto tempo estou dormindo mesmo?

— Agora é três horas da tarde — Respondeu antes de sair do quarto — Venha, você precisa comer para recuperar suas energias.







Jogada no sofá, estava pensativa, os fios dourados engrenhados com a falta de cuidado, os olhos vagos enquanto no jornal sua adorável cafeteria virava entretenimento para a população. Teorias feitas pelos jornalistas a deixava furiosa, somente piorando quando disseram que poderia ser alguma ação de um ex raivoso que não aceitou o término.

Harumi suspirou, mudando várias vezes de canal sem conseguir encontrar algum que pudesse ser seu refúgio momentâneo. Frustrada, desligou, fechou os olhos e pensou se conseguiria adormecer mesmo tão ansiosa, as lágrimas de dor e silencio umedecendo sua pele.

— Temos visita — A voz carregada pelos anos falou tentando roubar a atenção de Harumi, mas ela sequer abriu os olhos, exausta e sem vontade de fingir algo nesse momento — Ela está assim desde que acordou.

— Pode me dar um minuto com ela? — A voz masculina era conhecida, mas Harumi pouco se importava. Alguns passos se afastando e depois, sons diferentes chegando perto da mulher — Pequena, algum lugar está doendo? 

Silencio.

— Tem algo que eu posso fazer? — Silencio —Eu não vou te forçar a conversar comigo, gatinha, mas por favor, não me afaste novamente.

Silencio. O herói suspirou, sentou no chão encostando o corpo no sofá, as asas carmesins caídas no chão frio de maneira tristonha, Hawks fechou os olhos cansado, o sol acariciando a pele enquanto ia se pondo no horizonte.

Ainda em silencio, Harumi abriu os olhos, a íris escura se focando na silhueta masculina ao seu lado, os fios loiros próximos de seus dedos cerrados que aos poucos, com a tentação de seu subconsciente, se abria e deslizava em direção aos fios ouro se enrolando neles. Keigo não se moveu, mesmo diante do susto com o toque repentino, não abriu os olhos, não falou, apenas deu tempo a imortal.

Doce como Café { Hawks }Onde histórias criam vida. Descubra agora