Capítulo XVII

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O trio se encontrava no apartamento de Harumi, na televisão um filme de terror com doses extremas de sangue, no sofá estava sentada Aiko com as mãos cobrindo o rosto, Harumi que gargalhava a cada morte brutal e Hawks que não parava de arrumar formas para perturbar a platinada.

—AH! — Quando o assassino deu um pulo na câmera, a ruiva logo se assustou berrando e pulando em seu acento — HARUMI!

— O que é? — A mais velha reclamou enquanto dava risada — Você parece uma criança haha.

— Me lembrem bem o motivo deu ter acertado isso — Hawks zombou jogando a cabeça para trás como quem estava entediado.

— Quer mesmo que eu fale o motivo? — A ruiva provocou recebendo um olhar mortal do loiro. O que Harumi não percebeu era que a conversa ainda continuava, em mímica.

Aiko abriu a mão como se imitasse uma parte de uma asa, balançando os dedos como se elas estivessem planando. O herói a encarava de canto de olho, com uma feição questionadora, mas fez a asa que estava livre se abrir lentamente no sofá, viu quando Aiko fechou levemente a mão e então ele entendeu o que ela estava querendo dizer.

Estendeu ainda mais a asa carmesim, tocando aos poucos no ombro esquerdo da imortal que ficou paralisada, a face fingia encarar o filme como se não tivesse notado, mas o seu coração disparou e ela se xingou mortalmente pela reação. Olhando de canto, sem mexer o rosto, viu que Hawks encarava tranquilamente o filme, nem parecia que ele somente o ignorava e se focava nas sensações que sua plumagem macia lhe transmitia.

— Falta mais quanto? — Aiko reclamou de maneira chorona.

— Essa falta uns vinte minutos, mas na lista tem mais dois — Harumi tentou falar tranquila, evitava olhar para a amiga, afinal, estava traindo sua confiança mesmo que não quisesse, mas resolveria aquilo assim que ficasse a sós com Hawks, colocaria um ponto final em tudo aquilo.

O celular vibrou, era o da imortal, uma mensagem que estava esperando fazia algumas horas. Dobrou seu corpo para pegar o celular sobre a mesinha e se arrumando no sofá, abriu a tela desbloqueando com a senha e sentiu os olhos sobre ela.

— Ele aceitou... Nossa, amanhã?

— Quem, Harumi? — Aiko foi a primeira a perguntar, encostando o corpo perto da platinada para poder ver a tela — Oh... Um encontro, me mostra uma fo...to...

Antes que pudessem falar qualquer coisa, uma imagem chegou e foi logo carregada, Aiko começou a surtar enquanto Harumi ficou estática, estava acostumada, mas seus amigos também viram aquilo e... O loiro ao seu lado parecia estar muito irritado quando pegou o celular da mão da garota.

Hawks analisou aquilo com uma sobrancelha arqueada, o dele era maior, bem maior, mas o que mais o irritava era a ousadia do rapaz. Levou o dedo arrastando para ver a conversa, se tinha dez mensagens era muito e não parecia que ela havia apagado a conversa anterior, apenas não se falaram tanto para que ele tivesse intimidade em mandar a foto do seu pau.

— O meu é maior — Disse simples, com um enorme sorriso zombeteiro entregando o aparelho eletrônico para a dona — E qual vai ser a patada que essa mente brilhante vai dar a ele?

— Patada? — Harumi questionou sem entender.

— É, como você faz toda vez que eu tento algo mais ousado com você — Ele apoiou a cabeça em sua mão observando calmamente a mulher a sua frente, antes de desviar o olhar em poucos instantes para a ruiva atrás dela fazendo óbvios sinais de que sua pergunta era péssima.

— Por que eu deveria fazer isso? Hawks, eu quero tranzar com ele — A fala calma congelou o herói que travou em seu acento — Haha, você é muito engraçado.

A boca de Aiko virou uma linha, Hawks sorriu passando a mão no cabelo tentando esconder o nervosismo.

— Eu faço o meu melhor — Zombou o máximo brincalhão possível.

— Eu vou pegar mais algumas coisas para comer — A ruiva se mandou, desaparecendo enquanto o casal se entreolhava.

— Harumi, você conhece esse cara a quanto tempo?

— Um dia? — Ela ficou pensativa, talvez fosse menos que um dia que o achou em um aplicativo de encontros — É, um dia.

— Um dia? E se ele tentar fazer algo pra você? — O timbre do loiro era de preocupação, sua expressão estava um pouco fechada.

— Eu já estou acostumada com encontros assim, vai ficar tudo bem — Ela riu achando aquilo fofo — Está tudo bem, eu sei me cuidar. Você deve estar preocupado por ser um herói, normal, mas nem todos precisam ser salvos.

— Salvos? Herói? Acha que se resume a isso? — O loiro ficou ainda mais sério, seu tronco aos poucos se aproximando da platinada que recuava de leve.

— Sim? Ah, verdade, também por sermos amigos — Ela deu mais uma leve risada que só aumentou quando acabou caindo no sofá, os fios platinados bagunçados na almofada colorida — Você se aproximou muito.

— Harumi... — Seu nome saiu rouco, o corpo musculoso se aproximou mais se colocando sobre a imortal, os olhos profundos encarando a íris castanha com intensidade. Um dedo foi até os avermelhados lábios, deslizando pelo inferior o fazendo se abrir aos poucos se umedecendo com a saliva — Não vá ver ele.

— HAWKS! — Puxou toda a raiva para poder tomar uma atitude, não queria revelar a si mesma que estava gostando daquilo, jamais iria se permitir aquela sensação. Então, levantou e batendo o pé, começou a se afastar, no entanto, seu pulso foi pego com cuidado, a pele quente em contato com a gélida e pálida feminina — HAWKS! Me solta!

— Harumi! — A gritaria dos dois chamou a atenção da ruiva que estava escondida na cozinha dando um tempo para o casal, mas agora os encarava com muita preocupação e tristeza no olhar.

— Aiko... Me escuta, é um engano — A imortal começou a falar se aproximando da ruiva enquanto temia ser rejeitada pela melhor amiga — Droga, Hawks! Eu não gosto dele e nem tentei nada, eu juro!

— Algo? — Aiko falou se assustando um pouco com a reação da amiga — Tentando algo?

— Eu juro que ele veio pra cima de mim, eu sei que você o ama e... Hawks, saia da minha casa agora!

— Harumi, me escuta — O loiro tentou se explicar — Me deixa explicar.

— Não tem o que escutar! Você é um tarado que deu em cima de duas mulheres ao mesmo tempo! Quantas mais você tenta iludir? — A fúria tomou os olhos da imortal que se aproximou do herói com a mão erguida, pronta para desferir um tapa em seu rosto, mas foi impedida pela ruiva.

— Não faz isso — A voz estava triste, tentava querer transmitir tranquilidade a Harumi, mas somente piorou a situação.

— Nunca mais apareça na minha frente, nunca mais tente entrar em contato com a Aiko e nunca mais faça algo tão cruel para outra mulher! — Exigiu apontando para a janela — Suma da minha frente e da minha vida.

— Harumi... Você está enganada — Aiko segurou cada ombro a balançando, mas a platinada não estava em seu estado normal, então, achando que a amiga somente estava fazendo aquilo por um amor cego ao loiro, teve de tomar a atitude mais radical possível.

— Você vai ver que eu fiz o melhor por você — Abraçou a amiga enquanto pegava seu celular discando o número da emergência e deixou na tela por um toque — Saia ou sua fama vai ser destruída.

— Vá... — Aiko implorou vendo a feição de dor do herói que andou em direção da janela a abrindo antes de observar a amada uma última vez — Eu vou acalmar ela. 

Doce como Café { Hawks }Onde histórias criam vida. Descubra agora