Capítulo XXVII

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— Quer chá? — A platinada questionou após abrir a porta de seu banheiro, fumaça saindo de dentro do pequeno cômodo — Creio que temos muito a conversar...

— Quando planejava me contar sobre sua imortalidade? — Keigo questionou seguindo a mais velha até a cozinha onde ela aos poucos procurou os objetos para preparar o chá.

— Não planejava — Disse sem desviar a atenção do que estava fazendo — Meu plano era te afastar.

— Por isso agia daquela forma comigo?

— Isso mesmo, só não acreditava no quanto alguém podia ser insistente — Suspirou dando um leve sorriso.

— Já escutei muito isso — Hawks sorriu puxando a cadeira e se sentando, sem tirar os olhos da platinada — Quantos anos você tem realmente?

— Eu não sei... Perdi as contas faz muito tempo — Riu fraco enquanto acendia o fogo — Mas isso faz muita questão? Posso pegar a referência histórica mais próxima de meu nascimento.

— Não precisa. O que a fez não me contar?

— Não é para todos que você conta isso, Hawks — O olhando com as sobrancelhas arqueadas, continuou — E eu não confiava tanto assim em você.

— Acha que eu iria te entregar? —Ele riu, mas quando notou a feição séria da mulher, se calou — Droga...

— Não é por mal, mas se coloque em meu lugar e vai entender o que significa ter uma mira em suas costas — Ele sabia muito bem como era a sensação, bem até demais, mesmos que os motivos fossem diferentes — Camomila ou morango?

— Morango. Todas essas fotos são suas? Você mentiu nas histórias.

— Sim, são todas minhas ao longo dos séculos — E cortando os morangos em pequenos pedaços, os mergulhou na água fervente — Eu sempre tive como costume registrar o que vivia, talvez fosse alguma forma de lidar com os séculos.

— Como descobriu que era imortal? — A pergunta a paralisou, não sabia ao certo como responder aquilo.

— Meu marido...

— Já foi casada, Harumi-chan? — O jovem começou a andar em ovos quando a viu se tornar ansiosa — Se quiser, podemos parar com esse interrogatório e falamos melhor quando se sentir...

— Sim, durante alguns anos eu fui casada e... Durante um ataque de saqueadores eu fui morta... Foi assim que descobri ser imortal — Ela arrumou os fios platinados para trás de sua orelha tentando aliviar a ansiedade.

— Seu marido... Ele deve ter ficado aliviado que... Droga — Lágrimas se formaram nos castanhos olhos humedecendo a pele pálida, Keigo se levantou e indo até onde a mulher estava, a abraçou — Perdão. Não devia ter começado com essa conversa. Perdão.

— Keigo — Harumi sussurrou — Você foi o primeiro homem que não me olhou como se eu fosse uma aberração da natureza.

— Merda — As grandes mãos a apertaram um pouco mais para perto de seu tronco, os dedos acariciando sua pele com calma a confortando — Queria não ter sido o primeiro...

— O chá está perfeito — O loiro elogiou colocando a pequena xícara sobre a mesa de centro da sala, o casal assistia um filme para tentar dissipar o clima frio que havia ficado — É bem adocicado, mas o azedo da fruta dá uma quebrada ao mesmo tempo.

— É o meu chá favorito — Harumi sorriu enquanto terminava de beber o rosado líquido — Desculpa.

— Por? — Uma sobrancelha se arqueou em surpresa.

Doce como Café { Hawks }Onde histórias criam vida. Descubra agora