Capítulo XLIX

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Tão rápido quanto ele apareceu, se foi, precisava continuar sua patrulha e havia ido na escola apenas para ter certeza de que a imortal estava bem. Foi solitário o restante do dia, tedioso, mas sempre que lágrimas ameaçavam cair, ela se recordava do herói e que ele viria a acalmar no instante em que sua pena captasse o ruido de sua garganta, então, engolia tudo e respirava fundo para se acalmar.

Keigo era de fato uma luz, radiante, quente e que trazia falta a Harumi. Sem essa presença, sem as obrigações que a cafeteria lhe trazia, sem Aiko para a perturbar, não sobrava nada que não fosse o vazio de seus sentimentos, o passado a devorando e o medo de um futuro muito próximo.

— Senhorita Harumi? — A voz chamou sua atenção, era Midoriya que a encarava de forma um pouco ansiosa — Posso me sentar aqui?

—Claro, aqui! Se senta aí, vamos conversar um pouco — Disse fingindo se animar, um sorriso doce surgindo — Precisa de algo?

— Na verdade, eu fiquei preocupado com você — O mais novo falou, as sardas contrastando com o vermelho de suas bochechas coradas — Você parecia triste.

— Oh... — Harumi ficou surpresa, os olhos desviando um pouco antes de se focar novamente no colegial ao seu lado — Sabe, estou apenas entediada, quando se é imortal, a última coisa que quer é ter tempo para algo.

— Verdade? — Ela fez um sim rápido — O que você faz normalmente?

— Eu atendo meus clientes, cozinho, danço, canto, desenho e... — Sentindo ficar quente, continuou — Converso com um pássaro.

Por que ela estava revelando aquilo? Harumi de alguma forma sentia pura bondade vinda dos olhos masculinos, aquele menino não era quem estava passando informações para a liga, era impossível, não quando parecia que a imortal estava olhando um espelho de tão inocente em seu jeito.

— Pássaro? Você tem um animal de estimação? — Os olhos dele brilhavam de animação fazendo a imortal gargalhar — Eu disse algo errado?

— Não, só acho muito fofo o quanto você é inocente, me lembra uma pequenina que conheci anos atrás —Ela sorriu, o sol quente iluminando seus olhos — Eu espero que você possa continuar assim por mais alguns anos.

— Continuar assim? 

— Enquanto no mundo existir pessoas boas e verdadeiramente inocentes, o mundo ainda tem salvação — Tombando o corpo, rolou no chão de forma despreocupada, sem se importar com o que passava na mente do garoto — Você leu o livro? Achou interessantes os poderes? O mundo sempre foi tão forte.

— Eu vi, achei tão incrível — Midoriya era animado em todas as palavras, os olhos brilhando.

— Sabe, seus poderes me lembram tanto alguns heróis — Harumi disse como se não estivesse fisgando o garoto no pulo, a cara de desespero dele a divertindo — É como se o poder fosse passado de geração em geração. Não acha?

— É! Que-Que estranho, né? 

— Você tem poderes tão semelhantes as do All might — E fingindo estar pensativa, olhou para o garoto em desespero e começou a sorrir diabolicamente — Você herdou esse poder dele, né? Como é passado de geração em geração?

— Eu engoli um fio de cabelo — A voz baixa e envergonhada fez de Harumi levar as mãos aos lábios para conter gargalhadas.

— Desculpa, desculpa — A platinada disse, balançando as mãos em frente ao rosto tentando se refrescar — Que falta de educação a minha, perdão.







— Passou o dia aqui? — A voz masculina atraiu a atenção da platinada que, devorando algum livro aleatório que achou na biblioteca para se distrair. Era noite, algumas lâmpadas ligadas pela presença não apenas da mulher, mas de funcionários era a iluminação perfeita, mesmo estando tão distante da escola — Harumi?

— Eu não entendo muito bem esse livro, é a terceira vez que eu leio e mesmo assim me parece tão confuso — A voz calma e até um pouco distraída falou, a mulher fechou o livro colocando ao seu lado antes de olhar para Hawks — É muito bom te ver.

— Quem não iria amar a presença de alguém tão incrível quanto eu? — Harumi riu, os olhos brilhantes vendo a figura loira com grandes asas carmesins — Você tem algo em mente para fazer?

— Hum... Não, só sei que se eu ficar aqui mais um minuto eu vou surtar — Choramingou vendo um sorriso sapeca nos lábios do amado, ela sabia que algo veio naquela mente, uma ideia — O que foi? O que você pensou? 

— Quer vir para minha casa? — Hawks falou, os olhos brilhando com uma luz azulada da lua, suas asas se moveram involuntariamente — Aceita?

— Só se eu não ter de jantar algum parente distante seu — Harumi brincou se levantando, Keigo estendeu a mão para que ela pudesse segurar e, quando seus dedos roçaram a luva, o homem a puxou para perto de seu corpo, as mãos envolvendo o corpo esguio feminino com ansiedade, algo vinha em sua mente, ele sentia que logo a perderia e tinha medo disso — Keigo? O que foi?

— Harumi, o que você está fazendo? Eu sinto que está atraindo voluntariamente a liga para você — Era dor que inundava sua voz, as mãos tremulas a apertando em seu abraço como se a soltar fosse o seu pior erro — Eu posso te tirar daqui. Me deixe te levar para um lugar seguro, se estiver com medo por Aiko e Yori, eu posso as levar também! 

— Não, Hawks, apenas deixe essa ideia de lado — A mão livre foi até o rosto, roçando na pequena e barba do homem, aos poucos subindo para as bochechas, um rastro frio de seus dedos pálidos — Eu vou ficar bem, não se preocupe com isso... Mas eu aceito ir para sua casa, seria bom passar um tempo com você.

Ele ficou em silencio, não acreditava no quanto aquela mulher conseguia ser cabeça dura, apenas colocando a segurança de outras pessoas em primeiro lugar e a sua, imortal ou não, era jogada de canto e Keigo não permitiria que isso acontecesse. Ele levou sua cabeça até o pescoço feminino, os lábios quentes tocando a pele antes de descansar sobre o ombro, as asas abertas envolvendo aquele pequeno corpo.

— Não seja gananciosa, Harumi — A voz falou, os dedos ainda firmes a mantendo ali — Se não consegue pensar em você como prioridade, eu farei isso.

— Do que está pensando, bobinho? — A platinada disse como se a fala de seu amado fosse alguma brincadeira, soltando até mesmo uma pequena risada, mas se calou quando o rosto de Keigo saiu de seu estado de descanso ficando em frente ao dela, os olhos frios e predatórios a encarando como um exímio caçador — Keigo...

As asas se abriram, batendo em fúria levando o casal para o céu, a fria noite beijando o corpo desprotegido da imortal, um tremor lhe afetando, mesmo que o calor do corpo do herói lhe desse certo conforto. Envolvendo as mãos em volta dos ombros e pernas, sustentou o corpo da platinada.

— Está muito frio? Quer buscar uma blusa antes?

— É culpa de uma pessoa que simplesmente não me avisou! — Ela queria parecer estar brava, mas logo sorriu enquanto o homem em direção do quarto provisório.

— De quem você está falando? — Keigo disse brincalhão vendo a janela aberta enviando uma de suas penas em busca de uma blusa no cômodo o trazendo em poucos segundos — Aqui está sua blusa quentinha.

— Obrigada — Harumi pegou a blusa de frio, levantou os braços a passando com um pouco de dificuldade — Bem, vai ser direto para sua casa?

— Sim, tem algo que quer comer? Posso pedir ou ir buscar depois — Oferece, as asas batendo enquanto aos poucos se afastava da U.A.

Doce como Café { Hawks }Onde histórias criam vida. Descubra agora