Doce como Café { Hawks }

Capítulo XXXIX

Se separando, um fio de saliva ainda os conectava, suspirando, tentou manter seu peito e coração no lugar, Harumi queimava com a reação do loiro, os dedos pressionando a caixinha ainda aberta a observando pelo canto do olhar.


- Hawks... O que você... Achou? - Com timidez, perguntou, os olhos evitando ver sua face com medo.


- Eu amei - Respondeu dando um selinho, a mão acariciando sua pele com carinho - Faz algum tempo que eu não uso brinco... Quer ter a honra?


- Hum?


- De colocar o brinco em mim - Ele riu levando a mão até o presente o retirando da caixinha e deixando a peça de prata sobre os dedos de sua pequena e fria mão - Eu não vou precisar ficar tirando para tomar banho, certo?


- Talvez atrapalhe no seu uniforme de herói... - Lembrou querendo bater em sua testa - Desculpa, deveria ter pensado nisso.


- Bem, talvez com um pouco de cuidado quando for usar os fones de meu uniforme eu consiga usar o brinco - Ele sorriu tentando não rir da preocupação feminina que lhe era tão fofa - Mas se isso não for o suficiente, tenho o bolso interno do meu uniforme onde ele vai ficar muito bem guardado.


- Você é muito bom com as palavras, Hawks - Harumi brincou, fechando a mão para que pudesse se aproximar do homem sem ter de se levantar do sofá - Venha, venha, vou colocar em você!


Hawks sorriu, se curvando para que a platinada pudesse colocar o brinco dado de presente. Ele podia sentir a mão feminina tremendo um pouco, enquanto segurava a orelha para que pudesse passar a peça de prata pelo furo, a respiração calma do homem tocando a pele de seu pescoço a atiçando ainda mais.


- Ficou muito bonito em você, Keigo - A platinada sorriu, suspirando um pouco enquanto via o pingente em forma de pena tocando a clavícula masculina - Ahn, eu fiz alguma coisa de errado?


Os olhos dourados não paravam de a encarar, em silencio, uma sensação fria percorrendo o corpo feminino deixando os pelos de seu corpo se arrepiando enquanto umedecia seus lábios secos entreabertos para que pudesse recuperar o controle diante de sua presença predadora. Keigo ainda em silencio envolveu suas mãos no quadril a erguendo antes de se sentar onde anteriormente a imortal estava a colocando em seu colo.


- KEIGO! - A voz alta pelo susto foi sustentada quando sua coluna arqueou, os dedos dando carícias em círculo - O que... Aconteceu?


- Nada - Abriu um enorme sorriso, os olhos se fechando com a felicidade genuína - Eu só senti vontade. Não podia, Harumi-chan?


- Só me avisasse antes - Ela riu, os lábios se abrindo com um ar que jamais seria de pureza - E o que vai vir depois, Keigo?


Como aquilo o excitou, mas ele teve de se controlar, sabia que a imortal o tirava de qualquer sentido de sanidade, os lábios doces e avermelhados sorrindo com malícia, os olhos brilhantes.


- Não sabe? Ou não consegue dizer? - Ela riu como uma raposa sapeca antes de ser parada com o mover que ele fez com a perna a fazendo quicar - EI!


- O que foi, Harumi-chan? O que dizia mesmo? - Falou fazendo o mesmo movimento a vendo ter de colocar a mão em seu peito para se apoiar. Na face do herói, apenas um sorriso que ele sempre dava, despreocupado e que chegava até a provocar a garota fazendo seu sangue ferver.


- Galinha maldita!

A comida caseira feita por Harumi foi de muito custo já que o herói número dois não queria que a mulher tivesse de cozinhar quando ele havia a convidado para passar algum tempo em sua casa, mas a platinada sequer se importava com aquilo, para a imortal, a face de alguém que se encantava com sua comida era o que a alegrava. A noite estava fria a fazendo tomar a decisão de uma comida mais quente, um caldo que pudesse combinar com o frango frito que o homem havia comprado.


Na mesa o homem comia em silencio, os olhos evitavam desviar da figura imortal só se permitindo a tal quando era realmente necessário encarar seu prato. Harumi estava tranquila, se acostumando com a forma que Hawks a encarava todas as vezes, mas seu coração ainda não parecia agir da mesma forma que a imortal, sempre batendo em resposta às ações de Keigo.


- Certo, que tal acabar com esse silencio irritante? - Tomou a coragem para dizer sem desviar os olhos das íris douradas do rapaz.


- E qual vai ser o assunto, Harumi querida?


- Hum... Que tal me mostrar depois sua casa? - Ela sorriu - Eu ficaria feliz em saber mais sobre o herói número dois.


- Vai ser um prazer te apresentar minha pequena e humilde moradia - Zombou.


- Pequena e humilde não é uma boa definição para esse lugar.


- Não sou eu que tenho um quarto cheio de artefatos históricos - A imortal desviou os olhos os revirando antes de soltar uma risada anasalada - Na próxima eu vou escolher as joias, quero ver as preciosidades que minha doce Harumi esconde do mundo.


- Nada muito incrível, a maioria eu ganhei como presente.


- E o restante?


- Eu roubei - A fala fez o maior gargalhar, os olhos brilhando com a diversão.


- Eu deveria te prender por furto? - Zombou.

- Vai fazer seu trabalho de herói até quando está fora de seu expediente? Que homem dedicado é o número dois do Japão.

Como prometido, Keigo mostrou para Harumi toda sua casa e permitiu que os olhos atentos da platinada vasculhassem os detalhes a procura da personalidade do herói e se frustrava com os cômodos praticamente abandonados ao vazio infinito.


- Esse é meu quarto, não ligue para a bagunça - Nada, quando a porta foi aberta parecia que não existia uma pessoa vivendo ali. A cama arrumada, a porta do guarda-roupas fechado, a cômoda ao lado com apenas uma luminária e somente isso.


A platinada suspirou, levou as mãos até seus longos fios platinados o balançando como se assim diminuísse a frustração que sentia. Como ela iria conseguir descobrir algo do rapaz se ele não deixava nada em seu campo de visão! Nenhum traço do Keigo que ela amava estava naquele lugar, era mais como se o homem pelo qual ela se apaixonou nem vivesse ali.


- Hawks... Keigo Takami, você arrumou sua casa antes que eu viesse? - Ela questionou, decidida a arrancar algo dele.


- Não - Ele riu, tocando o topo da cabeça da mulher fazendo um leve carinho - Deveria ter algo?


- SIM! Olha, eu não consigo ver nesse apartamento nada que me lembre de sua personalidade... É como se o Keigo que eu conheço não existisse e isso é frustrante.


- Bem, minha profissão não me dá tempo para ficar tanto tempo aqui, não tem sentido eu decorar esse lugar, mas se quiser fazer isso por mim - Ele sorriu de forma diabólica quando arrumou um motivo para que a imortal frequentasse sua casa - Eu não me importaria, posso até dar meu cartão para que compre o que achar melhor.


- Haha que engraçadinho - Fez uma falsa feição de irritada - Ao menos existe algo que é importante para você aqui?


Ele ficou pensativo, até colocar as mãos em cada ombro de Harumi a guiando pelo corredor até um canto, as asas levemente abertas a envolvendo delicadamente enquanto seus passos mantinham um ritmo. Ele parou, a virando para que a platinada pudesse ver seu próprio reflexo no espelho antes de encarar o sorriso que o homem tinha em seus belos lábios.


- Aqui está algo importante para mim - Ele disse antes de depositar um beijo no pescoço da garota a fazendo vibrar com o susto.


- Idiota! É sério, tem alguma coisa importante para você? - Quando se acalmou, insistiu o vendo suspirar enquanto controlar uma pena de suas longas asas.


Não demorou para que ela voltasse carregando consigo um colar de ouro em sua ponta carmesim a deixando flutuar até as mãos pálidas. Harumi ficou impressionada, queria entender qual era a história por detrás daquele colar e o motivo dele ser importante para Keigo.


Ela inspecionou, parecia reconhecer o amuleto de coração envolto pelo cordão dourado, girando em sua mão pode ver o fraco, mas ainda existente nome escrito no metal: Riko.


- Que colar lindo, Keigo - Ela sorriu entregando para o homem - De quem é?


- Alguém que eu conheci quando pequeno.