Capítulo XXXIII

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O barulho de vidro se partindo acompanhou o chiado de dor que fugiu dos lábios da imortal, o café fervente melando a pele agora em brasas da platinada que se curvava em resposta a dor que estava lhe atingindo. Com o susto, Hawks gritou, a adrenalina passando por seu corpo de tal maneira que em resposta suas asas se esticaram rasgando o tecido da blusa enquanto o herói pulava o balcão para socorrer a amada.

Harumi se sentou, a mão pressionando a ferida fervente enquanto seus dentes mordiam o lábio inferior, pequenas lágrimas formando e deslizando por seu rosto delicado. Hawks pressionou a mão no corpo, a puxando para seu colo em um estilo noiva antes de mandar que uma de suas pequenas penas abrisse a torneira molhando rapidamente o braço da mulher.

— Dói muito — Harumi choramingou vendo alguns fios de seu sangue deslizarem com a corrente fria de água da torneira, os cacos de vidro ainda querendo se manter grudados a pele da imortal — Aiko...

— É... Hawks, eu vou buscar um kit — Aiko disse, ainda se recuperando do susto.

— Não! —Harumi gritou — Me mata logo, não vai passar essa dor.

— Te matar? — Hawks ficou preocupado vendo a platinada ainda se contorcendo de dor.

— Me mata, usa essas penas para me matar logo — A mulher exigiu, os dedos apertando a blusa rasgada do loiro — Por favor!

— Não, calma, do que você tá falando? Você está doida, Harumi? — Ele deu uma risada nervosa vendo que ela estava séria demais para ser uma brincadeira — Merda, que ideia é essa?

— Vamos logo!

— Harumi, é uma queimadura, droga! — Aiko gritou correndo até a escada — Já volto.

— Se você me matar, meu ferimento vai desaparecer — A platinada tentou explicar, a água gelada ainda escorrendo em seu braço — É só me matar.

— Ela está trazendo o kit de primeiros socorros — Hawks apenas ignorou o pedido, nunca que ele conseguiria matar a mulher que estava em seus braços, isso sequer passava em sua mente — Espere um pouco mais, já vai passar.




Hawks finalmente havia saído de sua casa, agora o apartamento estava tão silencioso que acabava deixando a imortal irritada. Depois da noite na cafeteria, Hawks havia dado uma bronca tamanha por ela ter pedido que fosse morta apenas para que um machucado que poderia ser tratado rapidamente desaparecesse.

A platinada suspirou, a cabeça jogada para fora do sofá encarando o teto de forma entediada, havia se passado dois dias e a bronca sempre passava em sua mente a fazendo ficar constrangida, se envergonhando e as vezes até achando a forma preocupada do herói um tanto fofo.

— Eu... Deveria pedir desculpas?

— Fez algo errado para alguém, Harumi-chan? — A voz masculina chamou a atenção da platinada que, encarando a janela, viu a silhueta masculina, as longas asas carmesins esbanjando sua beleza ao toque da lua — Hum?

— Ahn... Hawks, sobre o...

— Se estiver se referindo a mim esse pedido de desculpas, não precisa se preocupar com isso — Ele desceu da janela, indo até onde a platinada estava jogada — Posso?

A mulher se sentou, dando espaço para que o herói pudesse se sentar ao seu lado, ela o encarou, pelo canto dos olhos, sem saber como continuar a puxar assunto. Talvez por vergonha? Se não era a bronca, o sexo que eles haviam feito passava em sua mente, tortura sem fim, a vermelhidão em sua face denunciando a vergonha.

Doce como Café { Hawks }Onde histórias criam vida. Descubra agora