Capítulo XXXVI

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— Boa tarde, como posso ajudar? — Aquele final de expediente estava sendo tranquilo demais, a clientela pingada aos poucos ia embora e por algum motivo fazia algum tempo que não entravam no comércio fazendo com que, assim que a porta foi aberta, Harumi se animasse — Podem se sentar, estarei anotando seus pedidos.

A dupla masculina se sentou próximo do balcão, Harumi arrumou seu avental com uma passada de mão antes de ir com o pequeno bloco de anotação em suas mãos, a caneta batucando no papel com leveza enquanto ela sorria despreocupadamente.

— Dois expressos — Um deles respondeu sem encarar a imortal, a platinada apenas anotou e sorrindo, se afastou para preparar o pedido.

Enquanto o expresso estava sendo coado, o filho de um casal começou a chorar fazendo a imortal se lembrar de todas as vezes que teve em seus braços um bebê esperneando de dor devido a cólica. Ela encarou a mãe, jovem e inexperiente, balançando a pequena garotinha de um lado para o outro tentando a acalmar.

— Hum, moça, licença — Começou a mulher, ao se levantar e se aproximar de Harumi com o bebê — Onde fica o banheiro? Ela deve estar com fome.

— É cólica — Harumi disse sorrindo — Eu tenho uma irmã alguns anos mais nova.

— Ah, é minha primeira filha e eu não sei mais o que fazer, ela sempre chora tanto e... — Quando notou o desespero da mais nova, a platinada saiu do balcão se aproximando com um sorriso acolhedor.

— Se quiser que eu faça um chá para aliviar a cólica da pequena — Harumi disse aproximando a mão do rosto infantil fazendo uma pequena caricia — É por conta da casa. O andar de cima tem um sofá, pode ficar lá até que as duas se acalmem.

A mãe ficou em silencio, um pouco nervosa, talvez pelo futuro julgamento da platinada, que não viria.

— A mulher não deve fazer tudo sozinha, filhos dão muito trabalho — Ela sorriu calmamente a levando em direção das escadas — Eu já vou estar levando o chá, fique à vontade.

Então, a mais velha se focou em terminar o expresso para levar a dupla e indo ao balcão, começou a aquecer a água para fazer chá de camomila para a dupla feminina no andar superior. Enquanto preparava tudo, deixou o pai ciente do que estava acontecendo e até mesmo ofereceu a ele o caminho para que pudesse ficar com a mãe, mas ele recusou sem dizer mais nada tirando um leve suspiro de Harumi.

A coloração amarelada do chá e a fumaça que aos poucos estava diminuindo indicava que já poderia ser servido em segurança, colocando em duas xícaras, uma delas sendo mais fácil de se manusear por ter um detalhe semelhante a uma ponta, subiu os degraus com rapidez. Deixou as xícaras na mesinha de canto feita de vidro, olhou para a bebê que aos poucos pegava no sono e para a mãe que parecia bem mais calma.

— Me chamem qualquer coisa, vou terminar de atender alguns clientes — Harumi sorriu descendo as escadas vendo que uma mesa já esperava para finalizar a conta — Perdão pela demora, vou fechar a conta de vocês.

Indo até o pequeno computador, digitou todo o pedido realizando o fechamento para que eles pudessem pagar. Após destacar o papel, escutou o sino tocar com eles saindo e o ambiente novamente tomando um som baixo da música de fundo que vinha da televisão. Suspirou, vendo alguns minutos passar antes da porta ser aberta e uma dupla masculina aparecer.

— Boa tarde, sejam bem vind... — A imortal travou ao notar que o último a entrar trancou a porta girando a placa indicando que o estabelecimento estava fechado.

— Não se mecha, é um assalto — A dupla sentada se levantou, tirando do cós as armas e apontando tanto para Harumi quanto para o único cliente presente naquele andar.

Doce como Café { Hawks }Onde histórias criam vida. Descubra agora