Capítulo XLVII

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Olhando para todos aqueles alunos enfileirado, suas mãos suavam em ansiedade, a boca seca enquanto seus dedos passavam vagarosamente por cada aluno presente. Ela sabia o que deveria fazer, no dia em que Harumi encontrou um oficial da organização de heróis entendeu que não tinha mais tempo sobrando.

A conversa tirou seu sono, seu medo agora parecia real, não precisava fechar os olhos para ter pesadelos, eles estavam a obrigando ver ao vivo sua paz ser tirada a força aos poucos, sem qualquer piedade. Hawks estava ao seu lado, por sorte ele não havia escutado a conversa do agente com a imortal, mas no fundo ele sabia que aos poucos a platinada corria mais perigo.

O brinco em sua orelha tilintou com o vento, o toque metálico na pele a beijando, tão frio quanto a dona que aos poucos suspirava precisando de forças para continuar. Com um sorriso esnobe, Harumi deu alguns passos à frente dos alunos.

— Sabe o motivo de vocês não conseguirem proteger a população da liga? —Ela começou, os olhos brilhantes escondidos na luz forte do sol, um sorriso venenoso em seus lábios, cruel — São fracos, inúteis, os piores estudantes de herói que um dia eu vi.

Todos ficaram em silencio, tentando entender o que acabou de acontecer, os alunos a observando com as bocas abertas, olhos arregalados, até mesmo Hawks congelou com a fala, não reconhecendo sua amada ali os encarando com nojo.

— Querem me proteger? Sequer saber controlar seus poderes! Posso acabar com todos vocês em um minuto! Heróis de merda! — Ela gritou antes de um estrondo romper o ar, as labaredas quentes beijando seu rosto e por pouco não a atingindo em cheio — Ah? Desculpe, quem seria o inútil?

— INÚTIL? TÁ DE SACANAGEM! — Os fios loiros espetados e a feição ranzinza atraiu os olhos mortos da platinada. Era Bakugou.

—Vejo que pelo menos um tem culhão para me enfrentar, mais alguém? — Estalando a língua, continuou — Medrosos. Bem, esquentadinho, dê um passo à frente, anda.

Ele assim o fez, os olhos afiados a encarando de forma mortal e sem desviar, Harumi deu alguns passos se aproximado, um sorriso travesso em sua face. Aizawa e o símbolo da paz não muito longe dela, encarando tudo escondendo ao máximo seus olhos impressionados.

— Vá em frente, tente me matar — Ela riu tocando a mão do menor, seus olhos sem vida o observando de perto se irritar ainda mais. Antes de se afastar mais do que dez passos, uma nova explosão aconteceu, direcionada a mulher, sem pensar muito.

As labaredas a atingiram, metade de seu corpo sendo consumido diretamente pelo fogo enquanto o restante era encoberto por cinzas e fumaça. Mais uma explosão se iniciou e todos os alunos entraram em choque quando parecia que a mulher estava caindo no chão.

No entanto, o corpo carbonizado apenas parou sua queda, seus olhos fechados se abriram, as mãos antes completamente destruídas pelo ataque limpando seu rosto pálido tingido por um cinza fuligem. Harumi sentiu quando rapidamente um tecido caiu sobre seus ombros e ao virar o rosto, viu Keigo parado ali, a mente vagando em pensamentos, os olhos dourados distantes.

— Como eu pensei, esse daí é realmente interessante, sequer hesitou —Harumi riu, os dedos tocando a camisa do uniforme do herói número dois que balançava a cabeça — Aizawa, poderia me fazer um favor?

— Seria?

— Use sua peculiaridade em mim — Harumi disse conferindo se suas peças de roupa haviam a deixado nua, não, haviam aguentado a explosão e com isso, tirou a grande e acolhedora camisa de seu amado a entregando para ele antes de se afastar —Ataque novamente se puder.

Ela estava impressionada como o macacão dado pela U.A podia ter aguentado aquele calor, seria esse o mesmo material usado na fantasia daquele garoto? Se sim, ela iria querer saber o nome e ter algumas peças em sua casa!

Hawks pareceu não ter se importado nem um pouco com a ordem de se afastar da mulher, aquilo passou dos limites e ele iria cancelar tudo naquele exato momento. Seria burro de sua parte permitir que Harumi desse um show para algum informante da liga escondido entre os alunos, e pior ainda em permitir que sua amada fosse gravemente ferida naquele experimento idiota.

— Se afaste, você está me atrapalhando — A imortal disse o observando, se recordou de como ela o tratava antigamente, de forma similar, o afastando enquanto secretamente somente queria o proteger e o manter longe de problemas que sua imortalidade atraia como consequência — Anda logo, está me deixando irritada, herói número dois.

Hawks bufou, sabia que ela estava dizendo da boca pra fora, o leve brilho em seus olhos castanhos dizia mais do que sua voz, uma mensagem tímida e nervosa, temendo que ele pudesse ser acertado na explosão ou o que viesse em seguida enquanto perturbava aqueles alunos. Deu alguns passos para trás, relutante, a observando suspirar aliviada.

Aizawa ativou sua peculiaridade a direcionando para Harumi, seu cabelo levitando enquanto os olhos focados não desgrudavam da figura feminina que logo foi explodida sem piedade. Aquele garoto parecia não temer a matar, ou ele havia ligado as pistas como Tokoyami fez alguns dias antes, o Dark Shadow olhando para tudo com seus pequenos olhos chorosos.

— Você é fraco, parece uma brisa quente de verão — Zombou, a pele regenerando mesmo que Aizawa ainda estivesse usando seus poderes nela — Mas foi muito bom para demonstrar a todos vocês! Meu nome verdadeiro é Suyen, sou uma mulher imortal e estou contando com vocês para me proteger!





— Você está me dizendo para virar uma isca por vontade própria? — A mulher questionou a figura masculina trajada de vestes pretas e elegantes, ele não parecia querer uma conversa maior do que o foco principal — O que eu ganho com isso?

— Eu posso responder isso — A voz robótica disse, o aparelho celular nas mãos do homem, era uma voz feminina, já na casa dos quarenta anos, se não mais — Sabemos que você tem conhecimento da missão de Hawks.

— Continue.

— Sou eu quem deu essa missão a ele — Harumi sentiu seu sangue borbulhar, queria xingar, queria poder socar a cara da dona daquela voz, mas se resumiria a apenas apertar suas mãos com força, controlando toda a fúria — Se você nos ajudar, iremos relevar o fato de que Hawks traiu nossa confiança e vai reduzir para menor da metade os problemas que ele vai ter de lidar.

— Resuma, não quero uma conversa tão chata me tirando o tempo — Suspirou se mantendo fria.

— Atraia toda a liga dos vilões e quando for capturada, faça Hawks ganhar a confiança deles — A chamada deu uma chiada, palavras se perdendo no ar antes de novamente se conectar — E iremos garantir sua segurança pelos próximos milênios.

— Não preciso de pessoas como vocês me protegendo, mas quero sim algo em troca, que tal conversar melhor sobre? — Um leve sorriso de canto, as mãos enfiadas em seus bolsos e os olhos que não desviavam dos do homem a sua frente — Sei que nossa conversa vai render frutos ótimos para ambos os lados.

Doce como Café { Hawks }Onde histórias criam vida. Descubra agora