Capítulo XIV

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A próxima semana passou rapidamente, mas sem a presença dos dois em sua cafeteria, mais parecia uma tortura entediante. Aiko poucas vezes aparecia no estabelecimento, devido a semana de provas e apresentações em seu curso, Hawks era pior ainda, mais ouvia sobre seu estado nos jornais do que pessoalmente.

Mas algo naquele dia foi uma notícia maravilhosa, a ligação foi feita por seu mecânico avisando que em torno das duas da tarde já poderia fazer a retirada do veículo com os devidos consertos e alterações como Harumi havia pedido.

— Quem vai ficar contente de ouvir o seu discurso, O Stain pôr acaso? — A voz desviou a atenção da platinada de qualquer coisa que estava fazendo para encarar a televisão de sua cafeteria. Hawks passava no telão durante o encontro dos heróis indo calmamente até a apresentadora para pegar seu microfone, algo tão típico dele — Vejamos... Se a gente for falar da taxa de aprovação...

A mulher encostou seu corpo no balcão para observar toda a falatório do loiro que, para chamar ainda mais atenção do público, começou a bater suas asas tirando seu corpo do chão. Ela suspirou, talvez aliviada de que ele não mudava seu jeitão único e até um pouco irritante mesmo com tantas pessoas o assistindo, Hawks era ele mesmo, sem acrescentar ou tirar nada.

— Essa é mesmo a hora de lembrar o que passou? — Ela segurou a vontade de gargalhar desviando para os olhares de seus clientes, com uma mistura de admiração e incrédulo por tudo que estava sendo falado pelo herói — Manda o seu discurso aí, sua aprovação já é menor mesmo.

— Puta merda, Hawks — A platinada levou as mãos ao lábio o contraindo para não gargalhou. Tossiu, respirou fundo e tentou outras técnicas toda vez que a televisão mostrava o rosto relaxado do homem alado — Só você pra fazer isso.

— Atendente — A voz de um homem com cabeça de urso chamou pela Harumi para que fizesse seu pedido.

Durante toda aquela manhã e parte da tarde a mulher esteve com a cabeça nas nuvens, se não era o ânimo de buscar sua moto, era por ter em suas recordações os olhos dourados do homem naquela noite no hospital. Toda vez que se lembrava de sua fala e a expectativa do que ela responderia, sentia um pouco de pena pela resposta que deu.

— Não preciso disso — A voz feminina fez com que Hawks travasse no lugar — Não quero alguém como você fazendo essas coisas por mim.

— Alguém como eu? Do que você tá falando, Harumi? — O loiro até tentou continuar com o bom humor, mas os olhos castanhos e irritados o obrigaram a levar aquele momento a sério — O que aconteceu?

— O que você acabou de me dizer é um absurdo — Continuou, com aquele frio silêncio do herói como resposta — Não quero que diga uma coisa dessas somente por dó. Não dá boca pra fora.

— Droga, Harumi! Não falei isso da boca pra fora não, estou falando sério... Mas que merda, acha que eu sou o que?

— Na minha mente está passando muitas respostas para essa sua perguntinha — Ironizou de maneira ácida — Você é um galinha, que não se contenta amando uma só mulher! Se você ferir mais alguém, com esses joguinhos sujos! Se você ferir a Aiko!

— A Aiko? O que ela tem a ver com essa conversa? — E com o silêncio de Harumi, Hawks se irritou e deu uma nova investida — Gosta dela? Você está apaixonada pela Aiko?

— Mas que porra de pergunta! A Aiko é minha pequena — Sua fala deu a entender para o herói como se o sentimento fosse de irmãs, mas para a imortal, a ruiva era como uma filha — Olha, ela já vai chegar e eu não quero...

Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, sentiu seu corpo ser apertado em um necessitado abraço. Hawks ainda a envolvendo, levou uma de suas mãos até os fios longos e bem cuidados da amada os acariciando vagarosamente, sem se importar que a menor estivesse tentando escapar de seu toque. O cheiro daquele herói embriagava Harumi lhe dando uma sensação que nem mesmo ela poderia descrever, seu corpo se aquecia e os lábios ficavam entreabertos com um leve ofegar.

Doce como Café { Hawks }Onde histórias criam vida. Descubra agora