Capítulo XVIII

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A cama rangia com o mover continuo dos corpos, os gemidos carregados de prazer e luxúria que saiam dos lábios masculinos, as gotas de suor que se formavam devido ao calor do quarto. Tudo parecia tão perfeito, o corpo deitado sobre os lençóis caros e macios, a luz da lua que adentrava no quarto mesmo com a cortina cobrindo quase que totalmente a janela e aquele perfume marcante.

Harumi jogou a cabeça para trás com mais uma investida do corpo musculoso, os lábios chegaram a abrir para soltar um gemido, quando ele novamente voltou a cometer os velhos erros que muitos homens cometiam por achar que a vida era igual as da pornografia. A platinada até perdoou o primeiro, segundo e terceiro erro, mas quando notou que o foco de seu parceiro era apenas o próprio prazer, só atuou.

Mas qual era a necessidade de atuar? Ela não o veria mais, não precisava amaciar aquele estúpido ego, no entanto, apenas se pegou fingindo gemidos e quando notou que ele estava chegando em seu ápice, fingiu também apenas para parar com tudo aquilo. Enquanto o homem de corpo verde lhe fodia, levou as mãos de unhas afiadas até a mesa de cabeceira puxando um isqueiro e algo enrolado no formato de cigarro.

Acendeu, puxou segurando em seu pulmão a fumaça e depois a soltou baforando no rosto pálido de Harumi que apenas o encarou voltar a se mexer dentro dela sem muito interesse. O homem notou, abriu o maior sorriso e estendeu aquele pequeno charuto estranho fazendo a platinada suspeitar ainda mais.

— Relaxa, comprei de maneira legalizada — Ele falou rindo, baforando novamente aquela fumaça densa sobre o rosto feminino — Pega, você vai gostar.

— Não, detesto coisas que criam vícios.

— Você não falou a mesma coisa quando te ofereci bebida — O sorriso de canto até poderia ser sedutor, mas naquele momento Harumi se encontrava desencantada e desinteressada — Anda logo, quanto menos você pensar melhor vai ser.

Suspirando, Harumi foi contra todos seus princípios quando pegou aquele prensado e o levou até os lábios. Ela não fez nada por alguns segundos, sua mente lembrou da briga com a ruiva que teve na noite anterior e nos olhos dourados que sempre vibravam e naquela noite a encaravam com um sentimento que a rasgava ao meio, não queria pensar neles, não podia, não naquele momento e sem o arrependimento a consumir como fogo. Puxou, prendendo toda aquela substância dentro de seu pulmão o sentindo arder e por fim, baforou.

Fez isso não uma, nem duas, mas cinco vezes sentindo seu corpo entorpecer conforme a fumaça entrava e saia calmamente antes de entregar ao homem que logo gozou enquanto baforava.

— Se quiser mais... — Ofereceu pegando um novo quando saiu de cima da imortal que curtia as sensações deitada totalmente esticada — Aqui, você parece ter gostado bastante.

Harumi aos poucos se levantou, envolvendo o corpo com um roupão estendido no batente da porta e pegou o objeto entre os dedos do homem esperando que ele acendesse para que ela pudesse baforar. Ela sequer teve interesse na desculpa que ele deu para sumir do quarto, apenas foi até sacada encarando o horizonte totalmente diferente do que ela via todos os dias.

Levou os dedos até a boca para sugar e baforar, pensava no quanto os prédios do centro da cidade eram diferentes e mais luxuosos dos afastados. Pensava tanto enquanto seu corpo aos poucos perdia as reações normais, encarava tanto o céu e a lua brilhante a sua frente que sequer deu importância com a silhueta que usou o mesmo parapeito onde a imortal se empoleirava para pousar.

— Era isso que a Aiko estava querendo se referir quando dizia que você odeia vícios? — A voz estava irritada, mas aquilo pouco importava para a platinada — Harumi, olha para mim.

Nada, sem respostas, sem interação, sem qualquer vontade. A droga só estava deixando o corpo de Harumi falar mais claramente o que a mente esse tempo todos estava pensando: não estou interessada, muito obrigada.

— Harumi, olha... — Será que se ele começasse a falar, uma hora a garota o olharia? Hawks sabia que a jovem o escutava, mas o sorriso vibrante agora dava lugar a fria expressão perdida da mulher — Eu queria pedir desculpas por ontem, deveria ter deixado mais claro a você meus verdadeiros sentimentos.

Silencio.

Só havia silencio enquanto ela tragava aquela coisa que deixava o herói ainda mais irado e o pior, ele podia escutar no interior do apartamento a voz do homem que havia entregue aquela droga a Harumi. Hawks encarou melhor a aparência da platinada, notando que havia a falta de qualquer outra vestimenta abaixo do roupão.

Tirando sua blusa de frio, andou a passos calmos até a imortal colocando sobre os pequenos e delicados ombros o casaco amarelo que ele sempre usava quando fazia suas patrulhas, mas como imaginava, a única reação foi o leve olhar de canto que ela lhe deu, então, teria de tomar medidas mais drásticas. Tirou delicadamente de seus dedos a droga e levou a mão para longe deixando o pequeno enrolado branco sobre o parapeito antes de voltar as mãos agora livres em direção do corpo feminino.

— Posso te tirar daqui se quiser — Ele disse calmamente fazendo suas penas fecharem aos poucos a porta que dava ao quarto do rapaz desconhecido — Estávamos preocupados com você...

E antes que pudesse continuar, o cheiro adentrou pelo seu nariz ardendo no mesmo instante aquela fumaça grossa que foi baforada em seu rosto. Os olhos dourados encararam as íris castanhas com ferocidade, a vendo abrir um leve sorriso.

— Eu sei me cuidar — Ela disse levando seus dedos até o maxilar do herói sentindo a barba rala pinicar a pele — Senhor herói.

— Harumi... — Hawks se puniu mentalmente quando os olhos sempre tão ferozes o traiu descendo aos poucos do rosto para o pescoço e pôr fim a pele pálida do busto feminino — Você não está em sua... Consciência...

— O que foi? Nunca viu uma mulher pelada na sua frente? — A voz era tão suave, tentadora, se aproximando aos poucos como um felino até o pé do ouvido — Se quiser, podemos fazer aqui mesmo...

— Eu vou te levar para casa — Hawks disse se afastando, enquanto usava uma pena para procurar as vestes e o celular da mais velha os trazendo o mais rápido que podia — Droga! Vamos, vou te levar para casa.

— Qual é! Vamos lá, você não me quer? Não sente vontade de me foder, é isso? — Harumi choramingou.

— Sinto e muita, mas você não está consciente o suficiente para ter noção de seus atos e antes que você me odeie ainda mais — Ele arrumava as roupas em seus braços enquanto falava, aproveitava a distração que sua mente trabalhando em uma resposta lhe dava para arrumar melhor o roupão no corpo pálido e delicado, se segurando e tentando ignorar a fragrância masculina que se apossava da pele de sua amada — Vamos para casa. Aiko está te esperando, eu já a deixei avisada de que havia a encontrado.

Quando tentou a segurar em seus braços para alcançar os céus, teve seu pescoço agarrado pelos braços finos e gelados de Harumi. Ela respirava pesadamente sobre a pele quente do rapaz, o corpo entorpecido pela substância, os lábios úmidos e a tentação que a fez tomar o primeiro passo: depositou um longo e molhado beijo no pescoço do rapaz deixando a marca de um chupão logo em seguida.

— Droga, Harumi — Hawks reclamou com todo o rosto avermelhado enquanto levava os olhos para o rosto agora adormecido da platinada — Não faça essas coisas comigo... Droga. 

Doce como Café { Hawks }Onde histórias criam vida. Descubra agora