Capítulo XLIII

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— Eu esperava que você viria — Harumi disse, em seu colo um pequeno caderno de capa dura repousava — Eu queria mesmo te ver, quero te dar isso aqui.

— O que seria isso? — Keigo questionou indo até a cadeira onde a mulher estava sentada, uma xícara agora contendo chá gelado repousava na mesa — Vai acabar pegando um resfriado, Harumi querida.

Ela riu, fraco, mas doce e verdadeiro, os olhos baixos de exaustão enquanto seu corpo tremia com o frio noturno. Sentindo que algo quente repousava sobre seus ombros, ela observou o uniforme masculino enquanto inalava o perfume do tecido se afundando em seu calor.

— Aqui está meu presente — Harumi sorriu fraco, estendendo o caderno — Sei que pode não ser do seu interesse, mas faça o que quiser com ele.

— O que é isso? — Ao pegar o objeto, o abriu se deparando com páginas já usadas, fotos, frases, até tecido — Um diário?

— Sim! Brega? É o primeiro diário que eu tive, ganhei dias após descobrir que era imortal — Harumi riu — Tem várias coisas aí, aposto que algo pode ser útil, ou não, não me importo de fato. Apenas... Fique com ele.

— Eu vou ler ele — A voz rouca chamou a atenção da mulher que o encarou, os olhos lacrimejando em uma muda tristeza — Aconteceu alguma coisa, Harumi?

— Não é nada, só estou em um período mais delicado para mulheres — Mentiu.

—Quer que eu compre remédios para dor?

— Não se preocupe com isso — Ela sorriu achando fofo a preocupação nos olhos do rapaz — Hum, agora que eu pensei.... Veio fazer o que aqui? Precisa de algo?

— Ah, eu queria saber se estava bem — Keigo forçou um sorriso — Certo, eu preciso ser sincero com você então... Podemos conversar?

— Claro, o que está te deixando tão ansioso?

— Harumi, quando eu era pequeno salvei uma família de um acidente de carro, a organização de heróis me encontrou e eu comecei a fazer um treinamento para heróis — Os dourados olhos de Hawks encararam os castanhos focados no que ele dizia — Quando eu subi no rank recebi uma nova missão da agencia e foi assim que me infiltrei na liga dos vilões.

— Infiltrado? O que quer dizer? — Harumi começou a ficar nervosa, a respiração irregular quando sentiu as asas do homem a envolveu com carinho.

— Escute, tem um homem chamado Dabi, ele é um dos principais dessa organização e vezes em que eu sumi estava com ele. Cuidado com um homem de pele queimada e cabelo preto, é ele — Alertou, os dedos acariciando as maçãs do rosto da imortal — Eu vim fazendo um trabalho que não me orgulhe toda vez que eu os imagino colocando as mãos em você, meu sangue ferve!

— Qual a missão? Destruir a liga por dentro? — Ele fez que sim — Você conquistou a confiança deles?

— Eu sinto que não...

— Me entregue para eles — Harumi disse com tranquilidade — Revele minha localização e deixe que eles venham me encontrar, você vai ganhar a confiança bem rápido assim.

— NÃO! — A voz irritada fez Harumi travar, os olhos do rapaz — Eu disse que meu medo é deles descobrirem seu paradeiro e você me pede justamente isso?

— Eu não posso morrer, Hawks — Ela se levantou com um leve sorriso para que pudesse ficar cara a cara com o rapaz — Eles vão se cansar assim que verem que é impossível de seus planos darem certo e me descartar em algum lugar, mas você vai conseguir...

— Mais nada, nunca mais fale isso! — E ainda irritado, ele a agarrou, cobrindo suas asas em toda a extensão pálido corpo, seu coração batendo tão forte que a imortal podia escutar — Não fale bobagens Harumi, você vai se machucar, eles vão te torturar sem piedade!

— Tudo bem, somente esqueça o que eu disse — A voz estava abafada pelo aperto masculino, esgueirando suas mãos, pode finalmente o abraçar, tremendo de tanto nervosismo — Desculpa.

Naquela noite, mesmo que Harumi tivesse várias vezes insistido que não era necessário, Keigo permaneceu no quarto da mulher até que ela adormecesse. Durante algum tempo eles ficaram conversando sobre assuntos idiotas até que, quando a imortal parou de responder, averiguou o sono profundo da platinada.

No entanto, no lugar dele ir embora como vezes fazia, permaneceu no cômodo, sentado na cama com a fraca luz que adentrava pela janela aberta para que pudesse começar a ler o diário que Harumi havia o entregado e notou o quanto parecia estranho a escrita das primeiras páginas.







































Doce como Café { Hawks }Onde histórias criam vida. Descubra agora