Parte 33

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NOSSO PASSADO I
Klaus

Jonas e eu tentamos sair do Instituto Vidal. Mas devido ao ataque de um demônio sanguinário, o sistema de segurança foi ativado, e ficamos presos aqui dentro. Alicia está deitada em minha coxa, como uma gatinha enquanto dorme. O doutor decidiu ficar sentado ao lado, e olha para cá sempre que desvio a atenção. Acho que não sabe do poder da visão periférica, ou o ciúme o corrompeu tanto que não consegue disfarçar. Fico incomodado, só que decido evitar a confusão.
Então faço carinho nos cabelos negros de minha companheira, enquanto a visualizo sua face abatida. Ela não está nada bem por conta dos últimos acontecimentos. Como se não bastasse o trauma psicológico, tem reclamado de dores na costela. Tontura. Enjoo. Cefaleia, e outros sintomas que servem para  indicar que seu grau de humanidade aumentou, e a mortalidade também.
Ela geme. O rosto do médico se move para a nossa direção. Não sou o único que notou o quanto seu caso é grave. Tento me fazer de forte, porém acabo deixando uma lágrima cair na face dela e a seco de imediato. Eu devia poder protegê-la. Devia impedir que esse desastre acontecesse. Devia ter dado algum jeito. Todavia como humano apenas sou obrigado a vê-la definhar e isso acaba comigo. De quê adianta ter tanto conhecimento do submundo se não posso usar para salvar quem amo ?! Outra lágrima foge pelo canto dos meus olhos, e me recordo de algo que queria esquecer: O momento exato em que descobri que a perderia para sempre...
 
 
 
 
 
NOSSO PASSADO II
Klaus

Era 2009. Facebook, Whatsapp, Tumblr, Netflix e Spotify não existiam. Para baixar uma música tinha que ir a Lan House e esperar mais de uma hora por alguns Kpbs de péssima qualidade. Só havia a internet via-rádio que era cara pra cacete e a fibra óptica não passava de um sonho utópico.
Para se ver um filme era necessário pegar emprestado numa locadora, e o mesmo valia para os jogos, apesar da galera da Windows se esforçar bastante para adaptá-los aos computadores de mesa.
 As redes sociais conhecidas eram: o Orkut, o Youtube, MySpace, e o MSN. O mundo era diferente. Não havia necessidade ou prazer de passar horas online na Internet, a não ser que alguém em especial estivesse presente na rede.
Podia ser um amigo, ou uma amiga, ou alguém de quem você gostasse bastante. Afinal aquela era a época de demonstrar sentimentos. Quando escrever um texto gigante na página de alguém era sinal de carinho e não motivo de zoeira, e foi justo neste momento que a conheci: Dark Licy, e depois Srta. D’Lici, e por fim Kat Filth.
Toda tarde abandonava o meu Ragnarok para conversar com ela. A menina de cabelos negros e pele clara que fazia questão de postar fotos obscuras no perfil do MSN. Ela era solitária e sempre me falava do quanto se sentia deslocada na sociedade. Isso me encantava, me sentia da mesma forma.
Cresci num ambiente social nada legal. Minha mãe, Dona Elísia, adorava beber com o marido dela que sempre terminava as suas farras com uma surra de cadeira ou chinelo em nós dois. Ela era tão irresponsável que me deixava só em casa aos 2 anos, para sair atrás daquele filho da puta e numa dessas, até mesmo me revelou que fui raptado e desapareci por meses, até ser encontrado todo molhado na beira do rio.
 Minha mãe disse que isso foi obra do demônio, e depois que cresci , passei a entender que era obra da sua falta de carinho mesmo. Logo garotas problemáticas me atraiam, pois eu me sentia mais confortável perto delas. Entretanto uma em especial, me fazia sentir muito mais do quê acolhido, e eu não sabia que nome dá ao que me provocava.
Falar com Kat Filth me arrancava sorrisos do nada, e quando trocava mensagens com ela, não conseguia esconder meu entusiasmo, por isso ao ver que estava me apaixonando por alguém do Orkut, minha mãe resolveu me apresentar a uma moça da vizinhança que se chamava Miranda, e era tudo o quê ela queria como nora. Alguém que gostasse tanto de festa e putaria que quando falasse a seu respeito a defendesse.
Mas ainda que Miranda fosse uma garota bonita, sexy e alegre, meu coração não pulsava por ela, e sempre que tinha uma oportunidade me reunia com a galera de Janaína, a melhor amiga de Kat que tinha um sentimento por mim, do qual eu queria total distância, porquê Jana, embora fosse atraente não fazia meu tipo. Meu coração era da Srta. Filth.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOSSO PASSADO III
Klaus

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