[3]

269 45 1.4K
                                    

"She's got a pretty smile that covers up The poison that she hidesShe walks around in circles in my head Waiting for a chance to break me, A chance to take me down"

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

"She's got a pretty smile that covers up The poison that she hides
She walks around in circles in my head Waiting for a chance to break me, A chance to take me down"

~Only One
(Lifehouse)

Desde a primeira vez que Nathan pôs os olhos em Sarah, ele soube que essa menina seria sua ruína.

Havia estudado a vida inteira numa escola rural com o vergonhoso total de 361 alunos, com sua saída 360, até que seu projeto sobre o uso da tecnologia no agronegócio e na agricultura ganhou notoriedade no município e assim surgiu a oportunidade de estudar numa escola particular com bolsa integral. No Floriano Peixoto, só no fundamental Ⅱ haviam mais de 300 alunos. E isso assustou muito o garoto da fazenda.

Tentando não aparentar um alienígena chegando num planeta desconhecido, Nathan respirou fundo e seguiu um grupo de estudantes usando o blusão de moletom com o brasão da escola até a sala indicada. Todo mundo pendurava os casacos no gancho então ele os imitou. Sentou numa cadeira vazia no fundo da sala e esperou a aula começar. Foi quando se deu conta da garota loira com a cabeça virada para trás, encarando-o. Tinha olhos azuis penetrantes, que assustavam um pouco, e por algum motivo Nathan gostou disso. Ninguém nunca o encarou com tanto afinco quanto essa menina. E ela movia os lábios dizendo alguma coisa que não dava para identificar. Semanas depois ela mesma lhe contaria que repetia sem parar a frase "estou me afogando" e Nathan nunca entendeu realmente o que ela quis dizer com tais palavras.

- O que ela tem de linda tem de doida - alertou o garoto gordinho que acompanhou Nathan no intervalo, e cujo nome ele não lembrava. - No ano passado a gente estudou na mesma turma e ela nunca falava com ninguém da classe. Sabe ninguém? Ninguém! Quer dizer, a não ser o irmão dela e o cara que sempre anda com eles, mas a família não conta. Ouvi dizer que passou um tempo internada num hospital de doidos. Vai por mim, é melhor ficar longe.

Nathan deu uma mordida no sanduíche de presunto e queijo que trouxe de casa e desviou o olhar para fora do refeitório. Desligando-se da falação do garoto. Por todo lado havia jardins com árvores e arbustos. Não parecia em nada com a sua antiga escola onde o único verde que se via eram das pichações nas paredes de concreto, às plantas e o verde do Floriano dava uma vontade a mais de ficar na escola.

Enquanto olhava distraído a paisagem, um movimento chamou sua atenção. Brincando no jardim dois caras riam enquanto pareciam zuar com a cara de Sarah. O mais alto tinha cabelos dourados e olhos azuis, Nathan deduziu que devia ser o tal irmão mencionado anteriormente dada a grande semelhança entre eles. Parecia grande demais para alguém da faixa etária deles e o jeitão de atleta intimidava um pouco. O garoto negro tinha um eterno sorriso estampado nos labios, e parecia o tipo de cara que faz amizade fácil. Mesmo de longe dava para perceber que se divertiam completamente alheios aos olhares ao redor. Como se estivessem acostumados a ter atenção das demais pessoas.

StoriesOnde histórias criam vida. Descubra agora