A história gira em torno de um grupo de adolescentes mergulhando nas reflexões do primeiro amor e na transformação pessoal que cada um pode experimentar. Através de suas experiências, o leitor é levado a uma viagem nostálgica, relembrando sua própri...
⚠️ Alerta ⚠️ Esse capítulo contém cenas de violência doméstica e psicose.
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“I've been watching you for some time Can't stop staring at those ocean eyes Burning cities and napalm skies Fifteen flares inside those ocean eyes Your ocean eyes”
~Ocean Eyes (Billie Eilish)
10 de Agosto - Sábado de manhã — Bom dia! — falou Regina, a super animada e nova funcionária da casa, puxando as cortinas da enorme janela, inundando de luz o quarto imenso. — Tenho a impressão que a senhorita nunca dorme. Entro e saio dessa casa e sempre está de olhos abertos. — comentou.
Sarah virou o rosto de lado. Estava empoleirada em cima da cômoda pintando as unhas dos pés. A nova empregada tinha a curiosidade aguçada, estava sempre perguntando para quê servem os remédios da adolescente, sobre seu sono desregulado, seu cansaço que nunca se esvai…
A mãe costuma contratar pessoas reservadas e Regina estaria com os dias contados se a patroa acabasse sabendo dessa sua personalidade peculiar, porém Sarah simpatizou com esse jeito dela. Seu tagarelar incessante no sotaque identificável era a única distração nos dias intermináveis presa entre essas paredes frias.
— Não é querendo me intrometer, mas você não acha que o seu irmão se exercita demais? — Regina continuou a falar ajeitando os suntuosos travesseiros — Longe de mim julgar, mas ele faz isso até no final de semana. Não é um pouco demais?
— Ele quer se manter sexy para agradar a namoradinha. — a garota esticou a perna pegando o feixe de luz que passava pelas vidraças.
— Ah é?
— Não reparou como minha mãe está de cabelo branco só de pensar nos possíveis netinhos — o canto da boca de Sarah se esticou. Mal tinha visto a mãe nos últimos dias, mas sempre que tinha a oportunidade de estar no mesmo ambiente que ela fazia questão de tecer comentários sobre o assunto só para vê-la pilhada. A divertia ver as paranoias da mãe.
— Queria dar netinhos para a minha mãe, mas nem namorado eu arranjo. — queixou-se, Regina.
Sarah ajeitou o cabelo cor de rosa amarfanhado e a alça caída da blusa preta e folgada enquanto observava a mulher mais velha.
— É tão bom ser jovenzinho assim como vocês. Eu já estou com trinta. Minhas opções são amigos de ex ou aplicativos de namoro. — a moça continuou a falar enquanto dobrava os lençóis com agilidade.
— Qual seu critério para namorado? — Sarah quis saber.
— Já que possivelmente serei feita de besta, escolho o mais gostoso. — ela deu uma piscadela travessa e sorriu para a adolescente.
