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"Nobody's promised tomorrowSo I'ma love you every night like it's the last nightLike it's the last nigh"

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"Nobody's promised tomorrow
So I'ma love you every night like it's the last night
Like it's the last nigh"

~Die With a Smile (Lady Gaga feat. Bruno Mars)

20 de Janeiro - Terça-Feira de manhã

A tradição de comprar o material escolar era um dos grandes prazeres de Lis. Às fileiras de cadernos novinhos, a coleção de canetas coloridas e marcadores de texto. Os bloquinhos de post it. Papelarias eram o verdadeiro paraíso para ela, porém fazer compras com uma criança era o mais perto que conhecia do inferno.

— PAPAI! PAPAI! EU QUERO ESSE! — Adele gritava, pulando sem parar.

— Mas meu amor, você nem vai usar esse tipo de caderno na sua escolinha. — o pai disse pacientemente.

Lis pousou a agenda no carrinho de compras — seu novo material escolar era todo em tons de azul — então levantou a cabeça e viu a irmã diante de uma fileira de cadernos de vinte matérias.

— Mas papai… É tão bonito… — a pequena segurou o caderno de capa dura com flamingos.

— Adele, o papai disse não — falou de forma rígida. Lis tinha certeza que se a mãe estivesse presente a irmã não estaria se comportando dessa forma, porém fazia alguns dias que Marcelle não estava bem de saúde e foi unânime a decisão de que deveria ficar em casa descansando. 

A criança fechou a cara para ela. Devolveu o caderno e saiu pisando duro.

— Obrigado — o pai sorriu para Lis — Para mim é difícil dizer não a ela.

— Eu sei — afinal, ela havia crescido igualmente mimada por ele. Finalmente Lis entendia porque sua mãe lhe cortava as asinhas, se bem que comparada a Adele, Lis foi uma criança muito mais tranquila.

Ela voltou a empurrar o carrinho. Então percebeu que o pai tinha ficado para trás. Girou e o viu olhando para uma família no outro corredor.

— Conhece? — sussurrou.

— É meu ex-patrão. — Samuel abaixou a cabeça e seguiu atrás da filha menor.

Lis continuou olhando para o homem. Parecia rico. Usava belas roupas. Barba e cabelos bem feitos. Esbelto. De nada valia sua boa aparência se seu coração é de pedra. Era a única explicação para ter demitido um funcionário cuja esposa estava com câncer e ainda tinha duas filhas menores de idade para criar.

As finanças em casa eram difíceis por causa dele. Só estavam comprando materiais escolares de qualidade porque os padrinhos de Lis — vulgo, pais do Daniel — sempre faziam questão de todos os anos dar isso de presente às meninas.  Lis sentiu ódio daquele homem no corredor ao lado, sorrindo despreocupado enquanto falava ao celular. Ele nem precisava prestar atenção se os filhos estavam fazendo bagunça pela loja, afinal a babá estava ali para isso. 

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