A história gira em torno de um grupo de adolescentes mergulhando nas reflexões do primeiro amor e na transformação pessoal que cada um pode experimentar. Através de suas experiências, o leitor é levado a uma viagem nostálgica, relembrando sua própri...
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"I wish I could live through every memory again Just one more time before we float off in the wind And all the time we spent waiting for the light to take us in Have been the greatest moments of my life"
~Here With Me (D4vd)
17 de Janeiro - Sábado
No confortável sofá da sala de espera do hospital psiquiátrico privado de São Francisco do Sul, Marcus Dell Greco cruzou as pernas e olhou para fora através das portas de correr automáticas. Nuvens carregadas refletiam cores rosadas no horizonte anunciando a temporada de chuvas de verão na região.
A paisagem transporta Marcus para um dia como esse na infância. Um dia feliz. A mãe está lá, sob o guarda-sol. Conversa animadamente, de pernas cruzadas em um vestido longo floral, sentada numa espreguiçadeira reclinável em um dos muitos hotéis pertencentes à família Dell Greco. O pequeno Marcus com metade do corpo mergulhado na piscina observa aquela mulher por quem nutre grande admiração. Gosta de seus trejeitos delicados, seu sorriso sincero enquanto conversa com uma desconhecida. Stella era assim: uma mulher inteligente e versátil. Como o significado do seu nome, simbolizava a luz dessa família cheia de esqueletos varridos para debaixo do tapete. O menino saiu da água, os cabelos escuros molhados, pingando gotas daquela água cheia de cloro que lhe escorriam pelo rosto até a boca.
— Mãe, tô com fome — disse. A verdade é que nem estava, só que como o menino mimado que sempre foi Marcus queria a atenção da mãe apenas para si.
— Então venha, vamos trocar essa roupa assim podemos entrar. — Stella sorri e lhe cobre os ombros com a toalha felpuda monogramada. Ela se despede da desconhecida e pega gentilmente na mão do garoto, levando-o ao vestiário.
Naquele dia almoçaram tagliatelle à bolonhesa, Marcus tentou não se sujar com o molho de carne, mas se provou impossível. Tanto o rosto como a boca apresentavam o característico vermelho do prato. Ao invés de brigar com o menino por sua falta de modos a mesa como o pai ou o avô da criança teriam feito, Stella sorriu beijando-lhe o topo da cabeça. Seus lábios macios e calorosos transmitindo todo o seu amor. E Marcus sorri feliz, segurando seu macarrão com as mãos e sugando com a boca.
A lembrança se dissipa na mente do adolescente. Os dias felizes ficaram no passado. Ele não era mais aquele menino despreocupado, nem havia sombra daquela mulher nesta pessoa que agora é sua mãe.
— Aceita café? Também temos chá se preferir — uma funcionária do hospital está de pé diante de Marcus e sorri.
— Não, obrigado. — ele sorri de volta.
A camisa do uniforme de Catarina, Marcus lê seu nome na plaquinha de identificação, é meio transparente a ponto de deixar ver seu sutiã de renda. E usa perfume demais, como se tivesse acabado de se borrifar da cabeça aos pés.