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⚠️ Alerta de Gatilho ⚠️
A primeira parte desse capítulo contém alusão a violência doméstica

"Matilda, you talk of the pain like it's all alrightBut i know that you feel like a piece of you is dead inside"

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"Matilda, you talk of the pain like it's all alright
But i know that you feel like a piece of you is dead inside"

~Matilda (Harry Styles)


6 de Agosto - Madrugada de Segunda para Terça-feira

O cheiro de pãozinho de ervas encheu a boca de Nathan, embriagado, de saliva à medida que ele se arrastava pelo lamacento caminho até sua casa. Ele deixou a camisa de botões desabotoada, curtindo a sensação do vento frio em seu peito nu. Tinha acabado de deixar Simone no alojamento. Se ela já tinha sido atirada na festa, diante de todos, quando chegaram no minúsculo apartamento onde mora foi um milhão de vezes pior. Praticamente engoliu Nathan, beijando e arranhando ele como uma leoa. Chegou ao ponto dele ter de lembrá-la que sua colega de quarto estava dormindo logo ali ao lado e poderia acordar a qualquer momento e flagrá-los. Para Simone não parecia ser um problema, mas para Nathan era sim.

Ele tinha lido poesias e admirado estrelas o suficiente para saber que transar com alguém devia ser algo especial, não uma busca momentânea por prazer. Claro que ele queria transar, era bombardeado sobre o assunto o tempo todo na internet, em filmes e séries de tv, na escola. Só que Nathan queria que fosse com alguém especial. Quando estava no escuro do quarto com Simone ao invés de sentir-se impulsionado a transar logo de uma vez e tirar do seu sistema o fato de ainda ser virgem tudo que sentiu foi culpa. Ele não podia seguir em frente e trair tudo no que acreditava. Então fingiu estar passando mal por causa da bebida e foi embora.

Nathan pegou o cigarro esmagado no bolso traseiro e acendeu observando o pasto verdejante onde uma vez tinha corrido com Sarah. De mãos dadas gritavam a plenos pulmões qualquer coisa que viesse à mente. Ela usava botas pretas de cadarços e uma camisa de botões grande demais que devia ter pego do irmão. Tinha capim preso no cabelo dourado. Mesmo assim, conseguia ser a garota mais linda que ele já tinha visto. Naquele momento, Nathan sentiu que não podia mais respirar sem ela.

E agora, mais de um ano depois, mal sabia sobre a vida dela. Se viam todos os dias na escola. Tinham os mesmos amigos. Mas não era a mesma coisa, afinal mal trocavam uma palavra além do necessário. E o que diria a ela afinal? No calor da briga tinha dito que a odiava, mesmo que não fosse verdade, algo assim ficava guardado dentro da pessoa que escutou. E mesmo depois de tudo isso aqui estava ele pensando nela, só o fato de terem trocado meia dúzia de palavras essa tarde pareceu reacender esses sentimentos. A Sarah leve e simpática era a Sarah que ele amava. Era a garota que ele queria tanto, mais tanto, que até as palmas das suas mãos começavam a transpirar só de pensar que a encontraria na aula no dia seguinte. Ele não gostava daquela Sarah capaz de humilhar uma garota inocente em público só pela satisfação de vingança.

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