A história gira em torno de um grupo de adolescentes mergulhando nas reflexões do primeiro amor e na transformação pessoal que cada um pode experimentar. Através de suas experiências, o leitor é levado a uma viagem nostálgica, relembrando sua própri...
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"Please me, baby Turn around and just tease me, baby You know what I want and what I need, baby"
~Please Me (Card B with Bruno Mars)
16 de Janeiro - Noite de Sexta-Feira
Dimas ficou sentado no meio fio em frente ao parque observando o movimento enquanto segurava uma garrafinha de água mineral em uma das mãos e o celular na outra. Um ônibus tinha dado partida do outro lado da rua, despejando fumaça preta do escapamento. E o grupo de pessoas barulhentas que saíram dele atravessaram a rua sem prestar atenção e um carro que passava teve que buzinar para não acontecer uma tragédia.
O calor tremulava do asfalto e Dimas tirou seus cachos castanhos e bagunçados da testa para olhar as pernas esguias das moças distraídas. Um rio de gente inundava o parque para curtir os shows da noite na concha acústica. Ele tinha concordado em vir só porque Daniel insistiu, mas a verdade é que estava tão nervoso em encontrar os amigos que sua testa suava.
Ultimamente, ele estava evitando Nathan, tentando adiar sua conversa inevitável. Dimas simplesmente não sabia como contar que tinha ficado com Sarah, que enfiou a mão dentro das calças dela. Admitiu seu erro para Daniel, mas seu melhor amigo não viu problema algum no ocorrido. Segundo o próprio Daniel, Nathan entenderia a situação e não iria se aborrecer, mas Dimas tinha certeza que não seria tão simples, e evitá-lo parecia um bom plano até Daniel inventar de reunir todo mundo para assistir o show do Filipe Ret.
— Você tá parecendo um sem-teto, jogado aí desse jeito — disse uma voz conhecida.
Dimas levantou a cabeça e viu Marcus parado bem ali ao lado. Usava uma bolsa preta transpassada idêntica às que Olga fazia de crochê. De repente, Dimas sentiu uma saudade imensa da mãe, ela certamente teria um ótimo conselho de como ele poderia lidar com essa situação com Nathan e Sarah.
— Aqui não tem onde sentar — murmurou em resposta.
— Trouxesse uma cadeira dobrável, tem muitas delas por aí — ele digitava no celular o tempo inteiro enquanto falava. Como se quisesse mostrar o quanto é ocupado, embora ainda assim tivesse tempo de falar bobagens. — Mas tanto faz! Se você não se importa em parecer um mendigo, quem dirá eu. O Daniel tá por aqui?
— Ele tá vindo com a Lis.
— Quer dizer que ele e a virgem Maria estão juntos de novo? — ele sorria — Interessante.
Dimas ficou olhando para as costas de Marcus enquanto ele ia embora sem esperar resposta, andando em direção ao palco. Abriu a garrafinha de água mineral e deu um gole. Isso foi esquisito. Na verdade Marcus é um cara esquisito. Dimas puxou a gola da camisa úmida de suor pensando numa rima. Tinha escrito muitas ultimamente. Palavras embaralhadas sobre quebra de confiança, sobre trair uma amizade. Aparentemente seu hiperfoco estava decidido a não deixá-lo esquecer o quanto é um amigo ruim.