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"Vivemos tempos de loucos amores Só é feliz quem sabe o que quer"

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"Vivemos tempos de loucos amores Só é feliz quem sabe o que quer"

~Me encontra (Charlie Brown Jr)

5 de Agosto - Noite de Segunda-feira
A pele de Lis ainda está fresca do banho enquanto ela prepara um chá de camomila para acalmar os nervos. Gira a colher na caneca escutando os pais no sofá assistindo televisão. Risadas espontâneas chegam até ela através da parede da cozinha americana. A adolescente cortou duas fatias de limão repassando em mente seus afazeres noturnos:

Aprontar a mochila para a manhã seguinte 

Pendurar o uniforme limpo no cabideiro

Arrumar os tênis e meias

Tomar banho e escovar os dentes

Dormir

Esse último ela substituiu por escolher uma roupa bonita para sair. Era esse item que a estressava, por isso desceu para tomar chá. Não sabia como pedir aos pais que lhe permitissem sair tão tarde da noite e nenhuma das roupas que tinha lhe agradava. Eram casuais demais para usar em sua primeira festa de verdade. Que penteado usaria? Qual maquiagem seria mais adequada? Socializar é muito trabalhoso, para estudar não precisava de tantos detalhes era só vestir um pijama confortável e quentinho e pronto.

— Inferno! — geme alto, frustrada. Está a ponto de desistir de tudo. De sair essa noite. De Daniel. De viver. Mas no fundo sabe que é só sua covardia querendo falar mais alto.

Na sala os pais trocam um olhar. Notaram a garota meio avoada desde que chegaram em casa. Tinham cochichado pelas costas dela,  desconfiando que os hormônios da adolescência finalmente despertaram na garota que não conseguia mais se conter. Infelizmente, Lis estava mudando. 

— Com quem a maninha tá falando? — Adele perguntou com toda sua inocência infantil. Ela subiu no sofá para tentar ver.

— Ninguém — a mãe responde. — Vamos desça do sofá.

— Mas mamãe...

— Está na hora de ir pra cama. — falou, olhando a tela do celular — O papai vai ler uma história para você. Não é?

Samuel concordou com a cabeça. 

— Pode ser a história do leão? — era tão fácil distrair Adele.

— Você é quem manda! — o pai disse pegando a pequena no colo. Estavam subindo às escadas quando a campainha tocou.

— Lis, você pode ver quem é? — Marcelle apoia os pés na mesinha de centro. Passou o dia sentindo um desconforto como se estivesse resfriada. Ela tossiu cobrindo a boca. E de repente havia sangue na mão. É o seu nariz que está sangrando. 

A campainha toca novamente.

— Lis!

— O que é? — a menina responde em tom de malcriação. Presa demais em seus próprios dilemas para perceber qualquer coisa.

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