Descansar no sítio é meu ponto alto da semana, relaxar em meio a natureza e os animais é o que me dá energia para enfrentar as semanas de merda que venho tendo, desde que a Gabriela cismou que estávamos em um relacionamento e terminamos, como vamos terminar o que nunca começou, eu sabia que essa ideia de manter uma certa regularidade com uma única mulher daria merda, foi só questão de tempo para acontecer.
Tomo mais um gole de café enquanto reviso a petição que preciso apresentar no Fórum na segunda, pela janela da sala consigo observar meu pai e Gustavo arrumando o material de pesca, enquanto minha mãe e Sofia conversam animadas na cozinha, fazendo alguma coisa para comermos daqui a pouco, já que as duas amam cozinhar. A amizade com os novos vizinhos que nem são tão novos assim, foi um up na vida dos meus pais, eles saem juntos, jogam cartas, pescam, cozinham, se divertem da maneira deles.
Volto a me concentrar no documento a minha frente, revisando e fazendo as correções necessárias, se Ben estivesse aqui iria dizer o quanto eu deveria ter feito veterinária, a verdade é que amo minha profissão, os animais e a natureza são uma forma de escape, um alivio para o stress. Desvio os olhos da tela na intenção de levantar e ir até a cozinha tomar um copo de água, é quando ouço a voz aflita de Sofia.
- Fala devagar Rafaela, não estou te entendendo.
Senti um frio no estomago, uma sensação ruim de que talvez algo grave pudesse ter acontecido a doutora, afinal São Paulo é uma cidade perigosa, onde acontecem muitos assaltos e sabe Deus mais o que.
- Minha filha respira antes de falar, calma.
Vejo minha mãe tocar o braço da amiga que a olha com preocupação, a mesma que estou sentindo agora.
- Ah minha filha. - a mão de Sofia segue para a cabeça que se abaixa, ouvindo o que a doutora diz do outro lado. - eu sabia que isso poderia acontecer, eu sempre soube que ele não era o homem certo pra você. - ela para ouvindo o que filha fala do outro lado da linha antes de voltar a falar. - Ah meu amor, não chora assim, você está me partindo meu coração.
Respirei aliviado, podia estar muito enganado, mas é uma briguinha de namorado, e a doutora desocupada está ligando pra mãe chorando, o que me deixa mais convicto de que essa merda não é para mim.
As duas passam mais um tempo no telefone e quando a ligação se encerra é hora das nossas mães conversarem, eu não deveria ouvir, mas não vou sair de onde estou, então acabei ouvindo tudo.
- O que aconteceu Sofia? - Gustavo pergunta vendo a esposa limpar os olhos.
- Eu te disse Gustavo, e você achando que era implicância minha, ciúmes, aquele babaca, engomadinho estava traindo nossa filha, ela me ligou arrasada.
Não disse, briguinha de namorados!
Os quatro emendam em uma conversa sobre o quanto a doutora é boa demais para qualquer reles mortal andante nessa Terra. Se fosse tão perfeita não estava levando chifre, também com aquela cara de frigida, deve ser um porre na cama, daquelas que abrem as pernas e nem se mexem, não pude evitar rir da situação, a outra com certeza era mais gostosa.
- Pense pelo lado positivo Sofia, quem sabe ela não se muda para cá?Olhei no mesmo instante, minha mãe só pode estar ficando louca, vai sobrar para mim, tenho certeza absoluta! Era só o que me faltava a doutora sem sal, morando ao lado da casa dos meus pais, sendo o modelo de nora perfeita para minha mãe, minha paz e sossego estão acabados.
Acabou passeis na casa dos meus pais e fim de semana no sítio, não vou passar dois dias com essa mulher aqui e minha mãe sussurrando "olha como ela é perfeita", "a nora que eu pedi a Deus", reviro os olhos só de imaginar.
- Pensa bem querida, agora ela não tem mais nada que a prenda em São Paulo.
Minha mãe continua e tenho vontade de gritar, "ela tem um emprego", isso deveria ser o suficiente para um adulto se manter em qualquer lugar.
- Você está certa Cristina. - Sofia colocou um sorriso no rosto. - Vou viajar ainda essa semana e tentar convencê-la.
Levantei do sofá irritado pela possibilidade, fui até meu quarto arrumei minhas coisas, passei pala cozinha.
- Onde vai filho?
- Para casa mãe.
- Lucas, volta aqui meu filho, você não tomou café.
E quem teria fome para comer alguma coisa depois de noticias tão promissoras? Cheguei em casa no inicio da noite, uma coisa é certa, pelo menos vou poder descansar mais até amanhã. Acionei o portão da garagem do prédio onde moro, guiando minha camionete até a vaga, desliguei o motor, peguei minha bolsa e fui em direção ao elevador.
- Lucas.
Olhei para trás sem acreditar na pessoa que seguia em minha direção a passos largos.
- O que está fazendo aqui?
- Eu entrei quando você abriu o portão.
Passei as mãos pelos cabelos irritado com essa perseguição, só me faltava essa, Gabriela ficar na rua esperando a hora que eu entro ou saio de casa. As portas do elevador se abriram e eu entrei, sendo seguido pela mulher ao meu lado, Gabriela é linda, com seus um metro e setenta cinco, corpo malhado, cabelos longos, lisos e quase negros, olhas escuros intensos, lábios fartos, a beleza que tanto me chamou atenção, não me atrai mais, tomou lugar a aversão a relacionamentos.
O elevador parou no térreo, sai caminhando em direção a portaria, Gabriela me olhou confusa.
- Onde estamos indo?
- Eu vou para casa e você para a sua.
- Mas... eu...
- Achou que eu te deixaria subir para conversar? - a olhei com seriedade, não sou um moleque para achar que iria me enrolar assim, claro que a intenção dela era vir aqui, subir, tentar me convencer de algo e acabar em sexo na minha casa, não mesmo. - Eu te disse Gabriela, minha casa não está e nunca esteve dentre os nossos limites.
- Lucas, você tem noção do quanto isso é constrangedor para mim.
- Não, não tenho, até porque eu nunca te enganei, nunca menti para você, desde o inicio quando você - pontuei que a ideia partiu dela. - propôs nos encontrarmos mais vezes, eu deixei muito claro como seria.
Seus olhos brilharam com as lagrimas pesadas prontas para cair.
- Eu achei que você mudaria de ideia.
- Isso não vai acontecer, se era só isso eu vou subir tenho que trabalhar amanhã cedo.
Virei as costas na intenção de voltar aos elevadores.
- Lucas.
Parei respirando fundo, começando a me irritar com aquela situação.
- Eu... queria ....
- Não Gabriela, você não vai subir e nós não vamos nos encontrar aqui e nem em nenhum outro lugar, acabou.
Continuei caminhando sem olhar para trás, essa situação já chegou ao ponto que nada mais precisa ser dito.
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Tinha que ser você!
RomanceRafaela, uma médica dedicada, uma menina mulher, que mora em São Paulo. Quando seus pais se mudam para outro estado, sua vida começa a desmoronar. Uma traição causa tanta dor que ela decide seguir em frente, mas a mudança trás um homem bruto, rustic...