Tinha que ser você!

CAPÍTULO 8

Depois de uma semana de merda com três audiências em casos difíceis, e Gabriela se esquecendo qual é o limite do que ela chama de "nossa relação", a única coisa que eu queria era que o fim de semana chegasse logo, passar um tempo no sitio era mais do que suficiente para esquecer meus problemas e renovar minhas energias para mais uma semana tensa.

- Vai continuar com essa cara e não me contar o que houve Lucas? - Ben se aproxima de mim. - Se continuar escovando esse cavalo desse jeito os pelos dele vão cair.

- Já te mandei ir se foder hoje? Pelo jeito não, né! - resmungo passando a mão na pelagem negra do Ébano, meu cavalo.

A risada do filho da puta soa debochada na minhas costas. 

- Ben não tô com saco pra você, vaza!

- Graças a Deus, pelo seu tamanho ele deve ser enorme! - o idiota sempre com uma piada sem graça. - Sério Lucas, você é  meu irmão, quando tivemos segredos.

Nunca, desde que éramos crianças, Benjamim e eu sempre fomos unidos, acobertando os erros do outro, sabendo o que dizer quando nossos pais nos pegava em uma mentira, nossa cumplicidade, transcendia a relação de irmãos.

- Gabriela.

Ouvi um suspiro pesado ao mesmo tempo que a mão do meu irmão apertou meu ombro. Não é preciso dizer mais nada, pois sei bem a ladainha que ele vai começar.

- Eu te falei cara, que esse lance de casual não daria certo com ela, Gabriela é uma mulher muito intensa.

Parei o que estava fazendo caminhando até o local onde ficava o arreio do meu cavalo, peguei a manta e a sela.

- Nunca menti ou a enganei, sempre deixei muito claro o que tínhamos. - falei terminando de preparar Ébano para sair.

- Sexo? - Sua pergunta soou desdenhosa.

- Exatamente Ben, sexo. Puro e sem compromisso.

- E você achou que seria só isso?

- Pra mim foi e é só isso.

- Lucas, as mulheres criam expectativas, elas acham que vamos nos apaixonar.

Foi minha vez de gargalhar, eu me apaixonar? Fora de questão. Não vai acontecer nessa vida.

- Ela me conhece bem o suficiente para saber que isso não vai rolar, nunca menti.

Essa é a questão de sair com a mesma mulher mais de uma vez "expectativas", isso fode com tudo.

- Ouviu o que eu disse irmão, "expectativas".

Coloquei a rédea sobre a sela me preparando para montar, voltando a encará-lo de frente.

- Nunca a levei para jantar, nunca saímos juntos a não ser por algum raro evento de trabalho, nunca dormi na casa dela ou ela na minha, como isso pode gerar expectativas em alguém?

Achei que minhas atitudes deixavam claro o limite do meu envolvimento, somente carnal, casual, nunca, de forma alguma emocional.

- Não sei. - deu de ombros. - Mas com certeza gerou.

Subi no cavalo o colocando em movimento.

- Não quero mais falar sobre isso Ben.

- Teremos convidados para o almoço, não atrasa. - gritou enquanto me distanciava.

Como se não faltasse mais nada para aborrecer meu dia, ainda tinha que conhecer a filha do Gustavo e da Sofia, a mulher que com meia hora de conversa fiada tinha virado a nora dos sonhos da minha mãe, a médica perfeita, a filha obediente, a mulher dos sonhos de qualquer homem, não dos meus, claro!