CAPÍTULO 11

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Acordei sentindo dor de cabeça e nas costas, olhei em volta vendo que acabei adormecendo no sofá, o som do telefone era irritante, sentei sem pressa, abri os olhos que ardiam pelo tanto que chorei, juntei meus cabelos no alto da cabeça em um nó, disposta a tomar um banho, tomar café e resolver minha vida. 

O telefone toca outra vez, rejeitei a ligação de Arthur, vendo que a vigésima terceira, no aplicativo de mensagens haviam cinquenta e uma entre texto e áudio, acompanhadas de mensagens de Renata, Magali e Pedro, ignorei todos.

Puxei o ar com força, dando um impulso para sair daquele sofá, sair daquela procrastinação, foi quando o som de alguém esmurrando minha porta me assustou, a campainha tocando sem parar, claro que deveria ser o Arthur pelo desespero e o porteiro não ter interfonado.

- Rafa, abre essa porta quero falar com você. - mais batidas na porta. - Rafa, abre a porta não vou embora sem falar com você.

Caminhei até a porta sabendo que teríamos aquela conversa mais cedo ou mais tarde, então que fosse de uma vez. Abri a porta encontrando um homem com roupas amarrotadas, olhos tão inchados quanto os meus.

- Amor, por favor me ouve.

O desespero dele não me comove, Arthur vem até mim segurando meus braços, na intenção de me fazer olhá-lo.

- Por favor.

Ainda calada, viro caminhando em direção ao sofá onde deixo meu corpo cair.

- Rafa por favor me perdoa, não foi nada, não significou nada pra mim.

Olhei o homem ajoelhado aos meus pés, onde já esteve tantas vezes me dando prazer e mentindo para mim.

- Significou o suficiente para você ser capaz de me deixar em casa sozinha, várias e varias vezes pra sair com ela não é? - sua cabeça cai, deixando as lágrimas rolarem. - Você sabia que meus pais tinham se mudado, que eu estava sozinha e o que você fez? Me abandonou. Eu te
perguntei se estava acontecendo alguma coisa e você mentiu.

Senti o calor das lágrimas queimando meu rosto, somente o nosso choro preenchia o silencio daquela sala.

- Amor, me perdoa, eu te amo.

Suas mãos que tocavam meus joelhos foram parar em seu rosto.

- Não ama não, você só ama você mesmo Arthur, minha mãe sempre me disse que você não era o cara certo, que iria me fazer sofrer e olha só, ela estava certa.

Tentei em vão limpar as lágrimas que não paravam de cair.

- Eu tô tão arrependido, fui fraco, não devia ter cedido ao jogo dela.

Olho para ele com um sorriso sínico no rosto.

- Ah Arthur por favor, não culpe a garota, ela não te forçou a nada, seja homem para assumir o seu erro.

- Você está certa, ela não forçou mesmo, mas foram pequenos toques de mão, encostadas no
braço e quando eu vi já tinha acontecido, e eu me arrependo.

- A gente se arrepende do que acontece uma vez, agora do que acontece por meses, não tem como se arrepender, é uma escolha consciente.

Seu corpo se ergue a minha frente ainda de joelhos, meu corpo é puxado de encontro ao seu, Arthur chorando feito um garoto e eu também.

- Rafa, por favor me perdoa. Eu errei, mas eu juro que não vou fazer de novo, por favor amor, por favor.

- Eu não consigo Arthur, não consigo. - afasto seu corpo do meu, sentindo um mal estar. - Mal posso acreditar, que nós transamos todo esse tempo depois daquela discussão aqui nesse sofá, depois de você ter me jurado que não existia outra mulher, e você estava me traindo. - chorei mais, sentindo a dor que aquelas palavras traziam. - Eu.... eu me sinto suja.

- Não fala assim meu amor, eu sou o único errado aqui, você não fez nada. - segurando meu rosto ele me olhou intensamente. - Me perdoa.

- Não consigo, você não é o homem que achei que fosse.

- O que eu vou fazer sem você, me perdoa.

Retirei suas mãos de mim, sentindo que aquele toque já não era bem vindo.

- Vai fazer o que tem feito durante todo o tempo que me deixou aqui nesse apartamento sozinha pra ficar com a tal da Bruna, seguir sua vida com ela.

Arthur se soja sentado no chão, com a cabeça entre os joelhos ele chora de soluçar, antes de me olhar mais uma vez.

- Eu queria que você me batesse, fizesse um escândalo, que gritasse comigo, porque o desprezo na sua voz e as suas lágrimas estão acabando comigo, me fazendo o tamanho da merda que eu fiz.

- Ainda bem que você sabe que o único culpado de tudo isso é você.

- Nada do que eu te disser vai te fazer me perdoar.

- Você me conhece bem demais Arthur, sabe que não sou do tipo que perdoa traição. - seco mais uma lágrima que teima em cair. - Vai doer muito em mim, mas vai passar.

- Não fala assim amor, não vai passar, eu te amo. - em um rompante ele me abraça mais uma vez, permaneço com o corpo tenso. - Eu te amo tanto, me perdoa Rafa.

- Eu querias que você fosse embora.

Foi tudo o que consegui dizer.

- Não faz isso amor, por favor.

- Você já fez Arthur.

Sai de seu abraço me colocando de pé, esperando que ele fizesse o mesmo, seu rosto está a centímetros do meu, nossas respirações se misturam, suas mãos envolvem meu rosto me fazendo voltar a chorar.

- Promete que esse não é o nosso fim, que você ainda vai pensar com carinho em nós?

- Não posso.

Sua testa se cola a minha, nossos narizes se tocam, ele mantém os olhos fechados enquanto choramos.

- Eu me arrependo tanto, te amo tanto. - sua boca vem em direção a minha, viro o rosto a tempo de desviar do beijo. - Só pensa amor, pensa com carinho  na nossa história.

- Desculpa Arthur, mas eu não posso prometer isso, para mim esse é o fim.

- O apartamento vai ficar pronta semana que vem, está tudo arrumado Rafa, não faz isso com a gente.

- Não fui eu quem escolhi isso, foi você.

Toquei suas mãos ainda em meu rosto, na intenção de me afastar. Sua boca entreaberta se cola a minha, um nojo misturado a raiva me faz afastá-lo rápido, meu corpo é envolvido por seus braços fortes.

- Eu te amo, por favor me perdoa.

Passei meus braços por seu pescoço sentindo pela ultima vez seu perfume, deixei que ele me abraçasse, o apertei mais forte deixando as lágrimas saírem.

- Não consigo, não dá. - Afastei nossos corpos o olhando pela ultima vez. - Não dá.

Caminhei até a porta a abrindo para ele, cruzei os braços quando ele passou por mim em direção aos elevadores, o observei indo embora de uma vez da minha vida, Arthur passou a mão sob os olhos, fechei a porta me encostando nela, deixando meu corpo chegar até o chão e chorei.



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