CAPÍTULO #36

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— Aqui está o relatório mensal, senhor

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— Aqui está o relatório mensal, senhor. — Pego a pasta com os documentos, colocando meus óculos de grau para leitura e analisando o relatório feito. Suspiro, em desaprovação.

— Há mais do que isso em movimento financeiro, Marco. — Falo, o encarando seriamente. Ele limpou a garganta, ajeitando a gravata para afrouxá-la, provavelmente buscando ar pelo nervosismo.

— Senhor, as transações estão normais…

— Está me questionando, Marco? — O olho seriamente.

— N-não, senhor. Jamais… — Me levanto da cadeira, tornando Marco ainda mais insignificante pela nossa diferença de altura.

— Se o número correto não aparecer até meio dia… teremos problemas. E você não quer ter problemas comigo, não é? — Apoio minha mão em seu ombro, apertando levemente com força.

— Não, senhor…

— Ótimo. Saia. — Ordeno e assim ele rapidamente o faz. Suspiro, retirando os óculos e os guardando no bolso do meu paletó, abandonando o escritório. Logo na sala, avisto aquele garoto que agora também havia se tornado um novo hóspede aqui em casa. Yuny Fontannelle. Ele estava distraído, sentado no sofá, com as pernas dobradas e um livro de quadrinhos repousado em seu colo, enquanto ele lia com atenção, tendo uma pequena pilha de HQs do seu lado. Provavelmente para ele ler em seguida. — Bom dia, sr. Fontannelle. — Falo, vendo ele pular de susto, se encolhendo no sofá e me encarando como se eu estivesse o torturando.

— B-b-bom dia… — Gaguejou, com a mão sobre o peito, provavelmente tentando se acalmar. O observo mais atentamente. Ele não parecia ter nada que um Fontannelle arrogante teria, assim como Hany tem. Mas já ocorreu de colocarem esses garotinhos aparentemente inofensivos para adquirir informações. Não somos aliados, então não temos o porquê ser tão amigáveis com eles. Ou ao menos continuar mantendo a discrição perto deles.

— Oscar. — Vejo Élyas descer as escadarias, vindo em minha direção e logo notando a presença de Yuny, fechando a cara imediatamente. De fato, ele não fazia questão nem de ser educado com eles. — Espero que esteja gostando da hospedagem. E só continua inteiro por causa do nosso cunhado. — Élyas apontou, e pude notar o garoto arregalar os olhos em pavor, o que fez Élyas sorri maligno.

— Élyas, para. — Ordeno, segurando seu braço, vendo Yuny respirar com dificuldade, imóvel, como se não tivesse controle do próprio corpo.

— O que vocês estão fazendo? — Franklyn apareceu e Élyas colocou sua melhor cara de pau para fingir ser um santo que não fez nada. Yuny pareceu retornar para a realidade e correu na direção de Franklyn, o abraçando com força, chorando baixinho. — Yuny… o que vocês fizeram com ele?! — Franklyn agora nos encarava bravamente.

— Foi o Élyas. — Aponto, indiferente. Élyas me encarou, indignado.

— Caralho, Oscar! Vai se foder, seu dedo duro do inferno! Eu nem encostei nele, beleza? — Justificou, erguendo as mãos para fortalecer seu argumento, como se mostrasse que não estava armado.

— Yuny, vá para o quarto. Eu vou já ficar com você, ok? — Franklyn pediu, acariciando o rosto do garoto como se ele fosse uma criança. Yuny assentiu prontamente, correndo para cima. Franklyn cruzou os braços, caminhando e parando em nossa frente, com um olhar que chegava a me lembrar do Adrian: bravo, determinado, sério. — Sei que não gostam dos Fontannelle, mas o Yuny é inofensivo! Ele é sensível. Vocês já são assustadores naturalmente. Se abrem a boca, o Yuny vai ver isso como uma ameaça de morte! Deixem ele em paz, ok? Vocês não têm vergonha?! Olhem o tamanho de vocês para o dele! — Exclamou, nem esperando uma resposta, apenas virando as costas e subindo as escadarias.

— Ele está passando tempo demais com Adrian… — Élyas comentou e eu apenas sorri, me virando para sair. — Ah! Ei, Oscar. — Ele me alcançou, segurando em meu ombro e me entregando uma pasta preta. — Preciso da sua ajuda para meu novo projeto. — Falou, enquanto eu analisava o conteúdo da pasta, alguns desenhos gráficos, planilhas, e contabilidade.

— Outra boate? — Insinuo e ele sorri, um sorriso que dizia que eu estava errado no palpite e ele estava louco para me impressionar. De qualquer forma, se for outra boate, nem fará mais sentido. Élyas já têm tantas que nem sabe mais a quantidade.

— Não! Uma cafeteria! "B. Coffee"! — Ele bateu em meu peito, empolgado. — O que acha?

— Uma… cafeteria? — Questiono, descrente. Élyas era o cara das boates, das festas que duravam dias, de orgias e álcool sem limites. Cafeteria não era bem o estilo dele.

— Isso! Olha, vamos conversar sobre isso com calma. Eu planejei como queria cada detalhe e o local para ser construído. Mas preciso da sua ajuda. Sabe… com essas coisas de custo, materiais, se o local é um bom ponto e etc. Fazer o que você sabe fazer de melhor: administrar. — Falou, o que me fez respirar fundo, curioso.

— Por que uma cafeteria?

— Estou pensando além, maninho! Soube do noticiário de ontem? — Questionou, o que me fez engolir em seco, assentindo. Ocorreu um atentado a um bar gay, em Oslo, um tiroteio que tirou vidas e outras saíram feridas. (a notícia é real)

— Vi… uma tragédia. — Murmuro, com desgosto. Élyas assentiu, me puxando para fora de casa, me levando até a área de lazer onde nos sentamos a uma mesinha branca com guarda-sol, próximos da imensa piscina.

— Então, quero oferecer um projeto de segurança para a comunidade. — Falou, chamando minha atenção, desconfiado.

— Desde quando você se importa com a causa? — Questiono e ele suspira, colocando o notebook, que só percebi que ele carregava agora, sobre a mesa, o ligando.

— Eu nunca fui um hater, caso não saiba. Trata-se de um caso ocorrido em nosso país. Um bando de filho da puta que tirou vidas inocentes. Temos que oferecer uma mão a todos. Um local onde possam estar na mais completa segurança. E nós podemos oferecer isso. Temos condições.

— E o governo? — Questiono e ele me encara com a sobrancelha erguida.

— O que tem?

— Você sabe que há uma burocracia imensa para construir um negócio como esse, não é? — Falo e ele balança a cabeça.

— Essa gente não faz nada além de esquentar a bunda na cadeira e coçar o saco todo dia. Não quero eles envolvidos no meu projeto. Temos nossos acordos. Eles têm o lugar repleto de mentiras deles e a gente tem os nossos. Quero uma Cafeteria LGBTQIA+, onde abrace todas as diversidades, mas com uma segurança reforçada. Temos bons soldados que sabem enxergar um desgraçado de longe. Não quero qualquer lugar, mas um local bem protegido, seguro, que seja aconchegante, com comida de qualidade e que se sintam em casa. É isso que eu quero. — Falou, me fazendo sorri, enquanto revia o conteúdo da pasta. — O que foi? Não gostou? — Questionou, preocupado. Fecho a pasta, erguendo o olhar para meu irmão.

— Não… eu achei incrível. Vamos fazer isso. — Falo, lhe estendo a mão. Ele sorriu largamente, apertando minha mão.

Um projeto e tanto…

Mas acredito que vai valer muito à pena.

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