🏆Eleita uma das melhores histórias de 2022 pelos embaixadores Wattpad🏆
Uma mistura dos bestsellers "Corte de Espinhos e Rosas", "De Sangue e Cinzas" e "Game of Thrones"
A princesa Elizabeth nasceu amaldiçoada pela Escuridão. Por isso, ela foi cri...
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Oradea, Reinos unidos da Wallachia, Moldavia e Transylvania Outono de 1356
Meus sonhos não eram comuns; eles pareciam revelar vislumbres de um futuro que eu ainda não havia vivido. Eram estranhos, perturbadores, e, ao mesmo tempo, fascinantes. Eles me causavam uma sensação inquietante, como se estivessem tentando me dizer algo importante.
Algo que eu precisava descobrir antes que fosse tarde demais...
Ouvi o grito gutural de um homem. Reconheci sua voz. Era a voz de Ionuţ, o conselheiro do meu pai.
— Proteja a princesa! Leve ela para o mais longe possível — esbravejou Ionuţ.
As tochas na parede do corredor que dava acesso aos quartos do Castelo de Crişana lançavam uma luz amarelada no chão coberto de um líquido carmesim viscoso.
Pisei no líquido, ainda quente, que espirrou em meu vestido manchando de vermelho. Um cheiro metálico subiu preenchendo o amplo corredor. Minhas narinas se contraíram em protesto com o aroma de sangue fresco.
Um frio intenso me cortou por dentro, anestesiando todos os meus sentidos quando olhei em volta e vi duas cabeças decapitadas no chão. Elas pareciam familiares. Cheguei mais perto ignorando o sangue sob meus pés.
Meu coração disparou quando reconheci os rostos.
Eram as cabeças dos meus pais que estavam no chão de pedra frio.
Eu queria gritar, desesperadamente. Abri minha boca, mas nenhum som saiu. Um nó se formou em minha garganta.
Respirei fundo, demorando em cada puxada de ar, tentando me acalmar.
Não funcionou.
Ao lado dos corpos decapitados estava um homem que vestia uma armadura de couro cor de ônix em seu poderoso corpo. Ele apertava com força o punho de uma espada prateada.
Sangue gotejava da lâmina.
Tentei me aproximar para ver o rosto do assassino dos meus pais, mas escorreguei no sangue que cobria o chão de pedra e caí com um estampido. Foi quando o cavaleiro negro notou a minha presença. Ele lançou um olhar vazio... sem vida em minha direção.
Acordei de supetão, com um grito estrangulado na garganta. Me acalmei um pouco quando ouvi o barulho das criadas que andavam e conversavam no corredor do castelo de Crişana. Eu estava toda suada e meu rosto macilento. Meu coração batia acelerado contra as minhas costelas.
Percebi que tive um pesadelo mesmo ele parecendo tão real. Foi só um pesadelo, repeti várias vezes para mim, tentando esquecer aquelas cenas de horror. A ansiedade com o casamento que será celebrado daqui a poucas horas causou o pesadelo, pensei, enquanto me encolhia na cama e abraçava os meus joelhos.
Eu estava noiva do príncipe da Moldavia, e aquele era o dia em que a união seria celebrada. Todos no castelo estavam animados. Uma festa era bem-vinda em uma época com tantas dificuldades e incertezas.
O outono trouxe temperaturas tão baixas que parecia ser inverno. Um vento congelante soprava forte e a neve se acumulava nos telhados e nas plantações de Oradea o que fez o solo congelar provocando a perda de grande parte da colheita. As pessoas sofriam com a falta de comida, frio, guerras e doenças. Era também um momento de grande instabilidade entre os reinos do continente europeu que lutavam para expandir seus territórios. Em uma época com tantas dificuldades, um casamento era necessário para distrair um pouco as pessoas de todos os infortúnios que passavam.
Era uma solução covarde, mas funcionava.
Eu estava tomando coragem para me levantar da cama quando minha dama de companhia entrou apressada no quarto. Ela vestia seu usual vestido de algodão cor de areia. Era uma jovem de uns trinta anos. Tinha o corpo magro e baixa estatura. O cabelo preso em um coque era um tom de loiro dourado como o sol em uma tarde de inverno. Seus olhos castanhos me encaravam quando ela disse:
— Princesa, é hora de acordar.
— Por favor, Nadia, só mais um pouco. O sol ainda nem nasceu — eu disse sonolenta.
— Princesa, já estamos com os preparativos atrasados.
Ela parou ao meu lado, igual às estátuas de mármore da biblioteca do meu pai. Virei para o outro lado, desviando de seu olhar, sem intenção nenhuma de levantar. Puxei o cobertor e cobri o rosto.
— Elizabeth Maria D'Adrelean, não vou repetir — disse ela com um tom ameaçador — Levante agora dessa cama — exigiu Nadia puxando o cobertor do meu rosto.
Com muita relutância, eu levantei.
Nadia e mais duas criadas já estavam me esperando. Elas me ajudaram com o banho que dessa vez foi um pouco demorado. Elas passaram um óleo que tinham um cheiro adocicado na minha pele e cabelo. Depois do longo banho, sentei em frente a penteadeira e Nadia secou meu longo cabelo louro-prateado com uma toalha, penteou e depois o prendeu em uma farta trança.
Elas me vestiram com um vestido feito de um algodão branco como a neve que caia preguiçosamente do lado de fora. Por cima do vestido, vesti uma capa com capuz de veludo azul-marinho e pelo branco na borda. Usaria aquela roupa de manhã e de tarde iria vestir o vestido de casamento. Como estávamos no outono e as temperaturas estavam baixas, o casamento seria celebrado no período em que o sol estivesse mais forte.
Saí do meu quarto e andei em direção a janela que ficava no corredor. Sentei no peitoril da janela que tinha vista para o jardim e pátio do castelo. A vastidão verde coberta de branco delimitada por árvores exuberantes em tons de vermelho e laranja-ferrugem. Enquanto observava a paisagem me senti como um fantasma assombrando o próprio corpo, observando a vida do outro lado do vitral.
— Sempre estarei com você. — A escuridão sussurrou em meu ouvido, fazendo os pelos da minha nuca arrepiarem.
Engoli em seco.
A voz da escuridão era como uma flor viciosa que crescia na beira de um penhasco. Bela, mas letal. Eu sabia que, no momento que eu a agarrasse, eu mergulharia em um precipício sem fim.
Chacoalhei a cabeça para os lados tentando expulsar a voz dos meus pensamentos, foi quando vi o meu noivo treinando com os cavaleiros do reino no pátio. Seu estonteante cabelo dourado como ouro polido emoldurava seu rosto delicado. A sua pele clara levemente salpicada pelos raios solares se confundia com a neve que acumulava no solo. A espada que ele segurava contra seu corpo cintilava sob a luz solar com os movimentos rápidos e precisos que ele fazia.
Mikhail parecia uma mistura de anjo com estrela-cadente.
Ele era absolutamente magnífico.
Sem pensar duas vezes, parti para o seu encontro.
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