Capítulo 12

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Eu estava no meu quarto esperando Nadia me chamar para o banho

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Eu estava no meu quarto esperando Nadia me chamar para o banho. Deitei e comecei a rolar na cama macia que cheirava a lavanda. Eu estava ansiosa. Meu corpo ainda sentia toda a adrenalina do massacre na floresta. Tentei respirar devagar colocando a mão no peito para inspirar e expirar. Em vez de me acalmar, senti a falta de algo. Levei a mão ao crucifixo ao redor do pescoço, o crucifixo que não tirara desde que recebi de minha mãe, mas só encontrei o vazio.

Não havia nada ali... apenas a sensação de que faltava algo.

Amanhã vou pedir para Mikhail me levar na clareira.

Nadia apareceu na porta do banheiro da minha suíte e disse que o banho já estava pronto. Quando entrei no banheiro, as criadas me ajudaram a tirar a roupa. Pedi para elas saírem e entrei na banheira com água fumegante que ajudou a relaxar meu corpo que ainda estava tensionado de adrenalina. Uma das lições da minha mãe era: a cura para qualquer coisa é um banho de banheira. E eu realmente esperava que aquele banho curasse muito mais do que os machucados no meu corpo. Enquanto me limpava, eu passava a mão nos músculos do meu pescoço e ombro que estavam rígidos, feito pedra. Quando a água esfriou, me enrolei em uma toalha e fui para o quarto.

 Quando a água esfriou, me enrolei em uma toalha e fui para o quarto

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Uma eternidade depois, eu tinha sido arrumada até a morte. Nadia secou meu cabelo e me ajudou a vestir um vestido branco leite com bordados dourados. Era lindo, mas tinha tecido demais. Reclamei que não conseguia respirar quando Nadia amarrou o espartilho em minhas costas. Ela deu de ombros. Meu pescoço, orelhas e pulsos foram adornados com joias douradas cravejadas de rubis. As criadas fizeram um coque baixo no meu cabelo loiro, colocaram no topo da minha cabeça a coroa dourada que minha mãe usou quando casou com meu pai e por cima colocaram um longo véu rendado.

A maquiagem era simples, mas elegante. Os tons rosados e terrosos destacavam meus olhos azuis e a pele branca. O sapato com um pequeno salto era um pouco desconfortável. As joias incrustadas de rubis contrastavam com minha pele pálida e traje branco. O que me deixou um pouco desconfortável já que me lembravam todo o sangue que vi na clareira. Quando as criadas terminaram de me arrumar, elas lançaram um olhar de pura admiração na minha direção.

— Nunca vi uma noiva tão bela — e continuou. — É a princesa mais linda de todos os reinos — suspirou Nadia com os olhos brilhando.

As criadas assentiram com a cabeça.

Eu soltei uma risada abafada. Nadia tinha uma tendência de exagerar.

Parei em frente ao espelho. Observei o elegante vestido branco rendando que parecia flores edelvais acentuando meus quadris. O decote valorizava os meus seios pequenos. Passei a mão no coque baixo frouxo com alguns fios soltos que emolduravam o meu rosto.

Eu possuía uma beleza sobrenatural. Uma beleza que era reservada apenas para os imortais. O punhado de sardas no meu nariz se enrugaram quando franzi o rosto. As sardas eram a imperfeição preferida do meu rosto: elas me lembravam que eu tinha uma parte humana.

Engoli seco e lancei um sorriso forçado na direção das criadas.

— Obrigada, Nadi!

Nadia me tratava como se eu fosse sua irmã mais nova, já que era dez anos mais velha do que eu. Seus olhos começaram a lacrimejar quando seus lábios partiram.

— Não consigo acreditar que você cresceu tanto em tão pouco tempo. E que vai se casar. Agora você é uma mulher crescida — disse ela soluçando. — Vai começar sua própria família.

Nádia me abraçou, do jeito que eu sempre imaginei que irmãs de
verdade se abraçariam. Minha garganta queimou e meus olhos encheram de lágrimas.

— Não ouse chorar princesa. Vai estragar todo o nosso trabalho — disse ela irritada encarando as outras criadas. — Vamos. Estão todos esperando a noiva. — Lágrimas escorriam pela bochecha rosada de Nadia que ela secava na manga do vestido. Ela pegou a minha mão e me guiou do quarto até a igreja do castelo.

Quando cheguei na igreja, que estava decorada de maneira simples, mas elegante, vi meu pai, o rei Claudius, sentado ao lado de minha mãe, a rainha Esther. Meu pai vestia uma túnica vermelha com detalhes em branco. Sua coroa dourada se destacava em seu cabelo grisalho. Seus olhos castanhos me olhavam com satisfação. Minha mãe vestia um vestido de veludo vermelho que criava um contraste com sua pele branca. A coroa dourada parecia sumir em seu cabelo loiro que estava preso em um coque baixo. Seus olhos azuis me fitavam com alegria.

Sentados ao lado dos meus pais estavam o rei e a rainha da Moldavia. O rei consorte Marius Ivanova usava uma coroa prateada em seu cabelo grisalho. Seus olhos azuis me observavam com indiferença. A rainha Tassa Ivanova da Moldavia estava ao seu lado. Ela também usava uma coroa prateada em seu cabelo castanho.

Em pé, ao lado do arcebispo, estava Mikhail. Ele vestia uma túnica branca com detalhes dourados combinando com o meu vestido. No topo de sua cabeça ele usava uma coroa dourada que complementava sua aparência elegante e angelical. Ele era a visão de um príncipe encantado perfeito que vi descritas inúmeras vezes nos livros de contos de fadas.

Nossos olhos se encontraram e eu sorri com meu coração transbordando de alegria.

Quando os convidados me viram, eles levantaram dos bancos de madeira que estavam dispostos no grande salão da igreja. Forcei o ar para dentro dos pulmões e comecei a andar no corredor de flores.

— Ela é tão bela porque é amaldiçoada. É uma criatura bebedora de sangue, ladra de almas, imortal da escuridão, que atrai homens inocentes com sua beleza profana e os devora — cochichou uma mulher para um homem conforme eles observavam eu caminhar em direção ao altar.

Eu já estava acostumada com comentários maldosos. Eu cresci ouvindo eles, mas mesmo com toda a minha experiência em lidar com eles, nunca era fácil ouvi-los. Meus pais diziam que com o tempo iria ficar mais fácil enfrentá-los, mas, na verdade, ficava cada vez mais difícil. A medida que o tempo passava, os comentários me sufocavam cada vez mais, a ponto de eu sentir que a qualquer momento eu poderia me afogar nas palavras perversas que eles proferiam.

Soltei um suspiro profundo e forcei um sorriso no rosto, ignorando todos os sussurros dos convidados. Era um dia de alegria e comemoração. Era o dia do meu casamento e eu não permitiria que eles estragassem o meu dia.

Trono de Sangue e RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora