Capítulo 65

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Caminhamos silenciosamente até o pátio do castelo. Dietrich, as gêmeas comandantes do exército Wallachiano e os cavaleiros da Wallachia já estavam nos esperando. Os cavalos relinchavam no pátio, ansiosos. 

Assim que Dietrich me viu, ele fez um floreio debochado e balbuciou sem emitir som: Vossa Majestade.

Balbuciei de volta: ridículo.

Ele riu.

Eu sorri.

Eu gostava disso em Dietrich. A facada - merecida - em seu ombro não abalou nossa amizade. Ele continuava irritantemente debochado e irreverente. As brincadeiras bobas eram tanto um bálsamo quanto uma distração. Ele fazia eu esquecer, por um momento, que estávamos marchando para a guerra... para a morte.

Meus olhos correram o pátio e percebi que faltavam alguns integrantes do círculo íntimo de Aleksander.

— Onde estão Ionuţ e Cristian? — perguntei para Aleksander.

— Eles vão ficar para proteger Oradea — ele respondeu com um tom de voz monótono.

— Não vamos ficar em Oradea?

— Não. 

A constatação de que não ficaríamos em Oradea me fez soltar um suspiro de alívio. 

Eu estava aliviada em saber que iríamos para longe da cidade em que nasci. O vislumbre do banquete sangrento acontecia no castelo de Crișana. Mas algo mudou. E com a mudança veio a esperança de impedir o massacre.

Se o massacre for impedido, então Aleksander  viverá. 

Não fiz mais perguntas. Eu tinha medo de perguntar mais detalhes do plano e fazer Aleksander mudar sua decisão. 

Se  Aleksander mudar a decisão, então o banquete sangrento acontecerá? Aleksander morrerá? 

Meu coração disparou contra as minhas costelas com perguntas que eu não tinha respostas. Perguntas que eu tinha medo das respostas. Quando se perde tudo como eu perdi... você se acostuma a sempre esperar o pior.

Comprimi os lábios.

Resolvi confiar incondicionalmente no plano do comandante do brutal exército Wallachiano.

Montamos os cavalos e cavalgamos até meus quadris latejarem - eu não sabia se era devido à da cavalgada ou por causa da noite de núpcias com Aleksander. Passamos por florestas de carvalho, aldeias e pastagens de feno e flores que começavam a desabrochar. Paramos quando alcançamos um campo esverdeado rodeado pelas exuberantes montanhas dos Cárpatos ocidentais. De longe, reconheci os Montes Bihor cobertos de neve e gelo que começava a derreter e deslizar monte abaixo com um estrondo de trovão. Estávamos em Pădurea Craiului, conhecido como o Bosque do Rei. Era um dos poucos locais do reino que meus pais me permitiram visitar quando eu era uma princesa cativa. 

— Eu entendo que seu plano ao nos trazer para o Bosque do Rei é atrair Mikhail para longe de Oradea. Se uma batalha acontecer, você não quer que Oradea seja afetada com caos, morte e destruição — afirmei encarando os olhos escuros do meu marido. Não precisávamos usar nossos poderes para descobrir os planos do outro. Era como se estivéssemos unidos. Conectados. Sincronizados. Éramos um par. — O que você disse para atrair Mikhail para fora de Oradea? — Aleksander não precisava me dizer que usou seus poderes para enviar uma mensagem na mente perversa de Mikhail.

Ele hesitou por um momento quando disse:

— Eu disse que você era a minha refém.

Eu franzi o cenho. 

Trono de Sangue e RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora