Capítulo 56

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Eu estava caindo no nada

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Eu estava caindo no nada. Era um lugar escuro sem fim como se toda a luz tivesse sido devorada pela escuridão. Nenhuma luz existia naquele lugar. Nenhuma brisa soprava.

Eu estava perdida no tempo e espaço.

Depois de um tempo caindo no vazio, estrelas começaram a surgir lançando um brilho prateado na escuridão. Não sei por quanto tempo caí quando meus pés encontraram o chão. O chão estava coberto por um líquido escuro como ônix que não molhava os meus pés, ele apenas refletia o exuberante céu estrelado.

Comecei a explorar o ambiente.

Eu andei após um lugar onde todo o tempo parecia estar misturado junto ao céu. O crepúsculo salpicado de corpos celestes era deslumbrante. Lembrei do lugar que o humanoide coberto de estrelas e escuridão disse ser o meu lar.

Ouvi gargalhadas estridentes de crianças. Ao longe, eu vi uma luz tremeluzente âmbar. Caminhei em cima do líquido escuro até chegar em um cômodo iluminado por uma lareira. Imediatamente reconheci as paredes de pedra cinzenta e as estantes abarrotadas de livros. Um cheiro terroso e amadeirado pairava no ar. Em cima de uma porta de madeira reconheci a placa que meu pai pessoalmente entalhou "Se tens um jardim e uma biblioteca, nada lhe faltará".

Eu estava na biblioteca do castelo de Crișana.

Duas crianças estavam sentadas em um sofá na frente da lareira. Uma menina estava aninhada no braço de um menino de cabelos escuros como nanquim que segurava um livro de couro vermelho, estranhamente familiar.

— Encostado no dragão morrendo pela maldição, o príncipe desabou a chorar, entre um soluço e outro ele suplicou aos Deuses para tirarem ou ao menos dividirem com ele a maldição da princesa. Enquanto o príncipe implorava aos Deuses, o dragão se dissolveu em uma luz dourada iluminando o céu da meia-noite. Quando o príncipe viu a princesa surgir da luz em sua forma humana, ele entendeu as palavras do bruxo. A maldição foi quebrada porque no momento que o príncipe quis dividir a maldição com a princesa foi o momento em que a princesa foi amada, algo que o bruxo disse ser impossível de acontecer. E assim o príncipe e a princesa viveram felizes para sempre — disse o menino fechando o livro.

— Para sempre? O que é para sempre? — indagou a menina.

O menino desviou o olhar para o fogo crepitante da lareira quando disse:

— É como viajar para um lugar muito... muito distante, mas nunca chegar ao destino. É como navegar no oceano, mas nunca aportar em terra firme.

— Que bom que o príncipe tinha a princesa para atravessar o oceano com ele. Se ele fizesse isso sozinho teria sido muito... muito solitário.

— Sim — murmurou o menino.

— Você já viu o oceano? — perguntou a menina, entusiasmada. 

Ele assentiu que sim.

Trono de Sangue e RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora