Capítulo 62

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Tentei dispensar as criadas, mas elas insistiram em me ajudar com o banho

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Tentei dispensar as criadas, mas elas insistiram em me ajudar com o banho. Após eu ser lavada até a exaustão, elas me ajudaram a vestir um delicado vestido de renda preto como ébano entremeado com fios brancos como a luz da mais pura estrela. O vestido tinha um decote profundo na parte da frente revelando uma grande extensão da minha pele pálida.

Calcei um sapato de salto pequeno que para a minha surpresa não era desconfortável. Enquanto as criadas estavam distraídas discutindo a cor da fita para trançar o meu cabelo, embainhei contra a minha coxa a faca que peguei no quarto de Aleksander. Por fim, elas escolhem uma fita escura como abrunheiro. No topo da minha cabeça foi colocada uma perfumada coroa de flores silvestres que segundo as criadas representava a fertilidade da Deusa Ostara.

— Terminamos — disse uma das criadas. — Você está perfeita!

— Obrigada. — Agradeci. Parei em frente a um espelho de corpo para me observar. Deslizei as mãos pelo decote profundo.

Eu estava deslumbrante e... ousada. Bem diferente de como eu costumava ser. Por anos, eu me diminui com o objetivo de ser insignificante demais para ser lembrada. Eu queria parecer inocente. Queria ser vista como humana e inofensiva. Eu sempre me preocupei com a maneira como a minha existência aterrorizava as pessoas e fiz tudo o que estava ao meu alcance para me diminuir, diminuir minha luz... minha alma... minha essência.

Eu queria desesperadamente parecer humana. Eu queria ser humana. Queria muito agradar aos desgraçados que me julgavam sem me conhecer, e nesse processo acabei perdendo a minha essência. Mas eu me libertei disso. E esse vestido era o símbolo da minha liberdade. Eu não precisaria mais da aprovação de ninguém. Não me importaria mais com o que eles pensavam sobre mim. E, principalmente, eu nunca mais iria me diminuir por ninguém.

— O vestido é lindo! — Sorri para as criadas. — Quem escolheu o vestido? Dietrich?

— O vestido foi escolhido pelo príncipe. Estava guardado há muitos anos. — A criada engoliu em seco e baixou o tom de voz. — Dizem que ele escolheu para a rainha que ele sempre desejou, mas nunca teria.

Eu me surpreendi com a resposta. Não esperava que Aleksander tivesse tanto bom gosto para vestidos e tivesse um gosto tão... ousado. Mesmo eu conhecendo ele desde criança eu sabia tão pouco sobre ele.

Aleksander teve uma infância difícil. Sofreu muito e para se proteger construiu muros e vestiu armaduras impenetráveis. Se isolou. Fingiu ser um traidor. Um monstro.

Eu não sabia seus sonhos. Ambições. No passado, eu sabia que ele sempre desejou a independência da Wallachia. Mas agora o que ele desejava?

Suspirei fundo.

Eu não sabia quase nada sobre o meu futuro marido, mas eu desejava aprender mais sobre ele. Meu coração ansiava por desvendar e aprender sobre cada versão dele. Eu queria derrubar os muros que ele construiu. Eu queria arrancar a armadura que ele usava. Eu queria aprender tudo sobre ele. Sobre o meu par. Sobre o homem que eu amava.

Trono de Sangue e RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora