Capítulo 50

1.1K 142 72
                                    

Eu viajava em um ritmo brutal

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eu viajava em um ritmo brutal. Só parava quando a Fenella estava muito cansada. Enquanto ela descansava, eu caçava e dormia. Eu precisava viajar rápido para aumentar o máximo possível a minha distância de Mika e o 9° regimento.

Depois de alguns dias cavalgando cheguei ao sul do Reino de Kent. Peguei uma balsa com destino ao ducado da Borgonha. Quando desembarquei Ducado, recomecei minha rotina de cavalgada brutal. Eu passava o dia galopando em estradas sinuosas, mas sempre evitando as estradas reais que eram atacadas por bandidos com frequência. Se eu fosse atacada, eu os neutralizaria com facilidade, mas a notícia do ataque se espalharia revelando minha posição para Mika.

Eu não podia arriscar.

O inverno começava a ceder espaço para a primavera. As temperaturas começavam a subir e a neve a derreter mudando a paisagem branca e desolada para deslumbrantes campos esverdeados.

Quando vi no horizonte uma pequena vila e um castelo no topo de uma colina, eu soube pela arquitetura das construções que eu estava no Sacro Império Romano-Germânico.

Não parei.

Continuei me deslocando até entrar em uma densa floresta constituída, principalmente, por pinheiros com longos galhos que cresciam em direção ao céu e folhas tão largas que comprometiam a incidência de luz no chão negro. O sol estava a pino, mas parecia ser noite conforme eu adentrava a floresta.

Quando o crepúsculo chegou derrubando drasticamente a temperatura, uma nevasca que parecia não ter fim castigou a floresta. A minha respiração condensava o ar na minha frente. Cada exalação que eu dava o mundo obscurecia por um breve instante até as árvores sumirem em meio à brancura. O frio infiltrava, sem piedade, os meus poros chegando até os meus ossos. Esfreguei os meus braços em volta do corpo enquanto meus dentes trincavam. Meus ossos rangiam. Fenella relinchava agitada. Deitei junto com ela e nos cobri com um cobertor grosso que tirei do alforje, mas não era o suficiente para nos manter aquecidas. Eu sabia que eu não morreria, mas eu congelaria alí. Ficando em um estado dormente entre a vida e a morte. Fenella não teria a mesma sorte. Ela morreria.

— Temos que continuar Fenella. Precisamos de abrigo.

Levantei e puxei seus arreios. Ela não se moveu e protestou balançando a cabeça para os lados.

Passei a mão em seu pelo e tirei a neve acumulada. De repente, ela relinchou arregalando os olhos e se empinou nas duas patas traseiras. Eu caí no chão colocando a mão no meu rosto para me proteger de um possível impacto de suas patas em meu corpo, mas por sorte, as patas caíram ao meu lado e ela disparou sumindo na escuridão levando todo o meu suprimento.

— Que inferno, Fenella — xinguei conforme me levantava tirando neve e terra das minhas roupas.

Foi quando vi olhos espreitando na escuridão. Estreitei os olhos a tempo de ver um grupo de lobos tão famintos que estavam caçando no meio de uma nevasca. Desembainhei a adaga que ficava contra a minha coxa. Era a única arma que tinha sobrado. Me coloquei em posição de luta. Um dos lobos avançou. Desviei do ataque rolando no chão. Se eu matasse os lobos iria deixar um rastro impossível de ser ignorado por Mika. Iria jogar fora todo o esforço de encobrir meus passos que eu tinha feito até chegar no Sacro Império Romano-Germânico.

Trono de Sangue e RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora