Capítulo 52

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Cavalguei cortando o leste europeu

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Cavalguei cortando o leste europeu. A primavera era cada vez mais predominante na paisagem. Flores de todas as cores desabrocharam nos campos esverdeados perfumando o ar. O sol brilhava no céu aquecendo e derretendo a neve no topo das montanhas. Os rios de águas cristalinas se tornavam revoltos com a neve derretida que os adentrava.

Avistei uma floresta familiar no horizonte. Desci da Fenella e puxei ela pelos arreios. Quando entramos na floresta, os pássaros cantavam alegremente celebrando o começo da estação das flores. As árvores altas com suas copas cheias de folhas farfalhavam na brisa refrescante. As copas fartas criavam um ambiente úmido perfeito para os musgos que cresciam nos troncos e raízes e no chão.

Quando eu entrei em um bosque, um carvalho frondoso me chamou a atenção. Passei a mão em seu tronco áspero coberto de musgos procurando algo que eu acreditava ser praticamente impossível de achar, pois a muito tempo fora esquecido. Minhas mãos exploraram a superfície do tronco até meus dedos sentirem depressões. Me inclinei para ler o que estava gravado na madeira.

— Eliz e Mika — murmurei baixinho para mim. Um sorriso nostálgico se formou nos meus lábios.

A promessa de um príncipe e uma princesa que juraram nunca se separar. Mas lá estava eu sozinha nos Reinos Unidos da Wallachia, Moldavia e Transylvania em uma missão que possivelmente custaria a minha vida. Chacoalhei a cabeça para os lados tentando afastar os pensamentos do passado.

O tronco esculpido era a prova definitiva que eu tinha chegado à Oradea. Suspirei aliviada. Apertei a devoradora de corações presa na minha coxa. A lâmina gelada sibilava contra a minha pele. Mas ela não sibilava uma canção alegre. Ela sibilava uma canção de morte. A adaga estava sedenta por sangue.

Voltei a puxar os arreios de Fenella nos guiando para fora da floresta. O farfalhar das folhas e o canto dos pássaros findaram e foram substituídos pelo galope estrépito de cascos de cavalo e o estiramento das carroças de madeira. Assim que saí da floresta, vi uma cidade vibrante que eu não reconheci. Se eu não tivesse visto a árvore entalhada com meu nome e de Mika eu não iria acreditar que a cidade na minha frente era Oradea onde ficava o castelo de Crișana. Suspirei fundo e cobri meu rosto com o capuz da minha capa antes de andar no meio da multidão.

O comércio fervilhava.

Havia tanta vida e calor e alegria.

As pessoas passeavam e compravam nas lojas de rua. Todas sorrindo sob o sol brilhante da primavera. Crianças brincavam no rio Crișul. As ruas que antes eram de terra batida foram substituídas por pedra polida. Os becos que antes eram tomados pelo cheiro fétido de dejetos humanos e de animais agora estavam preenchidos pelo delicioso aroma de pão, ervas frescas e batata assada. Meu estômago revirou como um ninho de cobra. Eu estava faminta, o estômago dolorido e as pernas bambas. Eu nem conseguia lembrar da última vez que comi.

Andei em direção ao castelo de Crișana me misturando no meio das pessoas. Esbarrei em duas mulheres com roupas elegantes que me olharam como se eu fosse suja e indesejada. Encolhi meus ombros e abaixei o olhar para as minhas roupas que estavam em farrapos. A espada discretamente embainhada na cintura. Quando cheguei em frente à muralha cinzenta de Crișana, contei dez guardas protegendo o portão de entrada e vinte guardas patrulhando a muralha, de pé nas ameias e empoleirados nas alcovas como aves de rapina.

Trono de Sangue e RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora