Capítulo 4

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— Vamos voltar para o castelo, minha princesa

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— Vamos voltar para o castelo, minha princesa.  Antes que você se suje mais e arruíne o trabalho da Nadia. — Mikhail sorriu e deu um beijo na minha têmpora. 

Ele levantou e estendeu a mão para me ajudar a levantar. Aceitei a oferta. Quando estava em pé, bati a mão na capa de veludo para tirar o excesso da neve. Caminhamos em direção aos cavalos e Mikhail como um nobre cavalheiro me ajudou a montar.

— Obrigada, príncipe da Moldavia... ou seria príncipe dos Reinos Unidos? — Ri com escárnio. — Vossa alteza, príncipe dos Reinos Unidos da Wallachia, Moldavia e Transylvania — disse enquanto fazia uma reverência debochada.

— Se o seu humor melhorou tanto que já está até fazendo piadinhas. Se prepare para hoje à noite, pois eu não irei deixar você dormir nem por um segundo. — Ele riu com uma risada maliciosa que aqueceu meu sangue.

Mordi os lábios.

Meu rosto parecia arder em chamas com as palavras de Mika fazendo todo o meu sangue se concentrar nas minhas bochechas.

Os meus pais me incentivaram a ser curiosa e ousada, contanto que eu não passasse dos muros do castelo, mas eu não era ousada em todos os aspectos. Certas coisas me deixavam nervosa como pensar na consumação do casamento. Eu era uma princesa e como de costume eu tinha tido pouca experiência com homens. Oficialmente, somente dias antes do casamento recebi alguma educação envolvendo relacionamento entre homens e mulheres, mas extraoficialmente eu já tinha lido alguns livros na biblioteca considerados inapropriados para uma lady... para uma princesa. Eu estava com um pouco de medo, mas também estava ansiosa para a noite de núpcias.

Saímos da floresta congelada e cavalgamos até atravessar as muralhas cinzentas que protegiam o castelo de Crişana.

Assim que atravessamos a muralha, desmontamos dos cavalos e caminhamos na direção da entrada do castelo. Entregamos as rédeas para um cavalariço guiar os cavalos para o estábulo.

Enquanto estávamos na floresta silenciosa, o primo de Mikhail assumiu o treinamento dos cavaleiros da Transylvania. Ele era o comandante mais jovem da guarda real do meu pai e príncipe da Wallachia. Os pais dele morreram, quando ele tinha dez anos, defendendo a Wallachia das constantes invasões que a região sofria e por isso ele foi criado pelos pais de Mikhail na Moldavia.

Se Mikhail podia ser comparado com um anjo por tamanha beleza imaculada, então o seu primo poderia ser comparado com um demônio por possuir uma beleza ameaçadora, mas ainda assim igualmente etérea e hipnotizante.

Ao contrário de Mikhail, o príncipe da Wallachia não era um príncipe de contos de fadas. Ele era morte e fogo e qualquer um estúpido o suficiente para se aproximar dele, seria consumido por seu inferno.

— Vejo que nem se tornou príncipe dos Reinos, mas já está negligenciando seus deveres — disparou o primo de Mikhail ostentando a expressão arrogante de sempre enquanto ele observava com seus olhos escuros como obsidiana eu e Mikhail andando no pátio do castelo.

— E vejo que meu querido primo Aleksander continua paranoico com o treinamento.

— É melhor saber lutar e não precisar do que se ver em uma emergência e não saber lutar — A cabeça de Aleksander se virou em minha direção, seu olhar predatório capturando o meu. Por um momento, eu esqueci como respirar. Quando finalmente eu respirei, eu queria chutá-lo por ser tão deslumbrante.

— Acho que seu esporte favorito é me irritar — retrucou Mikhail, dando de ombros.

— Deuses... por que Aleksander é tão irritante? — murmurei para mim mesma.

A resposta era óbvia. Os Wallachianos eram maus por natureza, corrompidos pelas brutais técnicas de combate que dominavam. A Wallachia era a terra que forjava os guerreiros mais habilidosos do continente. Os Wallachianos eram poderosos, impiedosos... e igualmente, irritantes.

Por isso meus pais sempre me alertaram: "Não faça acordos com Wallachianos. Eles são criaturas da meia-noite, nascidos das trevas e do fogo das estrelas, que jogam os seus próprios jogos e inventam suas próprias regras. São seres inescrupulosos e mentirosos que usam seus contratantes para seus próprios ganhos. E, acima de tudo, nunca se apaixone por um Wallachiano. Uma maldição corre em suas veias. Eles têm o sangue do dragão. E uma vez que você chama a atenção de um dragão, ele não vai parar por nada até te reivindicar e destruir."

Engoli em seco quando uma rajada de vento congelante fez o cabelo cor de ônix na altura do ombro de Aleksander balançar.

Aleksander vestia um casaco preto comprido com gola alta, botas de couro gastas, uma espada prateada e uma adaga na cintura. Observei a irritante pinta que ficava no alto da maçã de seu rosto na estrutura do osso zigomático. Logo abaixo dos olhos.

Eu jamais vira ninguém tão lindo quanto Aleksander e nunca sentira tanto alarmes de aviso na cabeça para ficar longe dele enquanto me sentia atraída por ele. Era como se eu estivesse presa em uma teia de aranha e quanto mais eu tentava fugir... quanto mais eu me debatia, mais a teia me prendia.

— Você não tem nada a temer. — A escuridão acariciou a minha têmpora com uma voz aveludada.

Mordi os lábios e dei um passo atrás para recobrar o fôlego.

Mikhail inclinou a cabeça, me observando. Ele segurou a minha mão, aproximou-a dos seus lábios e beijou os nós dos meus dedos com cuidado, quase com reverência e disse:

— Vejo você no altar, Eliz.

A carícia fez a minha pele estremecer, mas foi o olhar ardente de Mika que me fez ficar sem ar. Senti meu rosto quente e o calor se concentrar no meu nariz. Me sentia tão idiota por meu corpo reagir assim.

— A princesa foi envenenada — disse Aleksander com um tom de voz monótono quando senti um líquido quente descer pelo meu nariz.

Trono de Sangue e RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora