Capítulo 18

1.7K 239 44
                                    

— Trouxe a banheira — disse uma voz feminina através da porta

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Trouxe a banheira — disse uma voz feminina através da porta.

Levantei da cama e abri a porta para a criada acompanhada de dois homens que carregavam uma pequena banheira de madeira. Eles a espremeram na frente da lareira e saíram. Quando a menina ia fechar a porta do quarto, perguntei:

— Você poderia trazer toalhas e sabão?

— Claro. Precisam de mais alguma coisa, milady? 

— Precisamos de lenha para a lareira.

— A lenha está armazenada na cozinha. Vou pegá-la após trazer a água para a banheira.

— Posso ajudar você?

Ela hesitou e disse, preocupada:

— Pode. Mas o serviço pode ser pesado para você, milady.

— Pode não parecer, mas sou mais forte do que pareço — Eu sorri. — Qual é o seu nome? — perguntei com uma curiosidade genuína.

— Eu me chamo Olesya. Prazer em conhecê-la, milady — Ela fez uma reverência desajeitada. 

Corri para corrigir sua postura.

— Você não precisa se curvar para mim. Sou apenas a esposa de um humilde mercador. — Lancei um olhar na direção de Mikhail. — Por favor... não me chame de milady. Meu nome é Ellie. E esse é meu marido Mitch. 

Mikhail apenas assentiu com a cabeça.

— Essa vila é tão esquecida por todos que quando recebemos pessoas de fora com a aparência... — A menina analisou os meus trajes e de Mikhail. — De vocês. Sempre achamos que são nobres.

Soltei uma risada rouca e reverberante. O que antes eram roupas de nobres agora não passavam de trapos.

— Garanto para você que não somos nobres, Olesya.

Ela assentiu e fez sinal para eu segui-la. 

— Você não precisa fazer isso. Você é uma... — Antes de terminar a frase, Mikhail mordeu os lábios. Então ele soltou um longo suspiro. — O que quero dizer é que esse tipo de serviço é para criados.

— Eu não me importo se o serviço é para criado ou não. E você também não deveria se importar. Tenho que fazer o que eu puder agora e se eu não estiver disposta a fazer nada... eu poderia muito bem estar morta.

Ele franziu o cenho, mas depois relaxou. Soltou um longo suspiro. 

— É verdade. Eu não deveria me importar. Eu não sou mais um príncipe e você não é mais uma princesa. — Ele levantou da cama. — Vou acender a lareira.

Fechamos a porta do quarto e descemos as escadas.

Quando cheguei na cozinha, vi um pequeno forno aceso esquentando uma panela com água. Peguei a água da panela e virei em um balde que levei até o quarto. Olesya e eu fizemos esse caminho várias vezes até a banheira estar cheia de água. Enquanto enchíamos a banheira, Mikhail pegou a lenha, limpou e acendeu a lareira. Quando entrei no quarto e vi Mikhail imundo de cinzas, eu soltei uma gargalhada.

— Que bom que hoje finalmente vamos tomar banho — disse admirando seu rosto que até sujo continuava a ter um charme aristocrático.

Ele soltou uma risadinha. Apontou para a banheira e disse:

— Primeiro as damas.

— Tem certeza? Estou tão suja que não sei se vai dar para usar a água para outro banho depois que eu terminar.

Ele se aproximou e perguntou:

— Se tomarmos banho juntos não teremos esse problema. — Ele sorriu. Um sorriso malicioso que mostrava a ponta das presas. 

— A banheira é minúscula, Mika.

Ele deu de ombros.

— Precisa de ajuda para tirar suas roupas?

Sustentei o olhar encarando seus olhos azuis hipnotizantes.

— Por favor, chame a Olesya para me ajudar — falei com a voz gélida, sem emoção alguma.

Vi a decepção crescer em seus olhos. Um silêncio recaiu no quarto. Então ele se dirigiu a porta e a fechou com um estampido.

Não queria que ele visse as feridas causadas pelo frio cortante da floresta em minha pele que ainda se curava. Eu conhecia ele a ponto de saber que se culparia pelos machucados em meu corpo.

Depois de uns minutos, Olesya bateu na porta do quarto pedindo para entrar. Autorizei. Enquanto ela me ajudava a tirar minhas roupas semicongeladas reduzidas a trapos, ela disse para mim:

— Seu marido está lá embaixo conversando com o estalajadeiro. Parece que ele vai ficar um bom tempo lá.

Suspirei aliviada.

Dispensei Olesya de me ajudar com o banho. Quando ouvi o barulho da porta se fechando, me senti aliviada por ter aquele momento... sozinha. Soltei um gemido quando mergulhei na banheira, sentindo a água quente em minha pele em meio ao vapor que subia. Eu poderia chorar com aquela sensação e o cheiro do sabão depois de dias sem banho. Peguei o sabão e comecei a me esfregar. Eu queria me lavar de tudo o que aconteceu como se fosse uma sujeira impregnada em minha pele. Queria me lavar do massacre na floresta e no castelo e de todos os dias que fiquei na maldita floresta congelada. Meu corpo relaxou na água quente, tirando a tensão dos meus músculos. Encostei na banheira me concentrando apenas no barulho do fogo crepitante da lareira que me acalmava.

Não sei quanto tempo se passou quando ouvi alguém batendo na porta, baixinho.

— Posso entrar? — perguntou Mikhail.

— Só um momento. — Levantei da banheira e me enrolei em uma toalha que tinha um toque áspero em minha pele. — Pode entrar — sibilei.

Meu coração se aqueceu quando ele entrou no quarto e sentou na cama de costas para mim para me dar privacidade.

— O estalajadeiro disse que existe uma pequena cidade há dois dias de distância de cavalgada daqui — disse ele tirando suas botas desgastadas e colocando elas ao lado da cama de casal. — Eles alugam carruagens na cidade. Podemos ir até lá e depois quem sabe... decidir para aonde iremos.

Fui para o outro lado da cama e comecei a me vestir de costas para ele. Coloquei só a roupa de baixo. O meu vestido e minha capa estavam em péssimo estado e foram levados por Olesya para lavar. Ela me disse que devolveria na manhã do próximo dia.

Mikhail continuou a tirar suas roupas sem qualquer pudor. O farfalhar e o ruído de roupa molhada atingindo o chão de madeira preencheram o quarto. Talvez por ele ser um cavaleiro... por lutar em guerras, ele estava acostumado a não ter privacidade e ficar nu na frente das pessoas. Quando a última peça de roupa caiu no chão de madeira, ele caminhou em direção a banheira.

Por um vislumbre, enquanto eu me virava para deitar na cama, vi seu poderoso corpo nu. Meu coração disparou tão incontrolavelmente que eu sabia que Mika poderia ouvir. Que ele poderia sentir a mudança no meu cheiro. Escondi a cara que queimava como brasa no travesseiro e fingi que não vi nada. De longe ouvi um risinho abafado. Virei para o lado com o rosto queimando de vergonha e fechei os olhos.

Não demorou muito para sentir minha consciência viajar para longe. A exaustão acumulada durante vários dias me reivindicou.

Trono de Sangue e RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora