𝐏𝐫í𝐧𝐜𝐢𝐩𝐞 𝐕𝐞𝐫𝐦𝐞𝐥𝐡𝐨

Capítulo 2-Felicidade

{Natan}

Tudo é maravilhoso.

A vida é maravilhosa.

Tudo aquilo que eu sofri, foi tudo mentira.

O sofrimento é inexistente.

É tudo maravilhoso.

Depois da morte da minha querida, eu pensei estár triste, e passei uma semana sem me alimentar ou ver a luz do sol. Meu mundo agora não havia nenhuma cor, nenhum luz, nenhuma faísca de felicidade.

Más depois que eu li aquela carta e descobri que ela foi capaz de tirar sua própria vida só para me causar sofrimento, foi quando eu me toquei.

Lauren era igual á todos os outros que me fizeram sofrer. Ela foi a pessoa que mais queria me ver sofrer, dentre todos os outros.

Ao mesmo tempo que ela era a minha luz, o meu mundo, a minha Deusa, a minha salvação e motivo pra viver, ela se tornou a escuridão, a tristeza, o trauma e me fez pensar que estava triste.

Más eu estava enganado, não existe tristeza.

Depois que li aquela carta, meu desejo de matar voltou como nunca havia sentido antes.

Na minha cabeça, não se passava absolutamente nada. É como se meu corpo se mexesse por vontade própria.

Eu fui até o celeiro onde guardava meus brinquedos á muito tempo, e a diversão começou.

Matar.
Matar.
Matar.
Matar.

Era a única palavra que me fazia algum sentido agora.

Rindo como nunca havia rido antes, matei todas as pessoas que eu vía pela frente para saciar minha cede.

Eu imaginava que todos eram Lauren, más no fundo, eu sabia que não eram. Por isso, continuava insatisfeito.

Más eu também não acreditava que Lauren estava morta, e não fui eu quem manchou minhas mãos com seu sangue.

A felicidade que Lauren me dava não chegou aos pés da emoção de matar todos, tirar a vida desses humanos ingratos.

Más como eu sempre digo, a morte é um presente para todos que entram no meu caminho.

Por isso, não existe tristeza agora.

E agora estou aqui, na cama de um hospício.

Um hospício? Tentei dizer a eles que não sou louco, e se for loucura, eu estava apenas sendo feliz.

Más eles não me ouviram.

Bem, foda-se.

Mesmo trancado, acabado e "louco", eu continuei provando a tal felicidade.

Eu me imaginava matando Lauren da pior maneira possível.

A sufocando, estrangulando, esfaqueando, torturando, provando seu sangue. Tudo era muito excitante, e eu queria tirar a prova real disso.

Não sei por quanto tempo fiquei preso naquele quarto, sem ter contato com nenhuma pessoa. Talvez mêses?

Más em nenhum momento eu pude me sentir triste.

Ás vezes, até ria como se não houvesse amanhã, sem motivo nenhum.

Outras vezes, me divertia imaginando diferentes maneiras de torturar Lauren.

Más agora, eu não me sentia nem um pouco triste.

É como se eu estivesse vivendo em outro mundo, sem me importar se ele é real ou não.

Eu sentia que agora estava livre, de qualquer pessoa que quisesse me deixar triste.

Estava enlouquecendo? É o que diziam, más eu estava feliz.

Feliz no meu novo mundo, um mundo onde eu posso ser feliz, livre.

Até que...

Um humano passou pela porta daquele quarto, depois de muito tempo que fiquei sozinho.

Era um homem de média idade, provavelmente.

Apenas o observei, sorrindo.

-Olá, sr.Natan.

Ele disse, depois de alguns minutos em silêncio.

-Olá.- respondi.

-Eu serei seu psicologo á partir de hoje. Me chame de Sr.Boron.

-Eu preciso de um psicologo?

Ele ignora completamente minha pergunta, e começa a falar.

-Eu estudo seu histórico. Você sabe que sua querida Lauren está morta?

Solto uma risada sincera, e ele arregala os olhos.

-Não. Eu vou saír daqui, e depois disso, vou matar ela com minhas próprias mãos.- me divirto com a expressão dele.

-Hm..- ele anota algo no caderno- e como se sentiria se soubesse que vai passar o resto da vida aqui?

-feliz.- respondo, sem pensar duas vezes.- Lauren morreu pra mim ficar triste, más ela não sabe que não existe tristeza. Eu sou muito feliz aqui..

Ele parece se surpreender de novo, e volta a anotar.

-O que te faz feliz aqui dentro?

-Nada. Aqui, nada. Pois agora, eu vivo no meu próprio mundo. Todos deviam ter um mundo só seu na própria cabeça, lá eu posso ser feliz, doutor.- respondo com sinceridade.

Ele levanta uma sombrancelha.

-Nesse mundo, Lauren está viva?

-Não. Nesse mundo, eu pude torturar ela da pior maneira possível. Esse é o maior motivo da minha felicidade.- lambo os lábios só de pensar.

-E você fica chateado por não poder fazer isso de verdade?

-Não. Eu disse que agora estou feliz.

Ele parece confuso.

-Ok, sr.Natan. Eu vou ver o que posso fazer, depois nos vemos.- ele sai da sala, parecendo pensativo.

Quem disse que tenho que ser feliz nessa realidade suja, quando posso ser feliz no meu próprio mundo?

Solto mais uma risada, e vou até a janela.

Hora hora.. Vós da janela?

Sorrio, lembrando de seu corpo insanguentado. Más seria melhor se eu tivesse a matado.

E eu vou.

-Da mesma forma que jurei por Deus que você me amaria, eu juro por Deus que irei te matar com minhas próprias mãos. - digo, e pulo.