7. UM FURO JORNALÍSTICO

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DEZEMBRO DE 1974 A MARÇO DE 1977

O Eagle mantivera a reivindicação do BTK a respeito do assassinato dos Otero em segredo porque a policia alegou que a publicidade poderia incita-lo a matar de novo. Mas havia outro jornal na cidade naquela época, o semanal Wichita Sun, que empregava uma repórter chamada Cathy Henkel, cuja opinião era um tanto diferente. No dia 11 de Dezembro de 1974, dois meses depois de a policia encontrar a mensagem do BTK na biblioteca. o Sun publicou uma matéria na qual Henkel revelava ter recebido uma cópia da carta do BTK de uma fonte anónima. Ela relatou que BTK significava "Bind, Torture and Kill", e que o assassino ameaçara atacar de novo.

A reportagem deixou as pessoas assustadas, como o chefe de policia Hannon temia, mas também as instigou a tomarem precauções. Henkel escrevera a matéria em parte porque achava que as pessoas tinham o direito de saber que alguém as estava seguindo. Ela consultara psicólogos sem ligações com a policia antes da publicação. Embora os policiais tivessem dito que revelar o segredo poderia encorajar BTK a matar de novo, os psicólogos argumentaram o oposto: como era provável que o BTK quisesse atrair os holofotes, manter o segredo poderia incita-lo a matar.

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Quando o Sun publicou o artigo, a policia ja tinha interrogado mais de 1.500 pessoas sobre os assassinatos dos Otero. A partir de então as linhas do disque denuncia ficaram congestionadas de vez. Pessoas suspeitavam de vizinhos e colegas de trabalho. Algumas denunciaram os próprios pais ou filhos. Nenhuma das pistas deu em alguma coisa.

O assassinato dos Otero completou um ano sem solução.

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Floyd Hannon se aposentou como chefe de policia no dia 31 de maio de 1976. Considerava seu fracasso em captura o BTK uma mancha em sua carreira.

O administrador executivo da cidade, Gene Denton, designou Richard LaMunyon, o capitão do departamento de narcóticos, para o posto de Hannon. LaMunyon aparentava ter ainda menos idade do seus 36 anos. A escolha surpreendeu comandantes mais antigo. O costume era que as promoções se dessem com base na senioridade; havia homens muito mais velhos no topo.

LaMunyon, por sua vez, passou a ser conhecido como "chefe menino". Denton considerava sua juventude uma vantagem: ele queria um chefe de policia que pensasse de maneira diferente.

LaMunyon, em sua primeira reuniao de pessoal,tomou seu lugar na cabeceira da mesa e quebrou o gelo com uma piada: "Entao, rapazes, o que vamos fazer agora ?" Nos meses que se seguiram, ele logo tratou de estabelecer um novo tom e começou a substituir homens mais velhos por mais novos. Em pouco tempo, pessoas ainda na casa dos vinte anos se tornaram supervisores da patrulha ou detetives. 

O novo chefe de policia dava grande importância a formação dos agentes. Tinha mestrado em administração, mas não era um reles burocrata. Em 1966,dez anos antes LaMunyon e dois outros policiais sobreviveram a uma briga que quase tirou suas vidas. O agressor tinha nocauteado seu parceiro e jogado LaMunyon por cima do capo de uma viatura. O revolver de serviço de LaMunyon caiu no chão. O criminoso o apanhou e o enfiou dentro da garganta de um terceiro policial.

LaMunyon agarrou a mão do homem que segurava a arma, que disparou os dedos médios, anelar e mínimo da sua mão direita. LaMunyon sacou o seu bastão expansível tatico com a esquerda e espancou o agressor ate faze-lo perder is sentidos. Os médicos conseguiram reconectar os dedos de LaMunyon,mas eles permaneceram sem movimento para o resto de sua vida.

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Uma das primeiras coisas que o novo chefe da policia fez foi estudar os arquivos do BTK. O caso tinha que ser prioridade máxima, decidiu.

Ele nunca conseguiui afastar a imagem de Josie Otero da mente.

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Com o mes de março de 1977 chegaram tambem os passaros e as floradas da primavera. Noa houvera mais nenhuma carta do BT desde a mensagem de outubro de 1974, quando ele ameaçou matar outra vez. Mas isso nao aconteceu.

Rader tinha instalado alarmes residenciais para o ADT e frequentado a Universidade Estadual de Wichita, a UEW. Estava ocupadíssimo em casa. Sua esposa tinha dado a luz a um filho aproximadamente nove meses depois de ele ter escrito a carta sobre o assassinato dos Otero. Ele o batizaram de Brian.

Rader tinha se casado em 1971, dois anos e oito meses antes de matar os Otero e enquanto cursava o Butler Community College, em El Dorado, a 40 KM de Wichita. Sua entao noiva, Paula Dietz, trabalhava  na época como secretaria para a Legião Americana. Para a cerimonia de matrimonio, na igreja Luterana de Cristo, dois de seus tres irmãos mais novos foram seus padrinhos.

Ele aprecia adorar Paula; as pessoas notavam que sua voz e postura ficavam mais brandas ao falar dela.

Anos mais tarde, em um tom reflexivo, Rader viria a comentar que a família o atrapalhou: Eu tinha uma esposa, tinha que trabalhar, sabe, não podia sair. Quando voce mora em  casa com uma esposa nao consegue sair e perambular por ai até as tres ou quatro horas da manha sem que sua mulher fique desconfiada.

No entanto, ele nunca parou de sair para pescar e perseguir.



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