47. O INTERROGATÓRIO

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25 DE FEVEREIRO DE 2005

Otis e os outros detetives acreditavam que era um erro encarregar Landwehr e Morton do interrogatório de Rader.

Interrogatório é uma arte que existe prática. Landwehr, um oficial de comando, não interrogava ninguem fazia dez anos. Os detetives achavam que ele estava enferrujado e que Morton era mais académico do que investigador. Rader pode ser burro, pensou Otis, ou pode ser esperto e estar preparado. Mas o caso é do Landwehr, concluiu Otis. Depois de vinte anos, ele merece ser o primeiro a entrar.

O próprio Landwehr estava preocupado com sua falta de prática. Mas o chefe de policia já descartara as objeções. Ser interrogado pelo comandante da força tarefa do BTK e pelo especialista em perfis do FBI alimentaria o ego de Rader. O BTK adorava se sentir importante.

Morton chegara de Quantico poucos minutos antes de Rader ser levado ao Epic Center.

Os dois investigadores deram uma Sprite para Rader e conversaram com ele para conhecerem melhor. Os detetives, os agentes do FBI e os promotores assistiam de um monitor de circuito fechado em outra sala.

***

Interrogatório quase nunca são como aqueles mostrados na televisão, Landwehr diria mais tarde.Aquelas coisas bobas que os atores fazem -  gritar, ameaçar, agarrar o suspeito pela garganta - arruinariam boa parte das investigações. Na vida real, a maioria dos interrogatórios começa como aquele - de forma tranquila, compreensiva e amigável, com os policiais estabelecendo uma relação de confiança. Landwehr queria que o Rader acreditasse que ele era o seu melhor amigo, sua última e melhor boia de salvação, na tentativa de resolver um problema.

Existe uma estrutura para um interrogatório policial. Como um contador de histórias, o detetive de homicidios habilidoso escolhe um ponto de partida e trabalha em uma sequência: "Ok, então voce sabe porque estamos aqui hoje?" As perguntas do interrogador constroem uma estrutura de lógica e pouco a pouco arrebanham o sujeito para dentro de um cercado. Se a pessoa for inocente, existe uma grande chance de que consiga se explicar e sair desse cercado. Mas, se for culpada, acaba enredada pelas próprias mentiras. 

Depois de algemarem Rader a mesa, Landwehr e Morton apresentaram Rader e Gouge, que trazia um mandado de busca. Apenas vinte minutos tinham se passado desde que Lundin tinha jogado Rader no chão. Landwehr disse a Rader que a policia queria coletar o seu DNA. Rader concordou, pediu ara ver o mandado e brincou com Gouge. Enquanto defendia os policias depois da prisão de Valadez, Foulston tinha cometido um erro ao anunciar que os homens da força tarefa haviam coletado amostras de aproximadamente 4 mil pessoas desde o reaparecimento do BTK. "Eu sou o número quatro mil e um?", perguntou Rader.

Gouge, sem achar graça, coletou quatro amostras do interior da bochecha de Rader. Duas foram enviadas de imediato para o laboratório forense do condado; as duas outras foram enviadas ao laboratório do KBI em Topeka, Rader recebeu a advertência de Miranda: "Voce tem o direito de permanecer calado..."

Rader concordou em falar.

Durante as tres horas seguintes, enquanto Gouge, Otis e os demais assistiam a televisão de circuito fechado, o homem da carrocinha de Park City se esquivava de perguntas e falava em terceira pessoa, como se "Dennis Rader" fosse um outro homem. Gouge estava furioso: Landwehr estava deixando Rader enrolar a verdade.

Rader não perguntou por que a policia o tinha detido.

Landwehr e Morton tinha demorado um tempo excessivamente longo antes de fazerem a pergunta preparatória: "Voce sabe por que estamos aqui?" Começaram com questionamentos inofensivos: quem Rader era, onde trabalhava. A principio o mantiveram algemado a mesa. Em determinado momento, Rader fez uma ameaça insolente: " Ainda bem que estou algemado."

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