27. OSSOS.

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1991

Rader era como um cão que se recusa a largar um osso: ele não queria deixar Dee em paz. Ao anoitecer do dia 19 de Janeiro, o dia seguinte a invasão da casa dela, todos os policiais dos condados de Sedgwick e Harvey estavam procurando por Dee. Rader passara o dia com os escoteiros, mas estava curioso a respeito da busca e queria ver sua vitima outra vez.

Portanto, ao anoitecer, ele inventou outra mentira: Estou com dor de cabeça. Pegou o carro e foi a cidadezinha de Sedwick, supostamente para comprar aspirina em uma loja de conveniência mas na verdade era para ve se conseguia descobrir alguma coisa sobre a investigação.

Dirigiu pela I-135 até uma parada de descanso na fronteira de condado de Sedwick, entrou no banheiro e começou a trocar is trajes que estava usando por roupas escuras. Um policial rodoviário do Kansas entrou, olhou feio para ele e perguntou o que estava fazendo. Policiais rodoviários eram chamados a paradas de descanso quando as pessoas viam homens se despindo e fazendo coisas estranhas.

O BTK, seminu, contou uma versão parcial da verdade: Faço parte da tropa dos escoteiros. Estou vestindo minhas roupas de escoteiro para ir ao Encontro dos Caçadores.

Se o policial pedisse para revistar seu carro, ele estaria em sérios apuros. Alguns dos pertences de Dee estavam lá dentro. Para seu alívio, o homem foi embora.

Rader acabou de se vestir, dirigiu pela neblina, encontrou o corpo de Dee e tirou fotos dela. Os seios tinham murchado. Nada sensual pensou. Mas tirou fotos mesmo assim. Tinha levado uma coisa para embeleza-la: a máscara feita de plástico resistente, na qual ele pintara os lábios vermelhos. cílios e sobrancelhas pretos.

Deixou a máscara por perto para impressionar a polícia.

Assim que voltou para casa depois do Encontro com o filho, escreveu em seu diário o quanto gostara de matar Dee, de ve-la implorando. Ele guardou seus troféus: a carteira de motorista e o cartão do Seguro Social de Dee, recortes de reportagens publicadas pelo Eagle após o assassinato. Alguns desses textos apontavam as semelhanças entre o assassinato de Dee e as mortes de Marine Hedge, dos Otero e das outras vitimas do BTK.

Rader sentia falta de sua máscara. Ele a usara uma série de vezes, quando vestia roupas femininas e se fotografava amarrado, em poses de suplício. Costumava ir para a casa dos pais quando eles não estavam, vestia as roupas de Dee e tirava fotos de si mesmo no porão.

***

No dia 18 de Fevereiro de 1991, apenas um mes após o assassinato de Dee Davis, uma pessoa que se exercitava correndo por um bosque ao sul da cidadezinha e Belle Plaine, no Kansas, encontrou um crânio por baixo de algumas folhas. Belle Plaine fica a trinta minutos ao sul de Wichita. A policia da cidade enviou sua equipe do laboratório criminalistico, que incluía Landwehr. Os veículos de comunicação foram notificados.

No Eagle, Bill Hirschman se virou para Hurst Laviana, seu colega de cobertura policial.

"Deus, espero que isso não seja o que acho que é",  comentou Hirschman.

"O que voce acha que é?", perguntou Laviana

"Nancy Shoemaker."

Laviana também torceu que eles estivesse errado.

Nancy tinha nove anos de idade.

***

Os detetives não demoraram a descobrir que o crânio era de Nancy. Ela desaparecera em Julho do ano anterior enquanto ia a um posto de gasolina de Wichita para comprar uma 7up para acalmar o estômago do irmãozinho. Seu sumiço desencadeou encontros de orações, buscas e uma das piores ondas e panico na comunidade em muitos anos.

A policia de Wichita montou um esquadrão investigativo. Dentre os detetives de outras áreas cedidos a prefeitura e ao Departamento dos Direitos da criança e do adolescente do condado estava Clint Snyder, um investigador de invasões a domicílios, um homem esguio e obstinado perto da casa dos trinta anos que crescera esguio e obstinação perto da casa dos trinta anos que crescera em uma fazenda de criação de rebanhos perto de Burden, a sudeste de Wichita.

Snyder foi ao local onde os ossos foram encontrados. Dentre as pessoas com quem ele conversou estava o tenente do laboratório de criminalistica, Landwehr. O detetive ficou com vontade de conhece-lo melhor.

***

Paul Dotson, a época no cargo do tenente responsável pela unidade de homicídios do  departamento de policia, continuava obcecado pelo BTK. Dois meses depois do assassinato do Davis, em Março de 1991, convocou uma reunião com Sam Houston e outros investigadores do departamento de policia do condado de Sedgwick, cientistas comportamentais do FBI e Landwehr.  O objetivo era reexaminar em conjunto não apenas o homicídio de Davis, mas todos os casos de assassinato não solucionados na cidade e no condado.

Os investigadores compararam arquivos e opiniões. Os especialistas do FBI destacaram que, nos assassinatos de Park City, os corpos tinham sido transportados. Disseram que assassinos em série não costumam fazer isso. Além disso, e esse não era o estilo do BTK.

Para a decepção de Dotson, a reunião terminou de maneira inconclusiva. Mais uma vez, os detetives do caso BTK tentaram enxergar ligações entre os assassinatos e concluíram: "Talvez sim, talvez não."

Landwehr e Dotson tinham investigado o BTK durante sete anos.

A convicção com que Landwehr falava em captura-lo algum dia não fazia diferença. Dotson sentia apenas decepção a dúvida.

***

Certo-dia, Snyder e o pessoal do laboratório de criminalistica examinaram um carro que pertencia um homem que a policia estava investigadores como possível suspeito no caso Shoemaker. Na ocasião,  o detetive pode conhecer Landwehr um pouco  melhor. Ele aprendeu muitas coisas.

Os dois conversaram sobre o que poderia ser feito para fazer progressos em relação ao caso. Landwehr fumou um cigarro depois do outro, fez piadinhas e deu sugestões úteis, complementando com ciência forense a sabedoria que os detetives tinham das ruas.

Apesar de competentíssimo, Landwehr era despretensioso, até mesmo humilde. Nem todos no alto-comando tinham essa postura. Landwehr parecia amigável, solidário e interessado nas pessoas. Também demonstrava amar o que fazia. Isso chamou a atenção de Snyder, que queria continuar a evoluir como detetive e estava profundamente abalado com o caso Shoemaker. Ele estava interessado como investigadores que trabalhavam com homicídios em tempo integral lidavam com as emoções enquanto cumpriam sua função.

Depois do trabalho, Snyder voltava para casa e passava algum tempo com  filha, Heidi, então com apenas dezoito meses. Enquanto brincavam, ele se perguntava como os Shoemaker aprenderam a lidar com a maneira como Nancy morrera. Snyder também queria saber como os policiais conseguiam aprender a lidar com isso, em especial considerando as limitações de seus respectivos departamentos. O assassinato de Nancy o deixara horrorizado; ele não era capaz de imaginar nenhum trabalho mais valoroso do que encontrar quem matara a menina. Mas seus chefes da área de investigações de invasões a domicílios o pressionavam para voltar a trabalhar em casos de crimes contra o pratrimonio, embora o caso de Nancy permanecesse sem solução.

Ele se perguntou que tipo de monstro era capaz de torturar e matar uma criança. Como tantos outros detetives, Snyder era obrigado a aprender sozinho como controlar a própria raiva. Por isso passava bastante tempo conversando sobre o assunto com a esposa, Tammy, com amigo e com Deus.

***

Poucos meses depois de o corpo de Nancy ser encontrando, os detetives conseguiram u,a pista com um homem de Wichita que, por coincidência, no passado alugara um imóvel do qual era proprietário para uma das vitimas do BTK, Kathryn Bright. A informação passada por ele levou os policias a um homem chamado Doil Lane, que já estava sendo investigado por outro assassinato no Texas. Apurando a história ainda mais a fundo, chegaram a um conhecido de Lane, um homem com deficiência mental chamado Donald Wacker. Snyder e um outro detetive conseguiram faze-lo confessar que vira Lane estuprar, espancar, chicotear e estrangular Nancy. Wacker conto que ela chutou os agressores, exigiu ser libertada e lutou até o fim.

Um dos assassinatos mais tristes da história de Wichita fora resolvido. Snyder voltou a investigar casos de invasões a domicílios, grato pelo que tinha aprendido. Snyder ainda não sabia, mas Landwehr ficara impressionado com seu trabalho. Acreditava que Snyder seria um ótimo parceiro  para ele algum dia.

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