11. NANCY FOX

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8 DE DEZEMBRO DE 1977

Rader tinha passeado pelos arredores de onde Nancy Fox morava e percebeu que era um bairro de classe média baixa, com moradias de aluguel barato disponíveis, o que atraia mulheres solteiras que viviam sozinhas. Assim que compreendeu isso, ele passou a pescar pelo local com frequência. Esteja preparado, como dizem os escoteiros.

Ele a via pela primeira vez certo dia enquanto ela entrava em seu apartamento privativo, que ficava em uma casa com a fachada de um tom alegre cor de rosa. Notou que ela era baixinha e bonita e que parecia passar bastante tempo cuidando dos cabelos e das roupas. Ele valorizava esse tipo de capricho. Seguiu-a até o trabalho no escritório de arquitetura, até o emprego noturno da Helzberg's e até chegar em casa. Na Helzberg's, comprou jóias baratas, deu uma conferida de perto nela, voltou a segui-la até o local onde morava, então descobriu seu nome ao  olhar os envelopes em sua caixa de correspondências enquanto ela estava no trabalho.

Nancy morava no sudeste de Wichita, no número 843 da South  Pershing, não muito longe do shopping. Pelo que Rader pode ver, ela não tinha nenhum homem em sua vida e nenhum cachorro. Quando verificou o lado oposto da casa com dois apartamentos privativos onde ela vivia, descobriu que o outro estava vago - não havia nenhum vizinho de parede para ouvi-la gritar.

Ele a espionava ao mesmo tempo que se seguia outras mulheres. Pescar tinha se tornado quase um trabalho em tempo integral, em paralelo ao seu verdadeiro emprego na empresa de segurança. Rader costumava combinar as duas atividades - pescava mulheres e então as seguia, enquanto dirigia a van da ADT.

Ele era um sujeito ocupado. Além de ser chefe de equipe da ADT ainda frequentava as aulas noturnas na UEW e tinha uma esposa e um filhinho em casa.

Ainda assim, escolheu uma data: 8 de dezembro.

***

Rader dissera a esposa que estaria na biblioteca da UEW naquela noite, o que era verdade; havia atividades para entregar, pesquisas para concluir. Ele sabia exatamente quando Nancy iria embora na Helzberg's. Portanto, fora a biblioteca uma ou duas horas antes para se dedicar a um trabalho académico. Pouco antes das 21h deixou a biblioteca, vestiu roupas escuras e dirigiu o Chavelle 1966 vermelho da esposa até o bairro de Nancy. Estacionou a alguns quarteirões do apartamento, pegou sua sacola de ferramentas, foi andando até a porta da frente e bateu na porta. Se ela aparecesse, sua desculpa seia que tinha ido ao apartamento errado. Mas ninguém atendeu.

Ele bateu na porta ao lado, se certificou de que o apartamento vizinho ainda estava vago e correu até os fundos. Não tinha ido embora da biblioteca tão cedo quanto queria, então estava ficando embora da biblioteca tão cedo quanto queria, então estava ficando atrasado. Cortou o fio da linha telefónico da Nancy, e em seguida quebrou uma janela. Então aguardou, agachado. Estava temeroso de que, quando os carros passassem pelas curvas  da Lincoln roso de que, quando os faróis iluminassem o apartamento e o expulsassem. Sempre de olho nas luzes dos veículos, entrou pela janela.

Que moça asseada e organizada era Nancy Fox: tudo estava arrumado e limpo: Era um apartamento minúsculo, menor do que sua casa, com apenas 55 M ². Encontrou as luzes da árvore de Natal acesas. Fotografias de pessoas sorridentes estavam dispostas de modo organizado em prateleiras do lado de fora do quarto. Ele gostou de tudo o que viu. Aquela tal de Vian era tão desleixada.

Rader pegou um  copo no ármario da cozinha de Nancy, bebeu um pouco de água, limpou o copo e o colocou de volta no lugar. Pegou o telefone para se certificar de que estava mudo. Ainda estava com o aparelho na mão quando a porta da frente foi aberta.

Saia da minha casa,

Nancy tinha acabado de entrar, vestia um casaco e carregava uma bolsa. Ela avançou para apanhar o telefone.

Vou ligar para a policia, avisou ela.

Não vai adiantar nada, disse ele. Eu cortei o fio.

Ele se aproximou e mostrou a arma.

Por que voce esta na minha casa? 

Ela era corajosa; ele gostou disso. Sequer parecia apreensiva.

O que voce vai fazer?, ela quis saber. O que esta acontecendo aqui ? 

Sou um cara mau, disse ele. Eu quero sexo. Vou ter que te amarrar voce para tirar fotos.

Saia daqui.

Não.

Voce precisa sair daqui agora mesmo.

Não, responde ele, bem sério. Não tem mais volta.

Voce é doente, falou ela.

Sim, eu sou doente, concordou ele. Mas é assim que as coisas vão ser.

Ela o encarou. Tirou o casaco - uma parca branca - e o dobrou sobre o sofá. Estava usando um sueter rosa.

Preciso de um cigarro, disse ela. 

Ela acendeu um, sem deixar de observa-lo.

Rader esvaziou a bolsa dela sobre a mesa da cozinha e pegou alguns troféus. Encontrou sua carteira de motorista. Ele continuou falando para desarma - la, contando a mesma história , com algumas variações, que usara com os Otero, os Bright e Shirley Vian: tinha um problema sexual, mas não era bandido. Ela ficaria bem.

E agora ela o encarava de frente - ou pelo menos foi assim que ele se lembraria do acontecido depois.

Vamos acabar logo com isso para que eu possa chamar a policia,

Ele concordou.

Preciso ir ao banheiro, informou ela.

Rader inspecionou o interior do banheiro, se certificando de que nao havia objeto afiado que ela pudesse transformar em uma arma.

Ok, disse ele. Trate de sair já quase sem roupa.

Ele manteve a porta aberta com um pedaço de pano, então se sentou na cama para esperar. Olhou em volta com admiração, roupas, armário, caixa de joias - tudo organizado. Quando saiu, ela ainda estava usando o súeter rosa, o sutiã e a calcinha roxa. Viu que ele estava segurando algemas.

Qual a necessidade disso?, ela quis saber.

Faz parte da coisa, explicou ele. É isso que me deixa excitado.

Por que esta usando luvas?

Sou procurado em outros estados e não quero deixar nenhuma digital.

Isso é ridículo! exclamou ela. É conversa fiada!

Ela continuou falando,mas ele mal a ouvia. Puxou as mãos dela para trás, prendeu as algemas nos pulsos e a fez se deitar de bruços na cama. Em seguida subiu em cima dela. Aquela altura, ele própio já estava meio despido, esperando que isso passasse a impressão de que pretendia estupra-la. Rader abaixou a calcinha dela.

Seu namorado já fez sexo com voce por tras?

Disse isso para iludi-la; ele na verdade não queria sexo anal.

Ela não respondeu;já estava amordaçada.

Ele tirou o cinto de couro e o passou em volta dos tornozelos de Nancy; descobriu que ja tinha uma ereção. De repente, arrancou o cinto dos tornozelos e o passou em volta da garganta - e o apertou com força, pressionando com uma das mãos onde o cinto passava pela fivela e puxando o cinto com a outra. Nancy se debateu embaixo dele, encontrou seus testículos com as mãos algemas e cravou os dedos. Isso o machucou, mas ele gostou.

Como sempre, a vitima demorou algum tempo para desmaiar quando Nancy enfim apagou, Rader soltou o cinto e deixou que ela recuperasse um pouco de fôlego.  

Anos mais tarde, ele declararia que esse foi seu ataque perfeito. Não havia homem, nem cachorro, nem nos filhos para interromper, ninguém tentou matá-lo, as criancinhas não estavam gritando e ameaçando sair do banheiro para confronta-lo.

Quando Nancy recobrou a consiencia, ele se curvou a aproximou a boca dos ouvidos dela.

Sou procurado, revelou. Matei quatro pessoas daquela família, os Otero. E matei Shirley VIan, Eu sou o BTK. E voce é a aproxima.

Ela se debateu freneticamente embaixo de Rader enquanto ele apertava o cinco outra vez. Dessa vez manteve a pressão até que ela morresse.

Depois, ele apanhou uma camisola e se masturbou em cima da peça de roupa.

BTK MÁSCARA DA MALDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora