9. UM DEBATE INTENSO

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MARÇO DE 1977

Bud, de oito anos, pegou um  objeto pesado e estilhaçou a vidraça inferior da janela do banheiro. Ele ainda estava, gritando , e Steven ficou com medo de que Bud levasse bronca por ter quebrado a janela. Mas, depois que Bud se arrastou para fora, Steven o seguiu, para o quarto da mãe.

Descobriram que o homem tinha ido embora, e encontraram a mãe amarrada, com uma sacola na cabeça. Ela não estava se mexendo.

***

As 13h, a central da policia mandou uma mensagem enigmática via rádio para o policial Raymond Fletcher. "Me ligue de volta de um telefone." Operadores da central de policia solicitavam um telefonemas em ocasiões nas quais queriam uma conversa particular em vez de fazer uma transmissão através dos canais da policia. Quando Fletcher ligou, o operador lhe passou um endereço e contou que havia uma denuncia de homicídio. 

Na South Hydraulic, James Burnnet acenou para que Fletcher parasse e informou que dois dos filhos da vizinha tinham aparecido em sua casa aos gritos. Sharon, sua esposa, tinha corrido até a casa dos garotos. Na sala de estar, viu uma menininha sentada no chão, chorando. No quarto, Sharon Burnnet encontraram a mãe morta.

James Burnnet levou Fletcher até a casa de Shirley Vian. Uma ambulância estava a caminho. Fletcher, um ex-paramédico, tentou sentir seu pulso assim que viu, do mesmo modo que fizera quando foi o primeiro dos dois policiais a entrar na casa de Kathryn Bright. Notou um tremor sob a ponta dos dedos da vitima, não uma pulsação, mas um latejar fraco. Fletcher arrancou o fio e a camisola, mas tomou cuidado  para deixar os nós intactos. Iniciou o procedimento de reanimação cardiopulmonar, fazendo pressão no tórax da mulher. O bombeiros estavam entrando. Pediu a eles que preservassem os nós - eram provas.

Estava tão escuro, com as cortinas fechadas, que eles mal conseguiam enxergar. Carregaram a mulher para a sala de estar e recomeçaram a RCP.

Era tarde demais.

Fletcher passou um rádio para a central. Mande os investigadores pediu. É um homicídio. 

Na sala de estar, Fletcher viu a menina sentada em um sofá, ainda chorando.

Colocou os nós de lado com cuidado e analisou os cómodos e os corpos. Não lhe ocorreu que aquele assassinato pudesse ter sido cometido pelo mesmo sujeito que matara Kathryn Bright. Além de um filete escorrendo da orelha de Shirley, não havia sangue. Mas algo naquela cena lhe parecia familiar: os nós e as amarras múltiplas, a sacola por cima da cabeça da vítima. Havia visto coisas assim nos relatórios sobre o caso dos Otero. E se lembrava que Josie Otero fora violentada sexualmente. Fletcher fez uma busca pela casa, procurando manchas se semen. Não encontrou nenhuma, mas ligou para a central.

"A coisa aqui está parecida com o caso Otero"

***

Muitos dos policiais que apareceram na casa de Shirley Vian pensaram o mesmo. Bob Coking, o sargento encarregado de isolar a cena do crime, expressou isso em alto e bom som para os investigadores assim que chegaram. Recebeu como resposta que não sabia o que estava falando. Sentindo-se insultado, Coking virou as costas e foi embora.

Mas os investigadores não estavam discutindo apenas com policiais. Estavam se desentendo também entre si. Os supervisores mandaram que parassem de tentar adivinhar e trabalhassem com as provas disponíveis. Se o BTK tivesse assassinado Shirley Vian, isso significava que se tratava de um assassino em série, e o alto comando não queria tirar conclusões precipitadas nem espalhar o panico.

Alguns policiais já estavam vazando informações que apareceriam no jornal no dia seguinte. Os supervisores então foram para fora da casa e anunciaram que as evidencias de uma ligação entre os crimes eram incertas.

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