15. AJUSTANDO O FOCO

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A frase de abertura das carta a KAKE - "Eu acho que nao teve graça o jornal não ter inscrito sobre o poema sobre Vain"- instigou os policiais a ligarem para o Eagle. Alguem do departamento de classificados logo encontrou o poema do BTK chamado "Cachos da Shirley" no arquivo morto do jornal. A pessoa o entregou a policia sem fazer uma cópia para a redação.

Era segunda  vez que o Eagle deixava escapar uma chance de analisar uma comunicação  original do BTK. O assassino tinha ligado para o jornal pela primeira vez em 1974, quando deixou a carta a respeito dos Otero em um livro da biblioteca 

Um dos repórteres policiais, Ken Stephens, estava cansado de ver o Eagle ficar para trás em uma historia que, em sua opinião, o jornal deveria ter nas mãos. Ele começou a manter arquivos permanentes em vez de jogar fora anotações e comunicados de imprensa. Escreveu memorandos de antecedentes, instruiu outros repórteres policiais a fazerem o mesmo e reuniu todos os relatórios de necropsia policiais a fazerem o mesmo e reuniu todos os relatórios de necropsia das vitimas conhecidas como BTK. Davis "BUZZ" Merritt, o editor do Eagle, em certo sentido ja tinha sugerido essa ideia de compilar arquivos. Dentro em breve os policiais vão capturar esse cara, disse Merritt, e os jornais deve estar preparados para contar a história por tras das história.

Parte dessa historia -  desconhecida de todos  não ser de um punhado de funcionários do Eaagle -  envolvia o relacionamento singularmente próximo que não demorou muito a se desenvolver entre o jornal e o chefe de policia de Wichita,

Ken Stephens, Casey Scott ou Craig Stock conversaram com LaMunyon todos os dias, mas não em busca de informações para publicação. O chefe de policia simplesmente os mantinha atualizados sobre os status da investigações, além de fazer confidencias ao repórteres, com o fato de que não estava conseguindo dormir muito e que sua esposa "preocupadissima" com a possibilidade de se tornar a próxima vitima do assassinato.

Desde o começo, de acordo com um memorando interno no arquivo de Stephens, houve:

muito debate a respeito de como lidar o relacionamento com a policia, mas sem nenhuma discordância quanto a ser melhor cooperar do que tentar obter um grande furo jornalístico no curto prazo. Medo de provocar outro assassinato ou de estragar as chances de a policia capturar o BTK foi expressado. Merritt  decidiu que, desde que não sejamos enganados nem sentirmos que estamos sendo usados de maneira injusta, nós vamos cooperar com a policia. A policia se preocupa com a maneira de por as cartas na mesa, quais cartas usar e quando joga-las. Eles confiam bastante nos conselhos dos psiquiatras, revelou LaMunyon. O chefe de policia tem medo de que, se o BTK matar de novo, algumas pessoas culpam a ele e a imprensa por promoverem a incentivarem o BTK. Há muitos sentimentos de impotência por parte dos policiais, das pessoas do jornal. É uma situação para os policiais e para nós (...) O jornal tomou providencias especiais para verificar a correspondência que chega e receber telefonemas. O humor negro habitual na redação bastante predominante na maioria dos casos, esta notavelmente reduzido neste. São  poucos as piadas sobre a situação, talvez porque neste caso o jornal tem o seu papel. Merritt expressa sua preocupação sobre tentar passar a perna em uma mente perturbada. Não esta feliz em adaptar os critérios jornalísticos para tentar apaziguar um assassino, mas não  esta disposto a desafiar o sujeito a matar outra vez. Até mesmo os menores detalhes são questionados, analisados a ponto de dar nó na cabeça tentando imaginar se vão provocar o assassino ou estragar a estratégia da policia (...) "Este é um caso no qual não vale a pena tentar o lance da competição." Merritt diz que não adianta tentar obter um furo antes que os outros. Os repórteres e editores estão divididos. O desejo por um furo e de revelar tudo aos leitores está em conflito com o desejo de tentar evitar que aconteça outro assassinato. Ninguem tem certeza de que ele ou ela está tomando a decisão certa. (...) A brutalidade e a estranheza do caso estão deixando todos assustados, mesmo aqueles que já lidaram com histórias estranhas.

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