44. A GRANDE OPORTUNIDADE

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FEVEREIRO DE 2005

No dia 3 de Fevereiro, a KAKE recebeu um cartão postal no qual o BTK agradecia a emissora "pela rápida resposta aos n°7 e 8° e agradecia a "Equipe do Noticiário por seus esforços", pediu que contassem a policia "que eu recebi a Pista do Jornal para um sinal verde", e prometeu "um teste em breve."

Landwehr planejava chamar o esquadrão anti bomba e passar o pacote seguinte por um raio x antes de abri-lo. Mas isso representava um problema adicional: se a nova remessa do BTK contivesse um disquete, um raio X embaralharia as informações contidas nele? Os policiais compraram disquetes e os testaram. Os testes mostraram que as informações sobreviveriam a exposição a um raio X.

Saber disso pouco fez para aliviar o fardo que Landwehr carregava. Em casa, ele e Cindy tinham por fim conseguido dar um pouco de paz de espírito a James, que vinha passando noites de terror, dormindo na cama dos pais com a luz acesa, depois que o BTK reaparecera. Seus pais o tinham convencido de que o BTK era velho demais e cauteloso demais para ir atrás  do filho de um tenente com viaturas passando diante de sua casa a cada hora. Landwehr estava tentando manter a proximidade com o garoto apesar das longas horas passadas no trabalho. O tenente ainda estava perdendo peso, ou pelo menos era essa a impressão do chefe de policia; seus homens achavam que o cabelo de Landwehr tinha ficado muito mais grisalho.

A nova caçada ja durava dez meses. Landwehr estava cansado.

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Rader também estava ficando cansado. Seu método de assustar pessoas dava trabalho: escrever a mensagem, tomar cuidado para não fornecer nenhuma pista. Sempre usar luvas. Dirigir até uma copiadora e copiar a mensagem. Então se deslocar até inúmeros outros locais e voltar a copia-la. Fazer diversas cópias e aparar as bordas do papel tornava difícil para os policiais descobrirem quais máquinas eram usadas. Ele estava cansado de ficar dirigindo por ai. Tinha um emprego e ainda estava perseguindo mulheres; isso demandava tempo e esforço. Estava pensando em otimizar suas tarefas - por isso a ideia do disquete de computador.

Rader usou um computador do trabalho, mas não era muito familiarizado com a informática. Por cautela, vinha fazendo discretamente perguntas a respeito, inclusive para Landwehr. Achava que a policia não poderia rastrear um disquete.

Ele se divertia em jogar com Landwehr. Sabia que o tenente estava falando com ele e gostava disso. Na grandiosa e magnifica partida que disputavam, eles colocavam todas as suas cartas na mesa, e o cara mau sempre vencia. Rader queria que isso continuasse para sempre, e suspeitava que Landwehr também.

***

Durante um longo tempo, a mãe solteira Kimberly Comer vivera com medo do fiscal da prefeitura de Park City, Dennis Rader.

Ela se mudara para Park City um ano e meio antes e longo reparou em  uma picape vermelha com vidros escurecidos. O sujeito dentro do veículo tirava fotos polaroides dela e seus filhos. Ela achava que poderia, assim como Michele Mckin, a amiga com quem dividia a casa. Mckin acionou a policia de Park City. Mas, quando os policiais chegaram, agiram como se soubessem quem era o sujeito - e como se o fato não tivesse nenhuma importância. Kimberly não conseguiu entender aquela atitude. Pouco depois, de fato conheceu o sujeito. Ele estava dirigindo uma picape branca da prefeitura e disse que era fiscal da prefeitura de Park City. Em seguida, deu-lhe um sermão sobre os pertences que deixara do lado de fora da garagem.

Ao longo dos meses seguintes, Rader entregou a Kimberly autuações e advertências. As veses, enfiava a cabeça para dentro da janela de sua cozinha e olhava ao redor. Costumava fazer perguntas sobre ela para seus filhos.

Depois que ela fez uma reclamação junto aos membros do conselho administrativo de Park City, o fiscal passou a ir a sua casa com mais frequencia. Alegava que um Firebird 1995 que ela deixara estacionado no quintal estava abandonado. Kimberly ficava mais agitada acada vez que ele a abordava. Continuava achando-o sinistro, mesmo depois ele ter sido gentil e cuidadoso com seus filhos. No inicio de 2005, os filhos de Kimberly Comer, Kelsey, de onze anos, e Jordan, de novo, estavam brincando com um parque. Um grande cachorro preto começou a latir e a perseguir-los. Kimberly estava em casa, a dois quarteirões de distancia.

BTK MÁSCARA DA MALDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora