36. O RETORNO DO MONSTRO

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22 A 25 DO MARÇO DE 2004

Na segunda feira, Laviana cobriu a coletiva diária da polícia outra vez, e em seguida foi até a sala do capitão Haynes. "O que aconteceu com aquela carta?", perguntou.

Haynes parecia envergonhado. "Eu me esqueci dela."

Ele a apanhou e seguiu para o andar de cima.

***

Naquele momento, Landwehr estava no Riverside Hospital, torcendo para não  ser atrapalhado por nenhum assunto relacionado ao trabalho - estava em pé ao lado de uma maca sobre qual sua esposa repousava. Cindy estava a minutos de uma cirurgia de vesícula. Tinha agendado a operação para o recesso de primavera, a fim de que pudesse se recuperar sem se ausentar do trabalho na Escola Secundária West.

Mesmo assim, Landwehr tinha deixado o celular ligado.

***

Na unidade de homicidios, o detetive Dana Gouge observou com um leve divertimento quando o capitão Haynes entrou e olhou ao redor do escritório vazio de Landwehr. Os chefes pelo jeito gostam de falar apenas com outros chefes, pensou Gouge.

"Posso ajudar?", perguntou Gouge.

"Estava procurando o Landwehr", respondeu Haynes.

"Ele não está", informou Gouge, afirmando o óbvio.

Haynes deu de ombros. "Estou com uma coisa que queria mostrar para ele. Foi Hurst quem trouxe."

"Posso ver?", pediu Gouge.

"Sim", disse Haynes. "Por que voce não da uma olhada nisso?"

Gouge olhou o envelope sem toca-lo. Algo chamou sua atenção. Ele se afastou, calçou um par de luvas de látex, então pegou o envelope e tirou o papel de dentro.

Uma única olhada bastou.

Ele se voltou para Kelly Otis, parado ali perto. "Veja isto!"

Otis olhou.

"Merda", disse ele.

***

O celular de Landwehr tocou logo depois de a enfermeira enfiar a agulha no braço de Cindy e começar a administrar o soro fisiológico que precede a cirurgia.

"Landwehr falando", o tenente atendeu.

"Voce não vai acreditar no que acabamos de receber", avisou Gouge.

"O que?"

"Uma carta do BTK."

Landwehr não disse nada por alguns instantes.

"Por que?", perguntou.

"Ela tem a assinatura do BTK," explicou Gouge. "A carteira de motorista de Wegerle. Fotos dela no quarto"

"De onde isso veio?"

"Hurst trouxa para nós."

"Traga para cá."

Landwehr desligou o celular e voltou a atenção para Cindy.

Ele ficou a espera.

Seus detetives as vezes brincavam com ele. "Kenny esta ficando agitado", dizia Otis, zombando do chefe. Landwehr tinha sangue frio. Não disse nada para Cindy naquele momento. Preferia ver tudo com os próprios olhos.

***

Gouge e Otis fizeram o trajeto até o Riverside em grande parte em silencio. 

Tinham estudado o caso Wegerle minuciosamente durante os quatro anos anteriores. Sabiam que nenhum policial chegara a tirar fotos de Vicki morta no chão do quarto. A própria esposa de Otis, a paramédica Netta, lhe contara isso. Os bombeiros tinham carregado o corpo de Vicki para fora do quarto até a sala do jantar, um cómodo mais amplo, no momento em que a encontraram; eles precisavam de mais espaço para começar a RCP.

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