46. "OLÁ, SR. LANDWEHR"

2 0 0
                                    

25 DE FEVEREIRO DE 2005.

Landwehr e Johnson estavam morrendo de medo de que os repórteres acabassem arruinando seus planos. Portanto, Johson ficou naturalmente aborrecida as 9h da manhã do dia seguinte, quando recebeu um telefonema de um repórter televisivo de Kansas City. Ele ouvira falar que haveria uma prisão ligada ao caso BTK. Era verdade?

Johson mentiu, afirmando se tratar de um boato. E voltou a mentir quando um repórter da KWCH-TV de Wichita telefonou. Aquela altura, tres horas antes do horário planejado para a prisão, diversas agências policiais ja haviam passado um bom tempo organizando policiais em suas posições designadas.

Johson ficou agitadissima: a noticia estava vazando.

Quando foi a coletiva diária das 10h para os repórteres locais, sentiu que estava ficando paranóica. O comunicado correu normalmente; uma declamação dos crimes que a policia tinha investigado na noite anterior. Ela olhou para o relógio: faltavam duas horas.

***

Em uma rua secundária em Park City, a dois quarteirões da casa de Rader, os policiais Harty e Moon estavam sentados no Chevy Impala do chefe Williams, ainda admirados por terem recebido aquela responsabilidade. A equipe de detenção tinha entrado sem alarde em Park City, sem notificar as autoridades locais, e estavam de ouvido na frequencia de seus rádios da policia. Atrás deles, havia detetives em outros carros. As vezes as pessoas que passavam por eles que o encaravam.

Rader conseguiria fugir, ou atirar em si mesmo, ou atirar neles? O que quer que fosse, Harty e Moon decidiram que estariam prontos. Moon tinha 35 anos e servira na unidade contra o crime organizado e na equipe da SWAT. Harty tinha 38; quando se juntou a força policial, aos 21 anos, parecia tão jovem que Speer o chamava de "Coroinha". Mas não era nenhum ingénuo. Harty e Moon prendiam membros de gangues todos os dias.

Gouge e Snyder estavam atrás deles em um carro, Lundin e Otis, em outro; Sullivan e Pritchett, os dois agentes do FBI, em um terceiro; Landwehr, Relph e Larry Thomas, em um quarto carro.

Gouge encostou seu carro ao lado do veiculo onde estavam Lundin e Otis. Os minutos ate as 12h15 arrastavam-se, tiquetaqueando. Todos estavam usando coletes a prova de balas.

Otis tinha cochilando em uma poltrona reclinável em casa naquela noite, mas não dormira profundamente. Segurava uma escopeta calibre, 12, ansioso por começar. Houvera vezes nos últimos onze meses em que quase precisara carregar o parceiro para o carro depois de Gouge sofrer espasmos musculares nas costas devido ao estresse do trabalho. Em um determinado dia, Otis arrebentara a porta de uma casa onde a linha telefónica tinha sido cortada, achando que entreteria o BTK - mas acabou descobrindo que se tratava apenas de um plano de um fracassado qualquer para evitar que a namorada se mudasse para outro lugar. Durante semanas, Otis lera os obituários buscando alguma pista que o BTK pudesse estar morto. Em funerárias, coletou amostras das narinas de meia dúzia de cadáveres, esperando conseguir um DNA compatível. Estava mais que disposto a ver tudo aquilo terminar.

Algo ocorreu a Snyder enquanto esperava com Gouge: "Ei, quem vai algemar o Rader?"

"Não sei", respondeu Gouge. Ele se voltou para Otis no carro ao lado: "Quem vai algemar o Rader?"

"Não serei eu", disse Otis. "Estou carregando a escopeta."

Snyder se lembrou de que havia muitos policiais do Departamento de Policia de Wichita aposentados fazia muito tempo - Drowatzky, Cornwell, Thimmesch, Stewart e muitos outros - que acreditavam que o fracasso em capturar o BTK tinha manchado suas carreiras. E naquele momento o Departamento de Policia de Wichita estava sentado entre agentes do FBI e do KBI.

"Acho que quem quer se seja precisava ser do "DPW", comentou Snyder.

"Eu também", concordou Gouge.

BTK MÁSCARA DA MALDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora