15 DE JANEIRO DE 1974, 8H2O
O nome dela era Josie Otero. Tinha onze anos, usava óculos, escrevia poesia, gostava de desenhar e se preocupava com a aparência. Estava começando a usar sutiã e a deixar crescer o cabelo, que caia em cachos tao espessos em volta da cabeça e do pescoço que o o homem com arma mais tarde teria dificuldade em amarrar o pano que manteria a mordaça enfiada em sua boca.
Quando Josie acordou naquela manhã, o homem com a arma se esgueirou ate a porta dos fundos e viu algo que o deixou suando frio: uma marca de pata no quintal dos fundos coberto de neve. Ele não esperava a presença de um cachorro.
Assoviou baixinho; nenhum cão apareceu. Mesmo assim, ele sacou uma Colt Woodsman calibre 22 da cintura e se esgueirou até a parede externa da garagem para pensar.
Dentro da casa, Josie vestira uma camiseta azul e caminhara em seu quarto até a cozinha. Foram apenas alguns poucos passos; era uma casa pequena. Sua mãe, Julie, estava na cozinha, usando um roupão azul. Ela arrumara a mesa com cereal e leite para o café da manhã e carne enlatada para fazer os sanduiches que levariam para o almoço na escola. Joe, o pai de Josie, estava comendo peras em conserva.
Com seus 1,62 m, Josie era cinco centímetros maior do que a mãe e da altura do pai. Mais ainda tinha cabeça de criança.
"Voce nao me ama tanto quanto aos outros", desabafou ela certo dia para seu irmão Charlie. Com quinze anos, ele era o mais velho dos cinco filho dos Otero.
"Isso não é verdade". respondeu ele. "Eu amo voce tanto quanto a qualquer um deles".
Ela se sentiu melhor; amava toda família, mamãe e papai, Charlie, Joey, á época com nove anos, Danny, de quatorze, e Carmen, de treze, Adorava a maneira como Joey observava os irmãos e na Escola Primária Adams adoravam seus olhos castanho. Naquela manhã, ele se vestira para chamar atenção: uma camisa de manga longa por cima de uma camiseta amarela sobre uma camiseta de baixo branca, além de calças arroxeadas com bolsos brancos e listras brancas na parte de trás.
Era terça feira. Eles brincariam com o cachorro, ajudariam a mãe a embalar os almoços, então o pai levaria Josie e Joey, para a escola de carro, como já tinha feito mais cedo com Charlie, Danny e Carmen. A mãe já tinha colocado seus casacos em cima de uma cadeira.
Do lado de fora, o homem hesitou.
Nos bolsos da parca ele levava uma corda, um fio de uma persiana, mordaças, fita adesiva branca, uma faca e sacolas plasticas.
***
Os Otero tinham morado em Camden, no estado de New Jersey, e mais tarde na Zona do Canal do Panamá por sete anos, e depois com parentes em sua terra natal, Porto Rico, durante alguns meses. Haviam comprado a casa em Wichita apenas dez dias antes e ainda estavam se acomodando no imóvel, Wichita era um grande centro de fabricação de aviões, o que significava oportunidades para Joe. Ele era um sargento reformado com vinte anos de serviço no corpo técnico da Força Aérea dos Estado Unidos, e começara a trabalhar em aeronaves e a dar aulas de pilotagem em COOK Field, alguns quilómetros de distancia de Wichita, a Capital Mundial da Aviação. Boeing, Cessna, Beech e Learjet ~todas tinham grandes fábricas lá. A cidade, que chegara a fornecer 1600 bombardeiros B-29 Superfortress para a guerra, á época dedicava a fabricar jatinhos para companinhas aéreas e estrelas de cinema. Julie tinha conseguido um emprego na Coleman, uma fábrica de equipamentos para acampamento, mas foi demitida algumas semanas depois em um corte pessoal para redução de despesas.
Na nova casa, os membros da família se incorporavam aos 260 mil habitantes de Wichita, muitos dos quais tinham passado a infância em fazendas, prezavam a relação de confiança entre os vizinhos e deixavam suas portas destrancadas. As empresas fabricantes de aviões tinham ido para Wichita décadas antes em parte pela oportunidade de contratar jovens que cresceram na zona rural da região, aprendendo como consertar motores e carburadores de tratores desde o inicio da infância. Esses trabalhadores e suas famílias levavam refeições caseiras para vizinhos doentes. Era uma cultura que os Otero apreciavam, mas Joe e Julie tinham uma postura mais nova-iorquina no que dizia respeito a segurança. Lucky, o cachorro que Joe arrumara, odiava estranhos. Joe conhecia o perigo das ruas das cidades grandes,e aos 38 anos ainda era esguio e forte. Fora campeãp de pugilismo no Spanish Harlem. Julie, entao com 34 anos, praticava judo e ensinava a arte marcial aos filhos.
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BTK MÁSCARA DA MALDADE
DiversosUma obra escrita Roy Wenzl, Tim Potter, Hurst Laviana, L. Kelly. Editora Darkside