32. JORNALISMO POLICIAL

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1966 A 1999

Na casa dos Landwehr, em Wichita, havia uma fotografia que Cindy as vezes mostrava a família e aos amigos. A imagem mostra a parte de trás da cabeça de homem e um bebe esticando uma mãozinha minúscula na direção do rosto dele. O rosto estava afastado da camera, mas qualquer familiarizado com a família reconheceria a cabeça estreita e os cabelos espessos e escuros do chefe da unidade de homicidios da policia de Wichita.

O menino nasceu em 1996.

Ken Landwehr mergulhara de cabeça na paternidade com entusiasmo, mesmo antes de se tornar pai. Cindy trabalhara com crianças com necessidades especiais durante anos e convencera Landwehr a fazer da residência do casal um lar temporário para menores em situações de vulnerabilidade. Nos primeiros tres anos de seu casamento, eles escolheram dez crianças. Foi assim que encontraram o bebe que queriam adotar. Ele só batizaram de James.

Cindy ficara temerosa - a maioria dos homens quer ter filhos biológicos, mas ela não podia dar nenhum a Landwehr. Ele descartou suas preocupações. "Isso não me incomoda nem um pouco", garantiu.

Landwehr se tornou responsável por moldar a vida de uma criança.E logo viu que o menino também estava mudando a sua. O beberrão que parecia sinonimo de encrenca passou a ficar em casa trocando fraldas.

***

Naquele mesmo ano, Bull Hirshman, que na época trabalhava no jornal Sun-Sentnel, na Flórida, ouviu falar que nem um colega repórter estava indo para o Wichita Eagle. Hirshman o encontrou para um café. Roy Wenzl, natural do Kansas, estava ansioso por se mudar de volta para a terra natal. No Eagle  Wenzl se juntaria a equipe de cobertura policial do diário, o antigo grupo de Hirshman, que ficou contentíssimo. Ele passara quinze anos no Eagle e quase se desmanchou em lágrimas ao falar sobre Wichita, o Kansas e as pessoas das quais sentia saudade.

Voce vai trabalhar com Hurst Laviana, contou ele. É um repórter investigativo dos mais competentes. Wichita é um lugar muito mais especifico do que o sul da Florida. Hirshman garantiu a Wenzl. Não que seja um lugar livre da criminalidade, salientou, e é claro que existe o BTK, o grande caso que nunca foi solucionado. Algumas pessoas acham que ele esta morto, avisou Hirshman. Ou que está na prisão. Mas ele e Laviana acreditavam que o BTK poderia ter apenas parado de matar.

Talvez o caso BTK nunca venha a ser solucionado, concluiu.

Wenzl parecia confuso.

"Bill", disse ele. "O que é um BTK?"

***

Um ano depois, no Eagle, Laviana contou a Wenzl a história completa. A redação estava vazia, já era noite, e Laviana a narrou como se fosse uma história de assombração, explicando que o assassino não que apressava ao estrangular as pessoas,dava vazão a perversões sexuais. Há um arquivo antigo em uma gaveta aqui, disse Laviana. Lá tem uma cópia da primeira mensagem do BTK.

Ele gesticulou com a mão para a redação, uma sala com mais de uma centena de mesas.

"Se algum dia ele realmente aparecer, voce vai ver um monte de gente sair por aquela porta com blocos de anotações nas mãos. Porque é isso  o que vamos fazer para cobrir a história. Vai ser uma coisa grandiosa. Como o inicio da Segunda Guerra Mundial."

***

Paul Dotson, aquela altura já era capitão, assumiu o comando da Divisão de Crimes contra a pessoa em 1996,o que tornava o oficial superior de Landwehr. Uma das primeiras coisas que fez foi emitir uma diretiva ordenando que todos os tenente sobre seu comando teriam que servir em regime de revezamento, a intervalos determinados, para supervisionar investigações de homicidios. Landwehr não ficaria mais de sobreaviso 24 horas por dia, sete dias pior semana, para entrar em ação a cada caso de assassinato.

BTK MÁSCARA DA MALDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora