II

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Quando o sol surgiu no horizonte anunciando a manhã, os Akai, pássaros grandes de plumagem vermelha e asas azuis, emergiram das copas das milhares de árvores que haviam no reino e começaram a cantar. A doce canção da natureza.

Em questão de minutos, as ruas de pedra já estavam repletas de cabeças brancas se dirigindo ao porto, onde esperariam pelas naves. Os mais velhos caminhavam serenos, certos de que presenciariam mais um torneio glorioso; os mais novos se amontoavam no porto às pressas, ansiosos para irem até a arena onde um dia estariam; quanto aos participantes, todos estavam no templo de treinamento aguardando o transporte especial.

Exceto os príncipes.

Na torre mais alta do castelo, lá estavam eles, em seus quartos. A rainha estava ajudando Mellak a vestir uma linda armadura dourada com detalhes metálicos.

— Ficou ótima em você — ela comentou, após terminar de ajudar o filho.

— Vai haver muitas pessoas, não é?  — Mellak indagou.

— Bom, não é todo dia que os príncipes participam do Torneio Solar, então sim, haverá muitas pessoas. Talvez todo o reino.

— Mais pessoas para impressionar — Dakris estava sentado na beirada de sua cama, enfiando em seu pé uma bota metálica; sua armadura era totalmente tampada, exceto os braços musculosos, que estavam à mostra.

Ao notar Mazu sentado na cama, perdido em um silêncio ensurdecedor, enquanto observava a paisagem através da janela, Stellae aproximou-se e acariciou os fios brancos da cabeça do filho.

— Eu e seu pai iremos te esperar no camarote real — antes de sair, ela disse: — boa sorte, garotos. Vocês são meus orgulhos.

— Vamos, Mellak — Dakris se levantou, cheio de energia.

— Pode ir na frente, irei dar uma palavrinha com Mazu antes de partir.

— Boa sorte na platéia — Dakris falou ironicamente para Mazu quando deixou o quarto.

Como precaução, Mellak correu para fechar a porta ao se certificar de que Dakris partiu.

— Preparado?

— Nem um pouco! — Mazu exclamou.

— Vista a armadura que deixei para você em minha oficina. Vou me cobrir com um manto e que, pela glória de Lux, nossos pais não acabem notando algo estranho.

— Eu não sei… Melhor desistirmos.

— Não! — Mellak pousou suas mãos no ombro do irmão e o olhou cara-a-cara. — Você treinou muito para isto, não pode simplesmente jogar tudo para o alto!

— Como posso continuar com o plano sabendo que o seu sonho está em risco?!

— É isso que nos faz uma família, irmão — Mellak sorriu. — Agora vá vestir aquela armadura e não olhe para trás. Todos estão me esperando no templo, então não se atrase.

Mazu riu.

— Te vejo na arena.

STARBOY ✩ O Chamado | VOL. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora