V

119 20 24
                                    

Se afastaram da cidade industrial e partiram em direção ao outro lado do planeta onde os dois sóis de Twinor ainda não haviam amanhecido no horizonte. Estava completamente escuro, os únicos elementos visíveis eram as estrelas e as luzes brilhantes deixadas pelos raios abaixo dos gases do planeta gasoso.

Após minutos seguindo o trajeto indicado por Laval, a curvatura de Twinor revelou uma nova ilha flutuante, assim como aquela onde estiveram antes. Alpha aumentou a velocidade da nave e aproximou-se do local misterioso. Fábricas e prédios abandonados eram visíveis entre as nuvens de gás que cobriam todo o solo da ilha flutuante como um manto.

Alpha adentrou com a nave em meio aos edifícios abandonados e conseguiu vislumbrar aquelas antigas construções através da luz frontal que a Shadow-989 estava emitindo. As fábricas antes pertenciam a trabalhadores androides antes da revolução industrial em Autora. Os prédios de moradias eram onde os androides se resguardavam para recarregar suas energias.

Ao alcançar o meio daquela gigantesca ilha flutuante, se depararam com um ambiente completamente abandonado. Haviam prédios desabitados que projetavam sombras nas ruas desertas. Resquícios de natureza podiam ser vistos surgirem em rachaduras no asfalto; o verde, mesmo coberto pelas sombras dos edifícios ao redor, se sobressaiam timidamente.

A Shadow-989 ainda estava coberta por seu escudo invisível, sobrevoando silenciosamente acima de onde fora um grande centro comercial de Norgah. Enquanto prosseguiam, notavam o início de um rastro de destruição. Uma enorme fenda fora deixada aberta no meio da cidade abandonada. Alpha pousou a nave próximo do local. A rampa desceu até encostar no solo cimentado.

— O que aconteceu aqui? — Mazu indagou, enquanto descia pela rampa da nave ao lado de Alpha.

— O que quer que tenha acontecido aqui, foi encoberto do restante da galáxia — falou o agente.

— Você está certo — Laval desceu hesitante pela rampa; suas mãos estavam presas à algemas. — Encobri a situação da mídia de Aurora. Há alguns dias atrás, a grande obra do culto foi transportada para outro local. Esta foi a consequência — apontou para a gigantesca fenda que assemelhava-se com um buraco negro —, gastos e mais gastos. Tive que organizar uma retirada em massa de pessoas desta zona com a explicação de que uma fábrica explodiu após alguns problemas. Culpa do círculo da revolução, claro.

Faziam dias desde que Mazu chegara a Aurora, no entanto ainda se impressionava com o tamanho cinismo e crueldade dos outros seres diante daqueles mais fracos. Laval explicara a situação com normalidade, e isso assustava Mazu. Logo ele, um líder de uma das raças mais poderosas da galáxia, sendo frio e ambicioso, pensando apenas em si e em lucros, não em seu próprio povo.

— Culpou o círculo da revolução por tudo isso? — Alpha fitava aturdido o ambiente destruído.

— Não aja como se não conhecesse os modos como a elite de Aurora se safa de alguns… Pequenos probleminhas — falou ele.

— Pequeno problema? Isto — o estelar apontou para a cratera — custou vidas! Todos aqueles trabalhadores que você e Syella enviaram para cá estão mortos! Seres inocentes! Como pode não sentir nada?

— Quem mais está envolvido nisso? — Alpha perguntou, sério.

— Não faço a mínima ideia, meu caro. O culto age nas sombras, longe das autoridades; a cúpula da união não sabe deste projeto, nem mesmo tem conhecimento de minha parceria com o culto. Pelo menos é o que eu acho.

— Os trabalhadores — Alpha conteve a raiva em sua voz — estão mortos?

— Quando o grande projeto do culto terminou, todos foram mortos, é assim que o culto age. Nunca deixam vestígios. Nem menos sei para onde levaram a arma.

STARBOY ✩ O Chamado | VOL. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora